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Descrição de chapéu Governo Lula

A Igreja não tem projeto de poder, diz Estevam Hernandes

Líder da Igreja Renascer fala sobre evento que atrai políticos de todos os lados

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São Paulo

São Paulo recebe nesta quinta-feira a 32ª edição da Marcha para Jesus. A relevância do evento sempre atraiu políticos, que tentam carimbar sua imagem junto ao povo cristão. Não deve ser diferente esse ano.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) já confirmaram a presença. Vale lembrar que a Marcha para Jesus foi oficialmente incorporada ao calendário em 2009, no segundo mandato de Lula (PT). O presidente também recebeu o convite, mas não confirmou a ida.

Foto do alto mostra uma multidão em frente a um palco. ao fundo, diversos prédios.
Na Marcha para Jesus de 2023, cristãos acompanham shows ao lado do aeroporto Campo de Marte (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress) - Folhapress

Figura presente em muitas edições do evento, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está longe de ser unanimidade entre os evangélicos. Uma pesquisa Datafolha realizada antes do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, Bolsonaro era a opção de 49% dos evangélicos, mas Lula respondia por 32% das intenções de voto.

"A igreja não tem partido, a igreja é apartidária. Há alguns líderes que acabam misturando esse aspecto", diz o apóstolo Estevam Hernandes, presidente do evento no Brasil e líder da Igreja Renascer, ao ser questionado sobre ser conhecido como um líder bolsonarista.

"Sou partidário das ideias e também das convicções e pautas que o Bolsonaro sempre defendeu", referindo-se aos temas mais conservadores defendidos pelo político. "Eu acho que é muito diferente do conceito de segui-lo cegamente", completa.

Durante o governo Bolsonaro, diversos cultos foram realizados por evangélicos no Palácio. "Nesse novo governo não houve isso até agora, e claro que mais por falta de iniciativa do próprio governo, do que disposição das pessoas em irem orar", pontua.

Apesar de o Estado ser laico, Hernandes defende a atuação das igrejas junto aos governos. "Embora a gente não tenha todos os dados oficiais, nós representamos 40% da população. A Igreja não tem projeto de poder, mas ocupar esses espaços [na política] é fundamental para que a gente possa defender nossos valores".

Diversas pessoas estão com as mãos erguidas, orando
Para Estevam Hernandes, a Marcha pra Jesus limpa o ambiente espiritual da cidade - Folhapress

O tema da Marcha este ano é "Dupla Honra", uma referência ao texto bíblico de Isaías 61 e a expectativa dos organizadores é atrair cerca de dois milhões de pessoas.

Estarão reunidos membros de igrejas pentecostais, mais tradicionais, neopentecostais e católicos. "Não tem barreiras e divisões, não tem igreja A, B ou C, mas todos são unânimes em marchar ali por Cristo", afirma Hernandes.

"A Marcha causa um avivamento no sentido das pessoas despertarem para Deus. Ela limpa espiritualmente o ambiente da cidade", diz.

FUTURO

Muitos líderes cristãos entendem que seu trabalho precisa ter continuidade nas próximas gerações. E Tid Hernandes era essa pessoa para Estevam. Porém seu filho morreu em 2016, após sete anos em coma no hospital, após complicações em um procedimento cirúrgico. "Desde os nove anos de idade eu já o preparava para ser o sucessor", lembra emocionado.

Apesar da dor, que diz entender e aceitar, recebeu o que chama de "compensação de Deus": seus filhos Fernanda e Gabriel e os netos estão comprometidos com a obra. Tetê, filho de Tid, apresenta um programa de clipe gospel, e Deivão, filho da bispa Fê, já está pregando.

Tid também dá nome a um centro assistencial em Heliópolis, que oferece cursos, reforço, atividades esportivas, aulas de música e de idiomas, além de apoio psicológico. "Meu filho deixou esse legado [de amor e serviço]".

Estevam tatuou o rosto do filho em seu braço. Controverso para alguns religiosos, o ato não foi o primeiro a dividir a opinião entre os crentes.

A Renascer foi pioneira em trazer o rock e o samba para dentro da igreja. "Usamos a música como instrumento de comunicação. A gente saiu daquele evangelho da opressão para o evangelho da liberdade", afirma.

ARREPENDIMENTO

Sobre o passado, Hernandes diz que se arrepende de ter confiado cegamente em algumas pessoas, que segundo ele "têm o prazer de fazer o mal". Em 2007 ele e sua esposa, Sonia Hernandes, foram detidos ao entrar nos Estados Unidos, pelo aeroporto de Miami, com US$ 56,4 mil não declarados. Porém em 2012 foram absolvidos pelo Supremo Tribunal Federal da acusação de lavagem de dinheiro.

"Foi um tempo difícil, foi bastante complicado e eu tenho as marcas daquilo, mas tenho total tranquilidade em relação a esse assunto, porque quem me justifica é o Senhor".

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