Uma mulher decide ir até o pronto-socorro de um hospital particular em busca de tratamento para seus sintomas. Ao chegar no local, nota que não há pacientes aguardando na fila de espera. Ela é avaliada rapidamente por uma enfermeira na triagem, mas aguarda o atendimento médico por cerca de 40 minutos.
Quando é atendida, descobre que a demora se deu pelo fato de os médicos plantonistas terem ido jantar juntos, convencidos do baixo movimento na ala.
A consulta, que enfim começa, tampouco agrada a paciente. Ela recebe orientação para tomar antibióticos, mas acha absurda a sugestão sem que tenha sido feito "um exame sequer, nem mesmo o hemograma."
Revoltada, ela expõe a situação em uma série de tuítes. "É impressionante a qualidade de alguns médicos, a soberba e o descaso com os pacientes. Sempre disse que quem tem compromisso com o cuidado, normalmente, é a equipe de enfermagem. Muitos da classe médica só se importam mesmo com o dinheiro."
O relato viralizou na rede social de Elon Musk e rendeu, por dias, uma polêmica sobre condutas da classe médica e procedimentos em alas de urgência e emergência.
De um lado, as principais críticas focaram o fato de os médicos terem saído ao mesmo tempo do posto de trabalho, sem revezar os turnos, como é comum em ambientes profissionais. A escolha teria deixado o hospital desassistido, mesmo com o baixo movimento e a ausência de casos graves.
A discussão também gerou muitos depoimentos sobre atendimentos médicos controversos.
Do outro lado, muitos profissionais da saúde, que formam uma comunidade na rede social apelidada informalmente de "medtwitter" defenderam a postura dos médicos retratados e apontaram equívocos no relato da paciente.
Segundo eles, prontos-socorros seguem um protocolo que prioriza os atendimentos de acordo com a gravidade de cada caso, determinada por cores.
O sistema de triagem aponta que pacientes de cores vermelha e laranja são considerados muito urgentes e precisam ser atendidos imediatamente ou em até 10 minutos. Já pacientes de cores amarela, verde ou e azul têm menor urgência e devem ser atendidos no prazo de 60 a 240 minutos.
Pela descrição da paciente, seu caso não parece ter sido classificado entre os mais graves, embora não seja não possível saber a cor exata recebida no momento de triagem.
Outros apontam também que a exigência do hemograma, exame que avalia aspectos das células sanguíneas, não dita a necessidade ou não de antibióticos, e não é mais importante do que o exame físico feito pelos médicos.
"Esse perfil de paciente é o mais complicado, acha que passar exame é coisa de médico bom, quando, na verdade, o bom médico é aquele que faz diagnóstico clínico e não fica gastando o sistema com exames desnecessários", postou uma usuária.
Inflamando ainda mais o debate, alguns médicos atribuíram ao "recalque" as críticas direcionadas à classe.
E houve também aqueles que fizeram memes e piadas com toda a discussão.
E até Lima Barreto, direto de 1918, foi convidado a se manifestar.
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