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Luiza Pastor

Parque Nacional do Itatiaia vai perder estação meteorológica do Inmet

Para o instituto, o equipamento é mais útil em outro lugar porque a Unidade de Conservação é desabitada

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No último dia 26 de setembro, a direção do PNI (Parque Nacional do Itatiaia) recebeu um ofício do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, informando que a Estação Automática A635, que coleta as informações meteorológicas do local será retirada para atender a demanda de outro município fluminense, Paty de Alferes.

A decisão do Inmet, de vestir um santo desvestindo outro, confirmada pelo blog e, vale dizer, sem qualquer crítica à necessidade da comunidade de Paty de Alferes, mobilizou não apenas a administração do parque mais antigo do Brasil, como representantes da cadeia de turismo e montanhistas que se orientam por essas informações para organizar as trilhas e caminhadas, em especial pela parte alta do parque, a de trajeto mais complexo e que se beneficia do maior número de dados possível.

Pico das Agulhas Negras, no Parque Nacional do Itatiaia, com  2.791 m de altitude
Pico das Agulhas Negras, no Parque Nacional do Itatiaia, quinto pico mais alto do país, com 2.791 m de altitude - Diego Padgurschi - 22.mai.17/Folhapress

Prevista inicialmente para os dias 26 de setembro a 1 de outubro passado, a retirada do equipamento foi adiada mas, segundo confirma nota enviada pela assessoria do Inmet ao blog, vai ser mesmo efetuada em breve, por considerar que existe na área "quase totalmente desabitada, sem nenhuma representatividade para o município vizinho de Itatiaia", uma "sobreposição de estações na mesma localidade", e que há "demanda urgente da estrutura em outro importante município".

Em email ao Inmet, o chefe do PNI, Luiz Aragão, se manifestou surpreso e apontou ao Inmet que as tais estações que, em tese, se sobreporiam à do instituto federal, "estão lá graças a 'vaquinhas on line' de colaboradores, compradas e mantidas por pessoas físicas, amigas e parceiras do PNI e hoje emprestadas para uso do Parque". Por não pertencerem ao Inmet, esses equipamentos têm sua manutenção totalmente dependente da boa vontade de parceiros e colaboradores, precarizando a aferição de dados e transferindo informalmente a terceiros a responsabilidade pela captação de informações que são parte vital do patrimônio imaterial do país.

Luiz Aragão, chefe do Parque Nacional do Itatiaia
Luiz Aragão, chefe do Parque Nacional do Itatiaia - Divulgação

"Estamos pagando para uma antena que colocamos numa dessas estações a conexão com a internet cujo valor foi de R$ 800, e só arrecadamos até o momento R$ 595", exemplifica Aragão na mensagem ao Inmet. E ele alerta para o fato de que as estações "emprestadas" exigem sinal de internet, representando um problema em uma área meteorologicamente instável e que, frequentemente, impede a comunicação. "A estação do Inmet sempre está 'no ar', ao passo que as outras ficam dependendo de conexão", explica.

Embora seja de esperar que uma Unidade de Conservação desse porte seja mesmo desabitada, Aragão aponta que os dados obtidos pela estação oficial são usados não só para a orientação dos 150 mil visitantes que vão ao PNI anualmente, como para estudos climatológicos, pesquisas ligadas a fauna, flora, microbiologia etc. O equipamento do Inmet está localizado justamente no ponto mais alto do parque, "uma localização única em nosso continente", permitindo uma medição excepcional de informações que não estão disponíveis em outras localidades.

"Somos a Unidade de Conservação há anos em primeiro lugar no ranking de pesquisas realizadas e em desenvolvimento no Brasil", ressalta. A medição cruzada dos dados das diferentes estações instaladas, acrescenta Aragão, não apenas registra as baixas temperaturas que atraem os turistas, como, ao monitorar as chuvas da região "ajudam a entender e prevenir as temidas 'cabeças d'água', que começam justamente ali, na parte alta do PNI e descem pelo rio Campo Belo atingindo não só a parte baixa, como os municípios de Itatiaia e Resende, no estado do Rio, como Bocaina e Itamonte, em Minas Gerais".

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