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Luiza Pastor

Rolê Carioca celebra mês do Orgulho LGBTQIAP+

Caminhada gratuita pelo centro do Rio de Janeiro mostrará pontos de destaque na história da diversidade na cidade

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No próximo sábado (24), será realizado, no centro do Rio de Janeiro, o Rolê Carioca, caminhada que percorre pontos importantes da história da cidade, e que desde 2012 reúne centenas de participantes a cada edição. Desta vez, o tema escolhido homenageia o mês do Orgulho LGBTQIAP+ e percorrerá lugares importantes que marcaram a luta por direitos e pela conscientização social dessa comunidade.

Beatriz Novellino, do Rolê Carioca, na praça Tiradentes, ponto de partida da caminhada pelo centro histórico do Rio de Janeiro
Beatriz Novellino, do Rolê Carioca, na praça Tiradentes, ponto de partida da caminhada pelo centro histórico do Rio de Janeiro - Divulgação

Entre os pontos que serão visitados, em um percurso de quatro quilômetros que sairá da praça Tiradentes às 10h, estarão incluídos os teatros João Caetano, mais antigo do Rio a abrigar eventos para esse público, como o Baile dos Enxutos, ainda na década de 1940, e o antigo hotel São José, hoje operando com a bandeira da rede Ibis, ponto de encontro de eventos noturnos que fizeram história, como a Gayfieira. Depois de um incêndio, em 1931, foi criada nesse local a Casa de Caboclo, onde se apresentaria por primeira vez Madame Satã, transformista negro que se tornaria figura emblemática da vida boêmia e marginalizada da antiga Lapa.

O ator Lázaro Ramos em cena de "Madame Satã", primeiro longa do diretor cearense Karim Aïnouz, que conta a história do contraventor João Francisco dos Santos, o Madame Satã, figura mítica do submundo carioca - Divulgação

Ao longo de pouco mais de duas horas, também serão visitados os cabarés da Jacke, onde funcionou a boate Sinônimo, point da comunidade, e o Casanova, aberto em 1937 com o nome de Viena Budapeste, e um dos espaços mais antigos da Lapa, onde se formaria o grupo Dzi Croquettes. Não faltarão a escadaria da Câmara dos Vereadores, onde nasceu o movimento Ocupa Sapatão, em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, e em defesa dos direitos das pessoas LGBTQIAP+.

Para apimentar um pouco o passeio, foi incluído o Cine Rex, tradicional sala de exibição de filmes pornográficos e de pegação entre homens. E, ao final, haverá uma apresentação surpresa de coletivos especialmente convidados para o evento.

O roteiro foi desenvolvido em parceria com o pesquisador, jornalista e roteirista Guilherme Macedo, que buscou trazer um olhar crítico à história dos grupos invisibilizados pela estrutura cis heteronormativa desde o período colonial: "É muito importante que a população do Rio de Janeiro possa compreender que sua história está profundamente entrelaçada às vivências e ocupações da comunidade LGBTQIAP+. E é igualmente importante que essa comunidade se sinta pertencente aos espaços que ela ocupa no presente e também aos que ela já ocupou no passado", define ele.

História e celebração

O projeto do Rolê Carioca, que surgiu a partir da ideia de uma instalação artística do estúdio M'Baraká, inicialmente foi pensado para ser uma grande aula pública sobre as instalações urbanas. Beatriz Novellino, porta-voz da organização, explica que a iniciativa deu tão certo que começou a atrair cada vez mais gente. "São pessoas que têm vontade de conhecer mais a cidade em que elas vivem, o bairro que elas frequentam, pelo qual às vezes passam correndo, mas que nos mostraram que é possível transformar a relação delas com a cidade a partir das histórias que a gente conta e que mostram que a cidade é um documento vivo", afirma.

O grupo, que tem mais de 50 mil seguidores nas redes sociais, é parte de um projeto cultural que pesquisa, cataloga e difunde conteúdo sobre o patrimônio histórico e cultural do Rio de Janeiro, e está organizando um acervo multiplataforma que inclui passeios guiados por mais de 650 roteiros, banco de dados com mais de 500 pontos mapeados, vídeos, jogos, aplicativos e, claro, os passeios. A adesão é sempre gratuita e, segundo Novellino, "reúnem desde famílias com crianças até pessoas de mais idade, que querem conhecer a própria cidade, ou que não são do Rio, estudantes, enfim, é um projeto múltiplo e que abraça todos os públicos".

Por sua amplitude, o projeto foi um dos vencedores de 2019 do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional) a iniciativas de preservação e difusão do patrimônio histórico e cultural.

Sobre as performances ao final do percurso, Novellino destaca que a intenção é "mostrar um pouco da cultura de celebração, com um olhar que chamamos de decolonial, porque a festa é celebração, também faz parte da resistência, porque a gente precisa ter alegria e momentos de diversão para celebrar quem a gente é, onde está e o que queremos colocar para a cidade para transformar nossa cidade".

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