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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Diversificar uma carteira de investimentos não significa apenas aplicar em produtos diferentes

Investidores confundem o ato de espalhar a carteira em produtos diferentes com diversificação e acabam com portfólios concentrados

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Frequentemente, recebo e-mail de leitores pedindo sugestões e críticas sobre suas carteiras e a diversificação destas. A distribuição informada dos portfólios nas mensagens reflete uma falha comum de investidores no entendimento do que é e de como implementar uma diversificação de portfólio. Muito se fala que a diversificação é algo importante, mas pouco se menciona como realizar e interpretar.

Investidores confundem o ato de espalhar a carteira em produtos diferentes e concentram o portfólio em vez de diversificar - Getty Images via AFP

Considere a seguinte carteira: 30% em CDB, 20% em Tesouro Direto, 20% em fundos de investimentos, 20% em previdência privada e 10% em internacional.

Em qual cenário abaixo você acredita que esta carteira tem melhor retorno?
a) Alta das taxas de juros;
b) Queda das taxas de juros;
c) Alta da Bolsa;
d) Alta do dólar;
e) Queda dos juros nos EUA.

Você acha que há uma boa diversificação nesta carteira?

Se você respondeu qualquer uma das alternativas, você deve ter feito uma inferência que não está descrita. Simplesmente, não é possível afirmar quando a carteira vai bem, nem quando ela vai mal, muito menos se ela está bem ou mal diversificada.

Esse é o erro mais comum dentre os que recebo por e-mail. Diversificar não significa dividir a carteira em produtos diferentes.

Existem CDBs referenciados ao IPCA, prefixados ou referenciados ao CDI. Existem fundos de renda fixa, de renda variável, multimercados e outros. Além disso, dentro destas divisões de fundos há outras subdivisões. O mesmo raciocínio vale para previdência privada, para o mercado internacional e para produtos estruturados.

Quando se investe, a decisão sobre o produto deve estar na maioria das vezes relacionada a aspectos como liquidez, prazo, benefícios fiscais, dentre outros.

Diversificar é distribuir em classes de ativos, em emissores distintos e em geografias diferentes. Emissores e geografias parecem algo natural para os indivíduos, mas o que são classes de ativos?

Uma classe de ativos de investimentos pode ser definida como uma categoria de investimentos que apresentam características financeiras similares e respondem de forma similar a determinados fatores macroeconômicos.

Por exemplo, título do Tesouro prefixado, CDBs prefixados, fundos de renda fixa prefixados e previdência privada de renda fixa prefixada podem ser todos reunidos na mesma classe de renda fixa prefixada. Esta classe de ativos tende a ter melhor desempenho quando as taxas de juros caem. Portanto, elas respondem de forma similar ao fator macroeconômico de juros e inflação.

A carteira no exemplo inicial poderia ser integralmente composta de produtos de renda fixa prefixada. Até mesmo a parcela internacional poderia ser em dívida em empresa brasileira no exterior sem exposição em dólar. Portanto, ela não teria quase qualquer diversificação a não ser imaginar que estaria dividida em emissores diferentes.

Quando refletir sobre a estrutura de sua carteira, tente dividir ela em caixinhas distintas que respondam de forma similar a fatores macroeconômicos.

Portanto, pense primeiro em classes de ativos, não em produtos. Um exemplo simples seria como o seguinte: renda fixa prefixada, referenciada ao IPCA, pós-fixada, renda fixa global, multimercados, dólar, ações Brasil, ações Globais, ações EUA e fundos imobiliários de tijolo.

Estas classes poderiam ainda passar por subdivisões, mas esta já é uma primeira divisão básica que pode te ajudar no entendimento de quais fatores devem beneficiar o portfólio. Também, ela poderá ser útil para que você entenda se distribuindo sua carteira em outras classes, estará elevando ou reduzindo o risco.

Lembre-se, a razão de diversificar é a de reduzir o risco. Quando você apenas divide em produtos, pode estar apenas espalhando, mas mantendo a concentração no mesmo fator de risco.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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