Manifestações de repúdio e clamores por justiça tomaram as redes sociais nesta segunda-feira (31), com a repercussão da morte do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, 24, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Segundo a família, o jovem teria sido espancado na segunda-feira passada (24), após pedir salários atrasados no quiosque em que trabalhava.
Sob a hashtag #JusticaPorMoïse, que esteve entre os assuntos mais comentados do Twitter, perfis de usuários e de organizações sociais demonstraram revolta e cobraram punições pela tragédia, que tem sido considerada mais uma demonstração do racismo e da xenofobia presentes no Brasil.
"Passa dia, passa ano e continuamos a assistir o genocídio da população negra no Brasil", escreveu o perfil @victoria_alcant. "Ser refugiado, imigrante, nesse país chamado Brasil é estar em constante medo, pois além de ser invisível em vida, você é invisível na morte", publicou @nahrivelli.
A Anistia Internacional, através do seu perfil, afirma que o sonho de Moïse e de sua família de viver uma vida digna no Brasil foi "covardemente interrompido" e que "seu assassinato não pode ficar impune!".
Um discurso emocionado de um dos familiares de Kabamgabe, em entrevista ao SBT, viralizou e se tornou símbolo da comoção nas redes. "Fugimos da África para sermos acolhidos no Brasil. O Brasil é uma mãe, uma segunda casa, e como que vai matar um irmão trabalhando? Justiça tem que ser feita!", diz o homem aos prantos e vestindo uma camisa com a foto de Kabagambe.
A comunidade congolesa no Brasil divulgou uma carta de repúdio em que afirma que o jovem foi espancado por cinco pessoas, entre elas o gerente do quiosque, com um taco de beisebol. A Polícia Civil, por sua vez, afirma que analisou câmeras de segurança para apurar o crime e identificar os responsáveis.
Usuários fizeram posts cobrando providências ao governo do Rio de Janeiro e ao prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes: "@eduardopaes o que será feito a respeito do caso? É um absurdo os racistas e assassinos que fizeram isso saiam impune", indaga o perfil @jhopemusi.
A Folha entrou em contato com o quiosque Tropicália, onde Moïse trabalhava, mas ainda não obteve retorno. Amigos e familiares do jovem fizeram um protesto em frente ao local no sábado (29), segurando cartazes pedindo justiça e dizendo que a comunidade congolesa no Brasil não vai se calar. Alguns usuários compartilharam fotos do quiosque nas redes, inclusive contendo ameaças de depredação.
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