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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic copom juros

Contratos de juros futuros sinalizam fim do ciclo de corte de juros neste ano

Incerteza sobre próximos passos do Copom abre espaço para dois cenários de investimento em renda fixa

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Embora o relatório Focus, divulgado nesta segunda (20) pelo Banco Central (BC), ainda indique que a média dos economistas espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduza os juros para 10% até o fim do ano, quem aposta de verdade sinaliza que o Copom fez seu último movimento na reunião do início deste mês de maio. Os contratos de juros futuros, chamados DI de 1 dia e negociados na B3, estão sendo negociados com uma taxa estável próxima de 10,4% ao ano pelos próximos 12 meses.

Roberto Campos Neto, presidente Banco Central. Rubens Cavallari/ Folhapress - Rubens Cavallari

Esses contratos de juros representam o CDI esperado de hoje até o vencimento do contrato. Eles são negociados em taxa. Por exemplo, o contrato que vence em janeiro de 2025 tem o código DI1F25 e representa a taxa anual do CDI acumulada de hoje até 01/01/2025. Ele encerrou o dia sendo negociado a 10,375% ao ano.

Atualmente, a taxa do CDI é de 10,4% ao ano. Como a taxa de juros nos contratos futuros até o fim do ano é praticamente a mesma do CDI atual, isso sinaliza que o mercado de juros aponta para manutenção da Selic.

Segundo apuração do jornal Valor Econômico, a previsão do relatório Focus também pode se alterar nas próximas semanas para se alinhar com estes contratos, pois quase todos os analistas ouvidos no encontro com a diretoria do BC nesta última segunda-feira (20/05) acreditam na manutenção da taxa básica.

Assim, se a Selic se mantiver estável nos próximos 12 meses e a inflação, medida pelo IPCA, for de 4% ao ano, o CDI deve render o equivalente a IPCA + 6,15% ao ano neste período.

A alta das taxas dos títulos referenciados ao IPCA do Tesouro nas últimas semanas incorporou este novo cenário e já são negociadas com uma taxa também ligeiramente superior a IPCA + 6% ao ano.

Há duas formas de enxergar este cenário.

Se você é otimista em relação ao cenário de inflação mais baixa e quedas de juros nos EUA, o cenário atual para investimento em renda fixa ficou ainda melhor. Dado que a maioria dos agentes de mercado desistiu das expectativas de queda de juros no curto prazo, ou seja, nos próximos 12 meses, a assimetria ficou ainda mais positiva para se apostar em alguma queda, pois o prêmio implícito nos juros subiu. Para esses, a melhor aposta são títulos prefixados e referenciados ao IPCA, já que esses precificam uma taxa de juros mais elevada.

Já para aqueles que acreditam que não haverá mais cortes na taxa Selic neste ano, não há muito o que fazer no mercado de renda fixa, pois o mercado já precificou esse cenário. Assim, pode-se manter a carteira concentrada em ativos referenciados ao CDI ou Selic. Para esses que não acreditam mais em cortes de juros, o cenário de recuperação do mercado de ações brasileiro também fica um pouco mais distante. Portanto, exposições a ações podem ser revisadas ou a expectativa de recuperação destas adiada para o próximo ano.

Não importa se você é otimista ou está alinhado com os preços de mercado, um ponto é fato: a incerteza sobre o cenário aumentou. E sempre que há mais incerteza, os agentes pedem mais prêmio. Portanto, há melhores oportunidades na renda fixa agora que no início do ano.

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Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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