Maternar

No blog, as mães Havolene Valinhos e Tatiana Cavalcanti abordam as descobertas do início da maternidade

Maternar - Havolene Valinhos e Tatiana Cavalcanti
Havolene Valinhos e Tatiana Cavalcanti
Descrição de chapéu Folha Mulher maternidade

Amor, solidão, alegria e desamparo: peça gratuita em SP exibe turbulências do puerpério

'Até Quando Você Cabe em Mim?' reflete sobre as angústias e desafios da maternidade

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São Paulo

Em uma atmosfera que transita entre o real e o imaginário, quatro mulheres refletem sobre as angústias e os desafios da maternidade. Afinal, o que está por trás do ser mãe? Como a sociedade recebe essas mulheres e seus filhos?

Amor, insegurança, humor, solidão, alegria e desamparo são apenas alguns dos sentimentos que permeiam o espetáculo "Até Quando Você Cabe em Mim?", em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade, de 29 de maio a 3 de junho.

Idealizado pela atriz e produtora Katia Calsavara e dirigido por Juliana Sanches, a peça coloca uma lente de aumento na função materna, muitas vezes vista pela sociedade como um "dom divino" e imaculado.

Sobre o palco com iluminação azulada e avermelhada, quatro mulheres estão sentadas atrás de uma mesa retangular. As três primeiras estão debruçadas sobre a mesa e não é possivel ver seus rostos. A primeira é negra e tem cabelo curto. A segunda é branca, tem cabelo liso e comprido. A terceira tem cabelo grisalho longo, preso em coque esvoaçado. A quarta é branca, tem cabelo escuro na altura do obro e está sentada ereta, descanscando uma laranja com a faca
As atrizes Ericka Leal, Thiene Okumura, Lídia Engelberg e Katia Calsavara no palco - Divulgação

"Há muitas regras para cabermos hoje no papel de mãe. O mundo ainda acredita nessa mulher maravilha, idealizada, mas precisamos problematizar o que cerca a maternidade e os buracos que as mulheres enfrentam, inclusive na relação futura com seus filhos na vida adulta", afirma Calsavara.

Sanches buscou um elenco plural formado somente por mães. "Temos uma mãe mais velha, uma mãe preta e uma mãe-solo", conta a diretora.

Juliana conta que a aposta em um ambiente branco, quase hospitalar e sem detalhes, remete a essa solidão do puerpério, fase logo após o parto na qual muitas mulheres convivem com o baby blues, depressão ou a pressão social em estarem logo prontas para voltar "ao mundo real".

O figurino também é representativo desse momento de incertezas. "A camisola é uma roupa leve, que tem delicadeza, feminilidade e sensualidade, mas também remete ao ambiente doméstico. Precisamos lembrar que uma mãe continua sendo uma pessoa", destaca Sanches.

"O processo de criação foi muito forte. Eu tinha algumas certezas quando entrei e acho que não as tenho mais. Já mudei bastante nesses meses em que estamos juntas, principalmente em relação ao tempo do cuidado, que é tão desvalorizado na nossa sociedade. Não dá para cobrar cuidado quando a sociedade não dá o menor acolhimento para essas mulheres", pontua a diretora.

Na linguagem, uma das referências é o teatro-dança da alemã Pina Bausch. A montagem parte de textos escritos por Calsavara e Sanches e conta também com propostas das atrizes Lídia Engelberg, Thiene Okumura e Ericka Leal.

Outro elemento que norteia a dramaturgia é o texto "Parto-Me", da dramaturga Angela Ribeiro, que fala da solidão de uma mãe que acaba de parir. "A Ângela traz uma crueza enorme no texto dela que veio ao encontro de muita coisa que eu vinha escrevendo e pesquisando desde que me tornei mãe, há oito anos", explica Calsavara.

Serviço:
Até Quando Você Cabe em Mim?
De 29 de maio a 3 de junho. Segunda às 19h; terça a sexta às 20h e sábado às 18h.
Bate-papo após a sessão com as atrizes e psicólogas convidadas (segunda, quarta e sábado).
Ingressos: Gratuitos.
Duração: 60 minutos.
Classificação: 14 anos.

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