Frederico Vasconcelos

Interesse Público

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Descrição de chapéu Folhajus

Conjur vê retaliação de 'lavajatistas' na crítica a caravanas

Organizador de evento na Europa confunde interesse público com negócios privados

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O diretor da revista Consultor Jurídico, Márcio Chaer, publicou, no dia 30 de maio, artigo sob o título "Órfãos da Lava Jato recompõem força tarefa clandestina".

"O mote atual da força tarefa clandestina é criminalizar a aproximação dos juízes brasileiros com colegas e autoridades internacionais em encontros promovidos na Europa", afirma.

Dias antes, revelei no blog que Chaer havia organizado evento privado em luxuoso hotel às margens do Lago Maggiore, em Milão, no qual "um grupo de ministros do STJ fez palestras e turismo".

Chaer afirmou:

"Expert na arte de acusar sem acusar, o jornalista Frederico Vasconcelos escreveu esta semana um texto que tenta imputar promiscuidade a esses eventos. Logo ele que, como admite deve ter participado de "mais de cem palestras" para grupos de interesse na sua agenda — "sem cobrar honorários", o que não é verdade, em ao menos um caso. Convidado por este site, Frederico falou para uma plateia de advogados interessados em saber como fazer para aparecer bem na imprensa."

Perguntei, dias depois, se Chaer poderia enviar comprovante dos honorários que eu teria recebido. Não enviou. Não houve pagamento. "Você há de lembrar que outros palestrantes foram remunerados porque as inscrições foram pagas", insistiu.

Afirmei a Chaer que devo ter proferido mais de cem palestras e participado de debates e aulas para jovens jornalistas, advogados, novos membros da magistratura e do Ministério Público sem cobrar honorários. Opção pessoal, pois não vejo irregularidade no recebimento de honorários pelos profissionais.

Críticas a caravanas de juízes em eventos no Exterior
Charge publicada no site do Consultor Jurídico em artigo sob o título: "Órfãos da Lava Jato' recompõem força tarefa clandestina" - Conjur/Reprodução

Chaer diz que "os jornalistas engajados na ressurreição das práticas judiciais corruptas da 'lava jato’ enxergaram nos congressos e fóruns um espaço de retaliação contra os julgadores que atrapalharam seus negócios".

Em 21 de julho de 2019, o jornalista Janio de Freitas escreveu na Folha:

"Violações das normas por Moro e Deltan Dallagnol foram levadas às dezenas aos tribunais de guarda da legislação. O sempre admirável repórter Frederico Vasconcelos mostrou agora, na Folha, que representações contra atitudes transgressoras de Moro estão há dois anos e mais no Conselho Nacional de Justiça. Dormem o sono dos moradores de rua".

O debate citado por Chaer não teve o objetivo de orientar advogados interessados em saber como "aparecer bem na imprensa".

A propósito, em 2007 refutei, em artigo na Folha, a tentativa de advogados de desqualificar reportagem que fiz sobre críticas de procuradores da República ao ministro Gilmar Mendes, do STF, e como Chaer atuou nesse episódio.

Escrevi: "A reportagem não discutiu o mérito da acusação nem o perfil do procurador que questionou 451 contratos firmados, sem licitação, entre a Advocacia Geral da União, quando Gilmar era o titular do órgão, e o Instituto Brasiliense de Direito Público, do qual é citado como sócio cotista, permitindo que subordinados da AGU frequentassem cursos naquela empresa privada à custa do erário".

Escrevi ainda: "Este repórter conversou longamente, por telefone, com Gilmar Mendes. Ouviu o magistrado com respeito e foi tratado com urbanidade. Respeitou o silêncio solicitado, não publicou os comentários nem as acusações que ouviu, algumas ofensivas à honra de procuradores. No dia seguinte, o jornalista Márcio Chaer, misto de "ghost-writer" e assessor de juízes, além de editor de um site jurídico, procurou este repórter e tentou obter um relato da conversa. Não conseguiu."

O ministro e o assessor não contestaram.

Dois anos antes, Chaer escreveu em sua revista uma resenha de livro de minha autoria. Reproduzo alguns trechos:

"Em 2005, estima-se que a chamada ‘comunidade jurídica’ será destinatária de dois mil novos títulos, cujas tiragens somadas devem chegar a 9 milhões de livros. Dificilmente haverá obra tão importante quanto "Juízes no Banco dos Réus", do jornalista Frederico Vasconcelos.

(...)

"O autor exibe modéstia, discrição e cautela raras no jornalismo. Vê-se que ele tinha muito mais informações do que usou. Poderia ter ido mais longe do que foi".

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