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Salvador Nogueira

Estudo indica que planetas em estrelas 'mortas' são raros

Amostra contou com quase duas décadas de observações de 800 pulsares

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Quando pensamos nos primeiros planetas descobertos fora do Sistema Solar, costumamos voltar a 1995, quando um gigante gasoso foi encontrado em uma órbita supercurta ao redor de 51 Pegasi, uma estrela similar ao Sol. Tanto que, quando o Comitê Nobel decidiu premiar o tema dos exoplanetas, em 2019, contemplou Michel Mayor e Didier Queloz, responsáveis pela detecção de 51 Pegasi b. Contudo, esse não foi de fato o primeiro exoplaneta descoberto. A honraria vai para dois pequenos mundos encontrados em 1992, por Aleksander Wolszczan e Dale Frail, localizados onde menos se esperava: orbitando um pulsar.

Foi um choque. Pulsares são cadáveres estelares que representam o que restou de uma estrela de alta massa, depois que esgotou seu combustível para fusão nuclear e explodiu como supernova. Qualquer planeta que a estrela por ventura tivesse antes da detonação certamente teria sido devastado. Seriam então planetas de segunda geração, formados pós-explosão? Seriam planetas capturados, que antes vagavam pelo espaço interestelar? Na dúvida, era mais fácil duvidar que a descoberta era real. Mas não só se confirmou como foi constatado, em 1994, que havia três planetas, não apenas dois, ao redor do pulsar PSR B1257+12.

O tempo passou, milhares de mundos ao redor de estrelas "vivas" foram encontrados, e até hoje só temos um punhado deles orbitando pulsares. O que enseja a dúvida: afinal, planetas em torno dessas estrelas mortas são raríssimas exceções ou devemos encontrá-los aos montes? Uma nova análise sugere que esses planetas são mesmo raros.

Concepção artística de planetas ao redor de um pulsar, um cadáver estelar
Concepção artística de planetas ao redor de um pulsar, um cadáver estelar - Nasa

O trabalho foi liderado por Iuliana Nitu, da Universidade de Manchester, no Reino Unido, e envolveu uma busca por companheiros planetários ao redor de 800 pulsares, usando observações do radiotelescópio de Jodrell Bank que se estendem por quase duas décadas. Nenhum foi conclusivamente encontrado.

De acordo com a análise, dois terços dos pulsares muito provavelmente não têm quaisquer astros companheiros com massa entre 2 e 8 vezes a da Terra. Os limites de sensibilidade impõem que menos de 0,5% dos pulsares poderiam ter planetas com pelo menos a massa do maior dos mundos a orbitar o PSR B1257+12, com 4 massas terrestres. Isso, contudo, não restringe a presença de planetas ainda menores, como o menor dos encontrados naquele mesmo pulsar, que tem apenas 2% da massa da Terra. Um astro assim seria indetectável em 95% da amostra analisada de pulsares.

No fim das contas, o grupo encontrou periodicidades significativas em 15 dos 800. Elas poderiam indicar a presença de planetas, mas, na imensa maioria dos casos, são apenas um efeito da poderosa magnetosfera do cadáver estelar. A equipe indica um pulsar que tem real probabilidade de ter companheiros planetários e merece mais investigação: o PSR J2007+3120. O trabalho foi aceito para publicação no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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