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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros copom

Cadê meu 1% ao mês de retorno na renda fixa?

Entenda por que os retornos de 1% ao mês na renda fixa foram exceção e como os investidores devem ajustar suas expectativas

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Recentemente, tenho recebido perguntas como: não tem mais nada que dê mais de 1% ao mês na renda fixa com liquidez? Nos últimos anos, os investidores brasileiros presenciaram uma época de retornos elevados na renda fixa, especialmente entre maio de 2022 e outubro de 2023, quando o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) se manteve na maior parte do tempo acima de 1% ao mês por quase 18 meses consecutivos. Este cenário foi bastante favorável para aqueles que buscavam segurança, liquidez e bons retornos em seus investimentos, criando uma expectativa de que esses rendimentos se tornariam um padrão permanente.

Operador de mercado na New York Stock Exchange (NYSE). - Brendan McDermid/REUTERS

No entanto, essa percepção pode ser enganosa. Observando um período mais extenso, vemos que nos últimos 15 anos, o CDI superou a marca de 1% ao mês apenas em 37 dos 181 meses analisados, ou seja, em apenas 20% do tempo. A sensação de que se deve esperar 1% ao mês na renda fixa com liquidez e baixo risco ocorre, pois quase metade dos meses em que o CDI esteve acima de 1% ocorreram recentemente, entre 2022 e 2023. O gráfico abaixo retrata este período, apresentando o CDI mensal desde 2021. O outro período em que o CDI esteve elevado foi entre 2015 e 2017, quando as taxas de juros também estavam elevadas.

Ressalto que, com o CDI menor deste momento, não estamos vivendo um período atípico, mas, de fato, retomando a normalidade. É crucial entender que a situação atual difere daquele período excepcional quando o CDI esteve alto.

Com a inflação sob controle, o Banco Central do Brasil tem mantido a taxa Selic em níveis mais baixos e pode até reduzi-la ainda mais no futuro próximo. Atualmente, com a Selic e o CDI a 10,4% ao ano, o retorno mensal destes está próximo de 0,83%. A perspectiva é que esses retornos possam diminuir ainda mais, à medida que a política monetária continue a favorecer a estabilidade econômica.

Evolução do CDI mensal nos últimos 4 anos.
Evolução do CDI mensal nos últimos 4 anos. - Michael Viriato

Alcançar retornos de 1% ao mês ainda é possível, embora com um pouco mais de esforço em termos de prazo e análise de risco. Para obter 1% ao mês, o retorno de um produto deve ser superior a 122% do CDI atual. Também, lembro que 1% ao mês de retorno bruto de IR equivale a um retorno líquido de IR próximo de 0,85% ao mês. Portanto, ativos isentos de IR que rendem mais de 102% do CDI também equivalem ao antigo 1% ao mês bruto de IR.

Investidores que buscam esses retornos devem considerar alternativas como CDBs (Certificados de Depósito Bancário) com prazos superiores a 3 anos e títulos privados corporativos de longo prazo, como debêntures, CRIs e CRAs. Também há fundos de investimento de renda fixa de crédito privado que alcançam retornos superiores a 120% do CDI. Esses investimentos, geralmente, oferecem rentabilidades superiores aos títulos públicos e fundos ou CDBs de liquidez diária tradicionais, mas também envolvem maiores riscos ou prazos mais extensos, exigindo uma análise cuidadosa, uma maior disposição para lidar com incertezas e abdicação da liquidez diária.

Portanto, a expectativa de retornos de 1% ao mês na renda fixa deve ser ajustada à realidade atual do mercado. A era de altos retornos mensais com liquidez diária foi uma exceção, não a regra. A compreensão desse contexto é fundamental para que os investidores possam tomar decisões mais informadas e alinhadas com a realidade econômica, buscando alternativas que melhor se adequem aos seus objetivos e perfil de risco. A diversificação e a análise criteriosa dos produtos de investimento disponíveis continuam sendo as melhores estratégias para proteger e fazer crescer o patrimônio em qualquer cenário econômico.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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