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Internautas criticam ida de deputados aos EUA em meio a tragédia no RS

No X, internautas criticam ida de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro a audiência nos EUA

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São Paulo

Políticos aliados ao bolsonarismo, que estiveram em audiência no Congresso Americano nesta terça-feira (7), estão sendo criticados nas redes sociais e acusados de "abandonar o país" no momento em que o Rio Grande do Sul passa por uma catástrofe climática. Já são 100 mortos e mais de 1,4 milhão de pessoas afetadas pelas fortes chuvas e inundações.

A audiência, de nome "Brasil: Uma crise da democracia, da liberdade e do Estado de Direito", discutiu supostas censura e perseguição politicamente motivada a aliados do bolsonarismo.

Nas redes, as críticas, concentradas à esquerda, dizem respeito ao fato de deputados estarem em outro país enquanto há um esforço nacional para ajudar e minimizar a tragédia em curso no sul do país. Já os aliados comemoraram a ação.

Para muitos internautas, a ação "ignora a tragédia no Rio Grande do Sul" e pode ser classificada como "crime contra a democracia".

Estavam presentes o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o blogueiro Allan dos Santos, o ex-comentarista da Jovem Pan Rodrigo Constantino e o ex-procurador da Lava Jato e deputado federal cassado Deltan Dallagnol, a deputada Bia Kicis (PL-DF), o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Eduardo Girão (Novo).

Durante a audiência, quatro pessoas foram ouvidas, entre elas o ex-apresentador da Jovem Pan Paulo Figueiredo, neto do ditador João Batista Figueiredo e acusado pela Polícia Federal de ajudar integrantes do governo Bolsonaro a planejarem um golpe de estado em 2022. Ele teve suas contas derrubadas nas redes sociais por ordem judicial.

À Folha, Figueiredo afirmou que está fazendo campanha para a arrecadação no RS nacional e internacionalmente. "Minhas orações estão com as famílias. Não creio que possa contribuir de outra maneira, até porque estou com o meu passaporte cancelado pelo Moraes e impedido de ir ao Brasil".

Por e-mail, o ex-apresentador diz que não viu críticas à viagem, "apenas aplausos entusiasmados". Diz também que o deputado federal Marcel Van Hattem planejou ir aos EUA, mas cancelou por conta da tragédia no RS.

Além dele, foram ouvidos na audiência o CEO da rede social conservadora Rumble, Chris Pavlovski, e o jornalista americano Michael Shellenberger, que divulgou os chamados Twitter Files. O quarto foi o professor de estudos brasileiros da Universidade de Oklahoma, Fábio de Sá e Silva, que teve a função de rebater as acusações feitas pelos bolsonaristas.

Nas redes, internautas chamam atenção para os esforços da população para ajudar o Rio Grande do Sul, e para a tragédia em curso no estado. Para um internauta, a audiência foi um "circo armado nos EUA"

"Olha, sinceramente nem eu sei que tipo de gente fez uma crítica dessas, mas é ridícula", diz Constantino. "Lá em [Washington] DC estavam pessoas que têm feito um enorme esforço para ajudar os gaúchos. As vidas são prioridade, mas não é por isso que vamos abandonar a luta pelas nossas liberdades básicas também."

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acusam a justiça brasileira de censura, perseguição politicamente motivada e de violação da liberdade de expressão. No centro do debate está o ministro Alexandre de Moraes, que foi acusado pela deputada americana Maria Salazar de ser fantoche de Lula e chamado de ‘ditador do Brasil’ por Elon Musk, dono do X, no início de abril.

Para Constantino, esse foi um dos resultados positivos da audiência. "Quando a deputada Maria Elvira Salazar mostrou a foto do ministro Alexandre e afirmou que temos um ‘operador totalitário’ no comando da justiça, o mundo foi capaz de conhecer a verdade que nossa velha imprensa tenta esconder"

Internautas, por outro lado, não viram com bons olhos a ida deles aos EUA, e destacam a fala da deputada democrata Susan Wild, que comparou o 8 de janeiro de 2023 ao ataque ao Capitólio, ocorrido em 6 de janeiro de 2021. "Traidores da pátria, lambedores de bota da extrema direita", diz um internauta.

"Os bolsonaristas foram chorar as pitangas no Congresso Americano e levaram duas das maiores porradas que vi na vida".

Procurado pela Folha para comentar sobre as críticas, Dallagnol afirmou, em nota, que "está profundamente triste com a tragédia gaúcha e tem mobilizado seus seguidores desde a semana passada para apoio e doações".

Outro ponto levantado pelos internautas é a viagem dos políticos ter sido custeada com recursos públicos. Dallagnol afirma que usou recursos privados para ir aos Estados Unidos, a convite da delegação brasileira, "para defender as liberdades no país, causa pela qual luta há anos". Paulo Figueiredo afirma que também usou recursos próprios para fazer a viagem.

As assessorias da deputada Bia Kicis (PL-DF), do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), do Nikolas Ferreira (PL-MG), do senador Eduardo Girão (Novo) e do blogueiro Allan dos Santos foram contatadas e não responderam até a publicação dessa matéria.

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