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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Preocupado com a queda do S&P500 em agosto? Descubra a estatística que você precisa saber

Dois meses lideram a posição de meses com maior número de retornos negativos nas últimas três décadas

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Ainda nem chegamos ao meio do mês, e o índice S&P500, o mais acompanhado pelos investidores globais, já acumulou uma desvalorização de 3,2% em agosto. Se fechar o mês em queda, será o segundo mês de 2024 em que o mercado americano apresenta perdas. Com esse cenário, muitos investidores começam a se perguntar: estamos à beira de uma crise? Elaboramos uma análise estatística dos retornos do S&P500 nas últimas três décadas que pode sinalizar se você realmente deveria se preocupar.

Operador de mercado na New York Stock Exchange (NYSE). - SPENCER PLATT/Getty Images via AFP

Desde 1995, ou seja, em quase 29 anos, tivemos um total de 356 meses. Desse total, o S&P500 apresentou desvalorização em apenas 126 meses. Portanto, investidores que mantiveram seus recursos na Bolsa americana enfrentaram perdas em 35,4% dos meses. Se aplicarmos esse percentual aos 12 meses do ano, seria esperado observarmos quedas em cerca de 4 meses por ano. Se essa estatística fosse igualmente distribuída ao longo dos anos, poderíamos afirmar que, em 2024, os investidores ainda estão no lucro, já que, até o momento, o índice caiu apenas em abril e agora em agosto.

Nessas quase três décadas, o ano que registrou o maior número de meses negativos foi 2000. Naquele ano, o índice americano ficou no vermelho em 8 dos 12 meses. Contudo, apesar de ser o ano com maior quantidade de meses negativos, não foi o que apresentou o pior desempenho anual. O pior resultado ocorreu em 2008, quando o S&P500 despencou 38,5%.

Sem dúvida, enfrentar vários meses de perdas corrói a confiança do investidor, e, às vezes, pode ser mais difícil de suportar do que uma única queda mais expressiva.

No extremo oposto, 2017 foi o ano de maior destaque positivo, com apenas um mês de queda. E, naquele mês de abril de 2017, o índice recuou meros 0,04%. Curiosamente, mesmo sendo o ano com menos meses de desvalorização, não foi o que apresentou a maior valorização. Esse título pertence a 1995, quando o índice subiu 34,1% e sofreu desvalorização em apenas dois dos meses, sendo agosto, um deles.

Mapa de calor dos retornos mensais do S&P500, desde 1995. Em vermelho, os meses com retornos negativos e em verde os meses com retornos positivos.
Mapa de calor dos retornos mensais do S&P500, desde 1995. Em vermelho, os meses com retornos negativos e em verde os meses com retornos positivos. - Bloomberg

Outro ponto interessante nas oscilações do índice nestas três décadas é a sazonalidade entre os meses. Os meses de agosto e setembro são, historicamente, os meses mais desafiadores, com as piores estatísticas de desvalorização. Se considerarmos apenas os anos completos, entre 1995 e 2023, o índice caiu em 50% dos meses de agosto e setembro, a pior estatística entre todos os meses. Em contrapartida, novembro foi o mês mais favorável, com retornos negativos em apenas 21,4% dos anos.

Portanto, se você está preocupado com agosto, prepare-se: estatisticamente, setembro pode seguir a mesma tendência. A explicação que acadêmicos sugerem para essa sazonalidade negativa reside na menor liquidez durante o período de férias escolares no hemisfério norte que ocorre entre junho e agosto e o retorno dessas férias em setembro.

Nestes últimos 29 anos, apenas três meses apresentaram uma média de retorno mensal negativa, sendo agosto e setembro os mais desafiadores, seguidos por fevereiro. O gráfico de calor acima ilustra os retornos de cada mês desde 1995.

Ao investir na Bolsa, é sempre fundamental ter um horizonte de longo prazo, ou seja, de mais de cinco anos, pois isso reduz a probabilidade de perdas. Não é realista esperar resultados positivos todos os meses. Portanto, é prudente investir apenas recursos que possam ser mantidos por um longo período, evitando a necessidade de venda em momentos de queda.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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