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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros

Compensa investir em títulos de renda fixa prefixada no Brasil?

Quem investiu R$ 56,5 mil no fim de 2000 no IRFM, teria hoje mais de R$ 1 milhão

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Diante do dilema que permeia o universo dos investimentos em renda fixa no Brasil, os investidores se veem numa encruzilhada: perseguir a segurança ou arriscar por retornos potencialmente mais altos? Em um país com uma economia caracterizada por volatilidade, tomar essa decisão se revela um verdadeiro desafio.

Quem investiu R$ 56,5 mil no fim de 2000 no IRFM, teria hoje mais de R$ 1 milhão. Michael M. Santiago/Getty Images/AFP (Photo by Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - Getty Images via AFP

Quando investimos em renda fixa, temos três alternativas de escolha para o indexador. Os títulos podem ser prefixados, referenciados ao IPCA, ou referenciados ao CDI ou Selic.

Ao considerar os títulos prefixados e os atrelados ao IPCA, é fundamental entender suas particularidades. Os prefixados oferecem a garantia de uma taxa fixa de retorno, proporcionando clareza quanto ao valor que será recebido no vencimento. Já os títulos vinculados ao IPCA buscam proteger o investimento contra a inflação, ajustando os retornos de acordo com suas variações, mas introduzindo uma variável de incerteza quanto à taxa de inflação futura.

Os títulos prefixados trazem consigo desafios específicos, sendo o principal a inflação e as alterações na taxa de juros. Uma escalada inflacionária acima do esperado pode erodir o retorno real do investimento, enquanto um aumento nas taxas de juros pode depreciar o valor de mercado do título, caso haja necessidade de venda antes do vencimento.

Portanto, de forma geral, sou mais favorável ao investimento em títulos referenciados ao IPCA que prefixados. Entretanto, será que podemos falar o mesmo quando a escolha é em relação aos produtos referenciados ao CDI?

A análise histórica entre o IRFM e o CDI revela dados significativos. Desde o fim do ano 2000, em um período de 23 anos, o IRFM superou o CDI em 17 desses anos. O IRFM é o índice de títulos públicos federais prefixados calculado pela Anbima.

Um investidor que tivesse aplicado R$ 56,5 mil no IRFM no final de 2000 teria acumulado R$ 1 milhão ao final de 2023. Por outro lado, se o mesmo montante tivesse sido investido no CDI, o valor seria de apenas R$ 753 mil. O gráfico abaixo ilustra a evolução deste investimento.

Evolução de um investimento de R$ 56,5 mil ao final de 2000 no CDI e no IRFM (índice de títulos prefixados da Anbima)
Evolução de um investimento de R$ 56,5 mil ao final de 2000 no CDI e no IRFM (índice de títulos prefixados da Anbima). - Michael Viriato

Esses números não apenas ilustram a vantagem de retorno dos títulos prefixados em grande parte do período analisado, mas também destacam o potencial de valorização acima das opções tradicionalmente consideradas mais seguras.

Afinal, o que é mais seguro para você: saber o quanto vai ganhar exatamente, ou a incerteza sobre o que vai ter de retorno ao investir no CDI?

Decididamente, os produtos de renda fixa prefixados não são um consenso.

A perspectiva de Luis Stuhlberger sobre os títulos prefixados é marcada por cautela. Em 2020 ele falou: "Prefiro ficar dias preso a ficar aplicado em títulos prefixados". Óbvio que a opinião de um gestor de fundos multimercados muda rápido e com frequência, de acordo com o cenário.

Entretanto, essa frase reflete a hesitação diante dos riscos associados aos prefixados em períodos de incerteza econômica. A preocupação é compreensível, considerando as variações econômicas que podem afetar negativamente os retornos fixos.

Optar por títulos prefixados é uma decisão que pode ser motivada pelo que é visto como um "prêmio" no retorno esperado, compensando os investidores pelo risco assumido de fixar capital em uma taxa que pode ser superada pela inflação ou pela taxa de juros no futuro.

Investir em títulos prefixados pode ser feito diretamente através do Tesouro Direto, em títulos de crédito privados como CDBs, LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e debêntures ou por meio de fundos de investimento que focam nessa modalidade. Essa escolha deve ser alinhada ao perfil de risco do investidor, suas expectativas econômicas e objetivos de longo prazo.

A escolha entre títulos prefixados, atrelados ao IPCA ou ao CDI demanda uma análise cuidadosa. Como abordamos, fica evidente a importância da confiança no cenário econômico e na própria estratégia de investimento para a preferência pelos prefixados.

Acredito que os títulos prefixados têm seu espaço nas carteiras de investimentos para alguns tipos de investidores, principalmente quando aproveitamos os prêmios existentes nos títulos de crédito privado.

Diante dos dados apresentados, como você posiciona seus investimentos? A segurança dos títulos atrelados à inflação fala mais alto, ou a possibilidade de um retorno superior com os prefixados? Considerando os riscos, qual parece mais atraente? A decisão envolve não apenas números, mas também uma reflexão profunda sobre expectativas econômicas e tolerância ao risco.

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Aproveito para chamar a atenção para o artigo dessa semana da coluna Comento seu Dinheiro. Nesta nova coluna, eu comento e esclareço os desafios financeiros dos leitores. Se você desejar, posso comentar sobre sua dúvida. Para enviar sua dúvida, escreva um e-mail para mim descrevendo o problema e colocando no título: Comente meu dinheiro. No e-mail, fale sua profissão, idade, conte um pouco de sua história e explique seu dilema com detalhes.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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