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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Carta de Stuhlberger manda um alerta aos investidores e aos brasileiros

O renomado gestor revela suas preocupações com o Brasil e orienta os investidores a se prepararem para novos desafios

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Os mercados podem parecer otimistas, mas há uma voz experiente que soa um alerta de cautela. Para muitos, os últimos meses trouxeram uma onda de otimismo, com a Bolsa Brasileira registrando ganhos e o fluxo de capital estrangeiro aumentando. No entanto, por trás dessa euforia, esconde-se uma avaliação bem mais preocupante. Uma figura de destaque no mercado financeiro adotou uma postura que para alguns pode ser considerada como radical e sugere que os investidores fiquem atentos aos riscos que estão à espreita.

Gestor do fundo Verde Luis Stuhlberger.
Gestor do fundo Verde, Luis Stuhlberger. - Anna Carolina Negri/Valor/Agênc

Luiz Stuhlberger, gestor do fundo Verde e uma das maiores referências no mercado de investimentos, conhecido por sua visão estratégica e capacidade de antecipar cenários adversos, compartilhou recentemente sua visão de que o cenário atual não é tão promissor quanto muitos pensam. A credibilidade de Stuhlberger é inegável: sua trajetória de décadas no comando de um dos maiores hedge funds do Brasil fez com que ele ganhasse respeito tanto no mercado nacional quanto internacional. E, na sua última carta aos investidores divulgada hoje, ele revelou uma série de preocupações que todo investidor deve considerar.

Stuhlberger tomou a decisão de zerar sua exposição líquida à Bolsa Brasileira, aproveitando a recente alta do mercado. Desde 2016, ele não mantinha uma posição tão reduzida em ações brasileiras. Sua justificativa? A alta dos juros no Brasil, combinada com a crescente fragilidade fiscal, que pode afetar de maneira significativa o mercado de ações local. Além disso, ele apostou na desvalorização do real ao montar uma posição vendida em reais contra o dólar, acreditando que a moeda brasileira deve continuar perdendo valor em meio ao cenário econômico desafiador.

O gestor reforça na carta sua preocupação com a deterioração das políticas fiscais adotadas pelo governo brasileiro para justificar suas decisões. Ele menciona o uso de "subterfúgios e criatividade" para atingir metas fiscais, como a exclusão de despesas inesperadas do cálculo oficial de gastos e o uso de fontes não tradicionais de receitas, como valores esquecidos em contas bancárias. Essas práticas tornam as métricas de déficit fiscal primário menos confiáveis e contribuem para a preocupação crescente com a trajetória da dívida pública. Para Stuhlberger, essas manobras fiscais são outro sinal de alerta que os investidores não podem ignorar, pois alimentam a instabilidade econômica de longo prazo.

Como reflexo dos riscos fiscais citados acima, Stuhlberger acredita que, além da Selic, também os juros de longo prazo no Brasil devem subir. Com isso, ele se posicionou para ganhar com esta alta. Ele ainda assumiu uma pequena posição apostando na alta da inflação implícita entre os títulos prefixados e os referenciados ao IPCA, reforçando sua estratégia de proteção frente ao cenário incerto.

Enquanto muitos investidores brasileiros optam por títulos públicos indexados ao IPCA, Stuhlberger prefere títulos equivalentes emitidos pelo governo dos Estados Unidos, denominados em dólar. Essa escolha revela sua desconfiança em relação ao cenário doméstico, ao mesmo tempo em que busca uma proteção maior em ativos globais, que, em sua visão, apresentam uma relação risco-retorno mais favorável no momento.

No cenário internacional, Stuhlberger está mais otimista. Ele mantém uma exposição significativa às Bolsas globais, apostando no fortalecimento das economias desenvolvidas e nas oportunidades que esses mercados oferecem, especialmente quando comparados ao Brasil. A decisão de continuar exposto ao mercado internacional, ao mesmo tempo em que se protege das incertezas locais, reforça sua visão de que a cautela é a melhor estratégia para o investidor neste momento.

Para os investidores que ainda estão otimistas com o Brasil, a mensagem de Stuhlberger serve como um alerta: os riscos fiscais, a fragilidade econômica e a possível alta dos juros formam um cenário que exige atenção e preparo. Diversificar e se proteger contra os riscos que rondam o mercado brasileiro pode ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso em um futuro próximo.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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