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Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira

Nasa conclui com sucesso montagem do telescópio espacial Webb

Satélite já está na configuração final, mas terá meses de ajustes pela frente.

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Duas semanas após seu lançamento, o Telescópio Espacial James Webb concluiu sua montagem no espaço. O último passo foi dado neste sábado (8), com a abertura e o travamento da segunda asa de seu espelho primário segmentado. Em retrospecto, pode ter parecido fácil. Mas não se engane. Essa foi uma das maiores realizações da história da engenharia.

Antes de tudo, recapitulando, o que quer dizer "concluiu sua montagem"? O Webb é um telescópio com espelho primário de 6,5 metros que foi instalado no topo de um foguete cuja coifa tinha 5 metros. Como colocar algo de 6,5 em 5? Dobrando. E se parece difícil encaixar 6,5 em 5, pense 20. Pois o escudo térmico do telescópio tem agora esse comprimento, comparável a uma quadra de tênis, mas teve de ser colocado a bordo do lançador Ariane 5 todo dobradinho.

Todo o processo de desdobramento do Webb ocorreu nos últimos 14 dias. De convencional (comum a quase todas as missões espaciais), tivemos a abertura dos painéis solares e os ajustes propulsados de trajetória. Mas todo o resto foi um complicado origami espacial se desdobrando no espaço, comandado cuidadosamente, passo a passo, da sala de controle no STScI (Instituto de Ciência do Telescópio Espacial), adjacente ao Centro Goddard de Voo Espacial da Nasa, em Baltimore, Maryland.

Equipe da Nasa comemora conclusão da montagem do telescópio Webb no Instituto de Ciência do Telescópio Espacial, em Baltimore, Maryland. - Nasa/Bill Ingalls/AFP

Mais de 300 pontos do processo não tinham redundância –uma falha significaria a perda da missão. O único procedimento para tentar corrigir, por exemplo, o tensionamento de uma camada do escudo térmico, envolveria chacoalhar o satélite (nada que se possa chamar de um sólido plano B).

Deu tudo certo, mas o jogo ainda não está ganho. Não eram "30 dias de terror"? O cronograma segue em pé. A partir de agora, cada um dos 18 segmentos do espelho primário terá de ser individualmente ajustado. Eles serão apontados para uma estrela de referência e atuadores por trás deles farão pequenos movimentos para ajustar seu posicionamento a fim de dar o foco perfeito. E então, no 29º dia, mais uma manobra de propulsão colocará o Webb em seu posicionamento final, acompanhando a Terra ao redor do Sol a uma distância de 1,5 milhão de km do planeta. Mas o pior com certeza já ficou para trás.

Encerrada a fase crítica do voo, a Nasa passará ao comissionamento do telescópio. Engenheiros e cientistas trabalham juntos para ligar cada um dos instrumentos e ajustá-los à perfeição. O procedimento leva tempo, em parte pela complexidade, em parte por questões físicas mesmo: o telescópio precisa ser lentamente resfriado até atingir sua temperatura operacional (por trás do escudo térmico ele hoje está a -199°C, mas precisa ir a -235°C). Espera-se que o processo todo transcorra em cerca de cinco meses, quando então o Webb passará a ser o mais novo (e poderoso) telescópio espacial pronto para observações científicas. Que descobertas o aguardam lá fora? Depois de vê-lo montado, já dá para começar a sonhar com elas.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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