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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros copom

A marcação a mercado cobra um alto preço de investidores em renda fixa

Diferente da renda variável, na renda fixa, quedas de preços por alta de juros são recuperadas necessariamente no futuro

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Quando deparados com a escolha de como preferem acompanhar os preços de seus títulos de renda fixa, se a mercado ou se na taxa de aquisição, muitos investidores preferem a primeira forma. Afinal, todos temos curiosidade de saber o preço que outros estão pagando por algo que compramos. A escolha parece óbvia, até a experimentarmos. A volatilidade, ou seja, a oscilação dos preços de mercado tem uma árdua consequência. Ela corrói a confiança de investidores sobre sua decisão. Esse abalo de confiança leva muitos a mudarem a exposição por acharem que erraram no passado.

Diferente da renda variável, na renda fixa, quedas de preços por alta de juros são recuperadas necessariamente no futuro. Michael M. Santiago/Getty Images/AFP (Photo by Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - Getty Images via AFP

Existem duas formas de se contabilizar os preços de títulos de renda fixa nas carteiras dos investidores: a mercado ou na curva de aquisição. Infelizmente, essa possibilidade só existe para títulos. Os fundos de investimentos e previdências privadas são todas marcadas a mercado.

A maioria das instituições financeiras reajusta os preços dos títulos de renda fixa nas carteiras usando a precificação na curva de aquisição. Nesta metodologia, o preço de um título hoje equivale ao preço de ontem, corrigido pela taxa de juros contratada quando do investimento inicial.

Isso quer dizer que se você investiu em um título de renda fixa prefixado com rendimento de 10% ao ano, todo dia ele vai se valorizar de 0,038%. No final de um ano, terá rendido 10%.

Na precificação a mercado, o preço do título hoje está relacionado apenas ao valor resultante da demanda e oferta que ele teve hoje no mercado.

Embora no vencimento do título as duas formas de marcação terminem com o mesmo valor, isso não ocorre no período intermediário, ou seja, os preços de ambos não andam juntos antes do vencimento.

Na marcação na curva de aquisição, um título de renda fixa não terá rendimentos negativos em curtos períodos como um mês.

Já na marcação a mercado, um título de renda fixa pode apresentar resultados negativos por curtos períodos, por exemplo, 1 a 3 meses. Obviamente, esse resultado pior é necessariamente compensado por outros muito superiores, de forma que os dois títulos, marcado na curva e a mercado, tenham o mesmo preço no vencimento.

Essa característica leva a uma oportunidade. Os momentos em que você observa resultados muito ruins na renda fixa por causa de elevação de taxas de juros no mercado, costumam ser os melhores momentos para elevar a exposição nestes títulos. Muitos não entendem este efeito e acabam saindo quando deveriam entrar.

Essa oportunidade surge por uma característica simples de títulos de renda fixa prefixados ou referenciados ao IPCA. Ambos encerram com o preço igual ao seu valor nominal, não importando o tipo de marcação a mercado ou na curva.

Isso quer dizer que se um título de renda fixa, por causa da marcação a mercado, perdeu rentabilidade no curto prazo ou caiu de preço do que teria se marcado na curva, seu preço vai voltar com intensidade ainda mais forte no futuro para recuperar o espaço perdido. Portanto, o retorno futuro será ainda maior.

Nesse momento de volatilidade da renda fixa, muitos associam a oscilação de preços com a que ocorre em renda variável, como, ações. Por exemplo, uma ação pode cair de preço em um mês, continuar caindo nos 12 meses seguintes e nunca voltar ao preço inicial. Isso não ocorre na renda fixa. Portanto, não se pode fazer esta comparação.

Reforço, na renda fixa, se os preços caem por causa de elevação de juros de mercado, eles precisam subir mais forte nos períodos seguintes para recuperar este espaço perdido.

Este efeito de volta de preços da renda fixa é tanto mais rápido quanto mais curto for o título, pois menos tempo ele tem para recuperar o espaço perdido.

Com a alta dos juros que ocorreu nesta primeira metade do mês, hoje temos vários títulos que estão nesta situação, ou seja, seus preços devem subir mais rápido no futuro. O mesmo efeito ocorreu em fundos de investimentos e previdências privadas referenciadas ao IPCA e prefixadas, pois eles são marcados a mercado.

Portanto, cuidado ao avaliar títulos de renda fixa marcados a mercado, assim como fundos de investimento e previdências de renda fixa referenciadas ao IPCA e achar que tudo deu errado por causa da volatilidade deste mês. Essa não é a conclusão, mas apenas um efeito da volatilidade do mercado e uma oportunidade para elevar exposição.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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