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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Entenda o que significa a volatilidade na sua carteira ou em um investimento

Entender o risco é o primeiro passo para investir de maneira inteligente e segura

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Se você já investiu em fundo multimercado, de ações ou algum produto de risco, já ouviu o termo volatilidade. Ele é frequentemente usado como uma medida de risco. Sabemos que quanto maior a volatilidade, maior é o risco. Entretanto, muitos têm dificuldade para relacionar o nível da volatilidade com o possível impacto no portfólio. Vou simplificar essa relação.

Entender o risco é o primeiro passo para investir de maneira inteligente e segura. REUTERS/Peter Nicholls/File Photo ORG XMIT: FW1 - REUTERS

Quando falamos de volatilidade nos investimentos, estamos nos referindo às oscilações nos preços dos ativos. Fazendo uma analogia, imagine que você está em um barco em alto mar. A volatilidade seria o tamanho das ondas que balançam seu barco. Algumas ondas são pequenas e quase não sentimos, enquanto outras são grandes e podem nos fazer sentir desconfortáveis ou até nos derrubar.

No mundo dos investimentos, essas "ondas" são as variações nos preços dos ativos: ações, moedas, commodities, entre outros. Assim, sabemos ondas grandes podem causar mais danos. Entretanto como medir o possível impacto de cada onda em nossa embarcação para podermos melhor escolher quão longe podemos adentrar no mar dos investimentos?

Para entender melhor o impacto da volatilidade no seu portfólio, podemos usar uma medida chamada Value at Risk (VaR), ou Valor em Risco. Ela é uma ferramenta amplamente utilizada por investidores institucionais.

O VaR é uma forma de dizer "com base no que sabemos até agora, aqui está o máximo que podemos esperar perder em um determinado período". É como se estivéssemos dizendo: "Considerando o tamanho das ondas (volatilidade), qual é o pior impacto que uma onda, ou seja, resultado podemos esperar com uma certa confiança?"

O VaR é uma maneira simples de calcular esse risco. Ele depende de três fatores principais: a volatilidade do investimento (quão grandes são as ondas) e a média dos retornos (a direção geral para onde o barco está indo) e de um multiplicador que está relacionado à confiança que você deseja ter no número.

Vamos falar primeiro sobre o multiplicador. A escolha do multiplicador está relacionada à confiança que se deseja que haverá menores ou maiores probabilidades de perdas piores que a identificada.

Por exemplo, se você deseja ter 95% de confiança no número, só haverá 5% de probabilidade de haver perdas piores que a calculada. Já para 90% de confiança, há 10% de probabilidade de ocorrerem perdas piores que a encontrada. Assim quanto mais conservador, maior o grau de confiança a ser usado.

A prática em investimentos é se utilizar um número de 95% de confiança.

Suponha que você tenha um investimento com uma média de retorno de 1% ao mês e uma volatilidade de 6% ao ano. Concorda que fica difícil dizer o que representa a volatilidade?

Primeiro, precisamos transformar esta volatilidade anual em uma medida mensal. Para isso, basta você dividir por raiz de 12. Assim, uma volatilidade de 6% ao ano, equivale a 1,7% ao mês (= 6%/(raiz(12)).

Usando o VaR, queremos saber: "Qual é o pior resultado que podemos esperar em um mês, com 95% de confiança?"

Para 95% de confiança, o valor do multiplicador é de aproximadamente 1,65. Para 90% de confiança, o multiplicador seria de 1,28.

A fórmula para o VaR é: VaR = retorno médio - multiplicador * Volatilidade

Portanto, aplicando os números do nosso exemplo: VaR = 1% - 1,65 * 1,7% = - 1,8%

Isso significa que, com 95% de confiança, o pior que podemos esperar de resultado em um mês qualquer é perder 1,8% do valor do nosso investimento. Vamos ver mais um exemplo para fixar.

Avaliando de forma anual e usando outro exemplo, imagine que você tem uma carteira com volatilidade de 3% ao ano e você tem um retorno médio próximo do CDI, ou seja de 11,15% ao ano.

Com 95% de confiança, seu pior resultado em um ano seria de 6,2% positivo (= 11,15% - 1,65 * 3%). Ou seja, com 95% de confiança, em um pior caso esperado, seu portfólio renderia apenas 56% do CDI.

Também é possível usar o VaR para entender a possibilidade de impacto positivo. Nesse caso, seria necessário somar o produto na fórmula em vez de subtrair.

Usando o mesmo exemplo anterior, com 95% de confiança, seu portfólio poderia render em um ano até 16,1% (= 11,15% + 1,65 * 3%), ou seja, 144% do CDI. Esse seria o melhor resultado esperado com 95% de confiança.

Entender o VaR é crucial porque nos dá uma visão clara do pior cenário possível (dentro de um certo nível de confiança).

Também pode nos ajudar a interpretar o lado positivo para entendermos qual ganho em excesso podemos ter e se estamos dispostos a enfrentar um determinado risco para poder obtê-lo.

Pelo exemplo utilizado, se você sabe que, no pior caso, pode ter um retorno de até 56% CDI em seu investimento em um ano, isso pode ajudá-lo a decidir se esse nível de risco é aceitável para você e seus objetivos financeiros.

Para investidores, essa é uma ferramenta valiosa. Ela permite avaliar o risco de forma mais concreta, ajudando a tomar decisões mais seguras sobre onde colocar seu dinheiro. Lembre-se, entender o risco é o primeiro passo para investir de maneira inteligente e segura.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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