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Descrição de chapéu tiktok União Europeia

TikToker portuguesa viraliza com técnica para evitar preços altos no Brasil

Truque consiste em imitar sotaque carioca em poucas palavras

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São Paulo

A portuguesa Layla Zamorano, 25, viralizou na semana passada ao publicar uma técnica de sobrevivência que desenvolveu no Rio de Janeiro. Com a dica, ela evita que os preços sejam inflacionados quando vendedores percebem seu sotaque estrangeiro. Após o sucesso, no entanto, a influenciadora teme que o método tenha perdido a eficácia.

"O truque é fazer o meu sotaque brasileiro, que é péssimo, mas dizer só uma palavra. Eu não posso dizer mais do que duas palavras numa frase, porque senão eu vou ser descoberta", explica a lisboeta no vídeo. Ela exemplifica sua conduta em um diálogo que se resume em: "oi", "quanto é", "caro!" e "ih". Isso tudo sem deixar de lado algumas caretas. "Cada um tem que sobreviver com as armas que tem", afirma.

Até então, estava sendo um método infalível, mas o vídeo já tem mais de 450 mil visualizações e foi compartilhado em páginas de memes, como a Melted Videos, e até comentado pelo ator Alexandre Nero, de quem Layla é fã. "Agora eu fui desmascarada, então eu estou com medo de sair e tudo ser mais caro para mim", diz a portuguesa em entrevista ao #Hashtag.

Layla é filha de um casal brasileiro que se mudou para Lisboa quando tinha cerca de 20 anos. Com a idade próxima, ela resolveu fazer a experiência inversa e, após passar um mês com a família no Rio de Janeiro de férias, resolveu ficar sem data definida para voltar. "Como já tinha muita influência lá em casa e Portugal tem uma relação muito querida com o Brasil, já que nós consumimos muito conteúdo daqui, eu pensei: "Bem, gostaria muito de ir para o país da minha mãe e conhecer mais um pouco da cultura que deu origem a toda a minha educação’."

A produção de conteúdo para a internet começou há cerca de um ano e meio, no que a lisboeta definia como uma espécie de diário. Só que ela mostrava suas desventuras apenas no continente europeu. "Majoritariamente são coisas assim, menos positivas, que acabam por dar uns plots mais engraçados, mas eu partilho o bom e o mal, partilho tudo."

Agora, boa parte do conteúdo é sobre as diferenças culturais entre os dois países e a empolgação da influenciadora com a nova fase. "Eu sei que existe muita produção de conteúdo de pessoas que vão do Brasil para Portugal, mas não existe tanto o contrário."

Nos vídeos, ela prova comidas, compara palavras e expressões, mostra sua ida ao postinho de saúde para saber se está com dengue, comprinhas no supermercado, looks do dia e os doces de festas infantis. "Outro dia eu fui a um aniversário de um primo meu que fez 6 anos e eu implorei para receber um saco de brinde porque não via um há muito tempo", diz em referência às lembrancinhas.

Por enquanto, ela está morando com um parente, mas já procura um emprego formal —ela é formada em marketing de moda— e visita apartamentos. A única certeza que a portuguesa tem é que seu novo lar será: "eu, um colchão e um sonho".

Nesse período de adaptação, Layla diz que continuava dialogando com seu público português, mas o vídeo da técnica acabou rompendo essa bolha. "O mais engraçado é que a cobrança de um valor mais elevado acontece no mundo inteiro para os turistas, mas eu recebi muito feedback de brasileiros que dizem que fazem o mesmo quando vão para outros estados para não serem cobrados."

Entre os comentários, algumas pessoas se dividiram entre elogiar seu sotaque, achar a técnica divertida e afirmar que o fato de a antiga colônia cobrar mais pelo colonizador é uma reparação histórica. "Não sei até que ponto a cobrança cara a mim pode ser uma reparação histórica visto que, tanto a minha mãe quanto o meu pai são brasileiros, mas tudo bem, acho que é um ponto válido."

A influenciadora portuguesa Layla Zamorano sorri para foto enquanto segura celular; ela é uma mulher branca com cabelos platinados
A influenciadora portuguesa Layla Zamorano - Reprodução

No geral, a experiência no país tem sido boa. Para além do preço, ela afirma que não notou grandes diferenças de tratamento, pelo contrário, tem lidado com pessoas calorosas e simpáticas. Apesar de já ter vindo ao Brasil ao longo da vida para visitar os familiares, Layla conta que ficou um período de cinco anos sem vir e que sente uma discrepância nas experiências.

"Por isso fui capaz de ver mais essas diferenças de cobrança de preço e de valor porque antes era a minha mãe que vinha e lidava com essa situação. Agora fui eu quem tive que lidar com meus próprios custos de vida."

Enquanto não é contratada, a portuguesa passa os dias conhecendo diferentes bairros do Rio de Janeiro e procurando capivaras. "Eu não sei que complô é esse que elas estão a armar para comigo, mas eu não consigo vê-las."

Para ela, estar totalmente sozinha tem sido importante para se aproximar do cotidiano carioca, sem intervenções dos passeios turísticos que costumava ir com os pais. "Estou ainda um pouco na descoberta, nos primórdios da minha experiência aqui no Brasil."

Sobre o fato de ter viralizado, ela diz que ficou aliviada porque estava preocupada de ter uma recepção negativa. "Como eu faço uma imitação do sotaque, poderia cair em más águas de alguma forma, as pessoas podiam ver como se eu estivesse debochando." Isso fica claro no vídeo quando ela finaliza dizendo: "Por favor, não me cancelem."

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