Entretempos

Curadoria de obras e exposições daqui e dali, ensaios entre arte, literatura e afins

Entretempos - Cassiana Der Haroutiounian
Cassiana Der Haroutiounian

Quando o rio encontra o mar - Ensaio Palavra-Imagem

com Arlette Kalaigian e Louise Bourgeois

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Quando o rio encontra o mar, de Arlette Kalaigian, exclusivo entretempos
Quando o rio encontra o mar, de Arlette Kalaigian, exclusivo entretempos - paulo pereira_teiadocumenta

"Quando o rio encontra o mar" é o Ensaio deste domingo, com as obras de Arlette Kalaigian e as palavras de Louise Bourgeois. Perguntei a artista quais palavras representavam seu trabalho no sentido mais amplo e sem nenhuma hesitação me respondeu: "Como ser um artista segundo Louise Bourgeois". Claro que eu adorei. Sua primeira individual fica em cartaz até dia 17/12 na Casa Contemporânea, com curadoria de Rejane Cintrão. As imagens internas e externas do corpo são o tema-eixo central de suas investigações em pinturas, esculturas, instalações e desenhos. Partindo de livros de anatomia e imagens observadas na natureza desenvolve um corpo de trabalho em texturas, cores e formas, na intenção de abordar as questões acerca da natureza humana, retratando os corpos que habitamos e as relações vivenciadas na contemporaneidade. Bourgeois foi uma das artistas mais emblemáticas da história da arte de grande parte do século XX e começo do XI. Quebrou a barreira, até então existente no plano da teoria, entre a vida e a arte. Ela usou suas emoções como matéria-prima da sua obra, percorrendo temas como a sexualidade e a memória.

Quando o rio encontra o mar, de Arlette Kalaigian, exclusivo entretempos
Quando o rio encontra o mar, de Arlette Kalaigian, exclusivo entretempos - paulo pereira_teiadocumenta

1.Faça arte sobre sua vida

Nas numerosas entrevistas, ensaios e anotações no diário que formam o registro de sua abordagem artística, Bourgeois afirmava que sua arte e a vida eram uma só coisa. "Arte não é sobre arte. É sobre a vida, e isso resume tudo ", declarou ela. Sua arte era um exorcismo diário de suas experiências, traumas e agitações internas.

2. Encontre inspiração em toda a natureza, incluindo aranhas e vermes

O amor de Louise Bourgeois por toda a natureza teve origem em sua infância. Ela cresceu em um jardim perto de árvores cercada por flores, plantas comestíveis e uma variedade de animais.

A fauna e flora tornaram-se um dos temas basilares de seu trabalho, junto da família e emoções. "As metáforas na natureza são muito fortes … a natureza é um modo de comunicação", disse ela certa vez.

A artista tem uma relação especial com as Aranhas. "Eu vejo a aranha como a salvadora", explicou ela. "Ela nos salva de mosquitos…". Louise via as aranhas como protetoras, inteligentes e inventivas, qualidades que ela amava em sua mãe.

As aranhas apareceram em seus desenhos e gravuras no início da década de 1940 e, na década de 1990, tornaram-se frequentes em todo o seu trabalho – inclusive como esculturas gigantes.

3.Revise os mesmos temas repetidas vezes (e também continue experimentando)

Como as aranhas que ela tanto admirava, Bourgeois teceu uma teia de significados pessoais com o uso repetido de imagens, formas abstratas e cores.

"A repetição de uma imagem e de outra imagem … significa que o que você não pode dizer em palavras, você tenta colocar em termos visuais ", refletiu certa vez. "Você tem que repetir e repetir; caso contrário, as pessoas não entenderão do que você está falando".

O uso da repetição também reflete a intensidade com que seu passado influenciou sua vida adulta, além de sua necessidade de se curar revisitando traumas específicos e duradouros da infância.

4. Nunca pare de fazer arte

Na década de 1990, quando estava em seus oitenta, Louise estreou novos trabalhos, entre eles apaixonante esculturas de aranhas e grandes instalações que ela chamou de "células".

Quando sua visão começou a falhar aos noventa anos, em vez de desistir da gravura, ela aperfeiçoou sua produção aumentando o tamanho das placas para que ela pudesse vê-las melhor; além disso, se concentrou em gravuras com materiais macios, uma técnica mais fácil para as mãos.

As muitas impressões que ela produziu nos últimos quatro anos de sua vida mostram uma artista determinada e incansável. Sua arte a mantinha em movimento; e a morte foi a única coisa que a impediu de continuar.

Quando o rio encontra o mar, de Arlette Kalaigian, exclusivo entretempos
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Quando o rio encontra o mar, de Arlette Kalaigian, exclusivo entretempos - arlette kalaigian
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Casa Contemporânea: R. Cap. Macedo, 370 - Vila Clementino, São Paulo - SP, 04021-020

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