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Assistentes virtuais buscam educar contra a violência de gênero

Google lança campanha #NãoFaleAssimComigo para responder a ofensas

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São Paulo

Até mesmo assistentes virtuais sofrem assédio no Brasil. São os casos da Bia, do Bradesco, da Lu, do Magalu e, recentemente, da assistente de voz do Google, aquela que você aciona dizendo "Ok Google…".

De acordo com a gigante de tecnologia, o Brasil é o 3º maior mercado mundial a utilizar o assistente de voz. E o número de usuários cresceu durante a pandemia. Com mais pessoas passando mais tempo isoladas em casa, é bom ter com quem conversar, pedir por lembretes, listas ou programar uma chamada de vídeo com familiares.

Mas, de acordo com um estudo conduzido pela empresa, 2% das interações de personalidade, ou seja, perguntas ou comandos de caráter pessoal, são de caráter abusivo. Isso significa que os usuários estão acionando o recurso para proferir ofensas ou assediar sexualmente a voz.

Para combater esse tipo de comportamento, o assistente de voz adota uma postura firme e impõe limites contra a misoginia e homofobia. Em alguns casos, busca educar com bom humor, mostrando porque perguntar para a assistente virtual se ela usa calcinha, por exemplo, é algo errado. Em experimento feito nos Estados Unidos, 6% das interações seguintes buscaram aprofundar a conversa.

"Entendemos que o Google Assistente pode assumir um papel educativo e de responsabilidade social, mostrando às pessoas que condutas abusivas não podem ser toleradas em nenhum ambiente, incluindo o virtual", afirma Maia Mau, chefe de marketing do Google Assistente para a América Latina.

O anúncio da nova função foi feito em meio a campanha #NãoFaleAssimComigo e já está disponível em todos os "Ok Google…" do Brasil.

É algo parecido com o que fez a Bia, do Bradesco, com a campanha #AliadosPeloRespeito, e a Lu, do Magalu, que se posicionou nas redes sociais sobre os comentários desrespeitosos que vinha recebendo em publicações.

Em 2019 a UNESCO lançou o relatório do estudo "I’d blush if I could" —"Eu coraria se pudesse" em português—, apontando como vozes femininas de assistentes virtuais corroboram com uma cultura misógina que coloca mulheres em posição de inferioridade e submissão.

Em novembro de 2021, o Google lançou a "voz laranja" para assistentes virtuais. Ela soa mais masculina do que a voz tradicional, que ganhou o nome de "voz vermelha". No estudo, foram identificados duas vezes mais comportamentos abusivos em relação à aparência da voz vermelha do que da voz laranja. Em compensação, a voz laranja recebeu mais comentários homofóbicos do que a vermelha.

Esse comportamento não surpreende quando olhamos para os dados de violência do Brasil. As palavras podem não machucar um assistente virtual, mas revelam um comportamento naturalizado em relação ao tratamento dispensado a mulheres e pessoas LGBTQIA+.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2021, em média, uma mulher foi vítima de feminicídio a cada 7 horas no Brasil. No mesmo ano, houve média de um estupro a cada 10 minutos. O país também é o que mais mata a população LGBTQIA+: uma morte a cada 29 horas, de acordo com levantamento feito pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).

FILE -- From left, the Apple Homepod, Google Home and Amazon Alexa, Feb. 5, 2019. A Unesco report criticized the way that virtual assistants like Apple?s Siri and Amazon?s Alexa system have female names, voices and a submissive or even flirtatious style, and urged tech companies and governments to stop making them female by default. (Jason Henry/The New York Times)
Apple Home, Google Home e Alexa, assistentes de voz. - Jason Henry/The New York Times

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