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Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira

Confira os principais eventos astronômicos de 2023

Grande destaque é eclipse solar anelar visível do Brasil em outubro

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Vêm aí muitas chuvas de meteoros de destaque, um eclipse solar quase total visível do Brasil e várias oportunidades para observar os planetas. Confira a seguir os principais eventos do calendário astronômico previstos para 2023.

Imagem de um eclipse parcial em 25 de outubro de 2022, visto em Bagdá.
Imagem de um eclipse parcial em 25 de outubro de 2022, visto em Bagdá. - France Presse

Janeiro

4.jan - Pico da chuva de meteoros Quadrântidas

A primeira chuva de meteoros do ano é produzida pela travessia da Terra pela trilha de poeira do cometa extinto 2003 EH1, descoberto em 2003. Sua observação a partir do hemisfério Sul é bem prejudicada em razão de o radiante (ponto de onde parecem emanar os meteoros) só subir acima do horizonte no fim da madrugada. Embora tenha uma taxa de meteoros por hora relativamente alta, eles costumam ser pouco brilhantes, o que torna tudo ainda mais difícil neste ano, por coincidir com uma Lua quase cheia.

6.jan - Lua cheia

30.jan - Mercúrio em máxima elongação oeste

O fugidio planeta Mercúrio, o mais interno da família solar, nunca se afasta muito do Sol, o que torna difícil vê-lo com frequência. A oportunidade vem nas máximas elongações, que representam a maior distância aparente entre ele e o Sol. Procure-o no dia 30 no fim da madrugada na direção leste, antes do poente.

Fevereiro

5.fev - Lua cheia

Março

7.mar - Lua cheia

21.mar - Equinócio de março

Momento em que o Sol brilha exatamente sobre a linha do equador, marcando o início do outono no hemisfério Sul (primavera no hemisfério Norte).

Abril

6.abr - Lua cheia

11.abr - Mercúrio em máxima elongação leste

A essa altura, o pequeno planeta já deu a volta e está do outro lado do Sol, em seu afastamento máximo -- mais uma boa oportunidade para vê-lo, desta vez na direção oeste, logo após o poente.

20.abr - Eclipse solar

A Lua se alinha perfeitamente com o Sol para bloquear temporariamente a visão do disco solar a partir da Terra. Dada a distância da Lua ao planeta no momento do fenômeno, ele se dá em forma híbrida: para alguns lugares da Terra, será um eclipse anelar (em que a Lua ainda deixa um anel do disco solar visível durante o máximo encobrimento); para outros, será total (a Lua encobrirá totalmente o Sol). E, claro, nos entornos da faixa de máxima totalidade, haverá um eclipse parcial. Contudo, nem se anime demais: ele será visto apenas da Oceania.

22-23.abr - Pico da chuva de meteoros Lirídeos

Nesta data dá-se o momento mais agudo de uma das mais tradicionais chuvas de meteros anuais, os Lirídeos (ou Líridas). O radiante, como o nome sugere, está na constelação de Lira, que surge no horizonte nordeste por volta da meia-noite, na virada do dia 22 para o 23, e segue se elevando no céu até atingir a máxima altura (melhor momento para observação) entre 3h e 4h da manhã. O fenômeno está associado à trilha de detritos deixada pelo cometa C/1861 G1 (Thatcher). Normalmente, a taxa de meteoros por hora é baixa, algo como 20, nas melhores condições de observação, mas é um fenômeno que tem sido visto há muitos séculos. O primeiro registro conhecido remonta a 687 a.C.

Maio

5.mai - Lua cheia

Este dia terá um eclipse lunar penumbral, que ocorre é quando a Lua passa por uma sombra parcial da Terra. Nada se nota de especial, exceto com medidores de luz capazes de detectar um brilho ligeiramente menor da Lua.

6-7.mai - Pico da chuva de meteoros Eta-Aquarídeos

Um dos eventos mais populares do tipo, associados ao famoso cometa Halley. A Terra passa duas vezes ao ano pela trilha de detritos deixada por ele (a ida e a volta no carrossel do Sol, por assim dizer), e a primeira é esta. O radiante fica na constelação de Aquário, que surge no horizonte leste por volta das 2h da manhã e, por volta das 5h, pouco antes do amanhecer, estará bem alto no céu. Para observadores do hemisfério Sul, ela chega a produzir taxas ao redor de 60 meteoros por hora, nas melhores condições de observação. A Lua, que ainda aparece bem cheia, atrapalha um pouco a brincadeira neste ano.

29.mai - Mercúrio em máxima elongação oeste

Você há de reparar que o pequeno planeta está de novo em seu afastamento aparente máximo do Sol. A combinação dos movimentos dele e da Terra tornam esse intervalo menor, o que dá a impressão de um Mercúrio ainda mais rápido em sua mudança de posição dia a dia. Procure-o no fim da madrugada, na direção do leste, antes do nascer do Sol.

Junho

4.jun - Lua cheia

4.jun - Vênus em máxima elongação leste

O segundo planeta é menos veloz e tem uma órbita maior que a de Mercúrio, de forma que acaba pintando no céu com muito mais frequência (e de forma mais chamativa, já que é o planeta mais brilhante do Sistema Solar). Ainda assim, vale ficar de olho nos momentos em que o astro abre sua máxima distância aparente do Sol, facilitando a visualização. Procure Vênus logo após o poente, na direção oeste. Não há como não reconhecê-lo, dado o brilho esplendoroso.

21.jun - Solstício de junho

Momento em que o Sol brilha exatamente sobre o trópico de Câncer, marcando o início do inverno no hemisfério Sul (verão no Norte).

Julho

3.jul - Lua cheia (superlua)

Quando a Lua cheia ocorre próxima ao momento em que o satélite natural transita mais perto da Terra em sua órbita elíptica em torno do planeta, ela parece ainda maior no céu do que numa fase cheia típica. A esse fenômeno, que os astrônomos preferem chamar de "Lua cheia próxima ao perigeu", costuma-se dar o apelido de "superlua".

28-29.jul - Pico da chuva de meteoros Delta-Aquáridas do Sul

Mais uma chuva tradicional, embora esta não tenha um cometa de origem seguramente definido (suspeita-se do 96P/Machholz). E, como o nome sugere, é uma chuva especialmente oportuna para observadores do hemisfério Sul, que podem observar taxas de 15 a 20 meteoros por hora. A constelação de Aquário, nesta época do ano, surge no horizonte leste por volta das 20h e permanece no céu noturno até o amanhecer. Chega a estar bem alta por volta das 3h, melhor horário para observar. Mas, mais uma vez, a Lua caminhando para a fase cheia pode estragar a festa, ofuscando os bólidos menos brilhantes.

Agosto

1º.ago - Lua cheia (superlua)

Segunda vez em que a Lua atinge sua fase cheia enquanto transita pela porção mais próxima da Terra de sua órbita elíptica (que a traz tão perto quanto 357 mil km, no perigeu, e tão longe quanto 407 mil km, no apogeu). Nesse caso, o perigeu exato (a 357.309 km) se dá meras 11h20min depois de atingir a fase cheia, na virada do dia 1º para o dia 2.

10.ago - Mercúrio em máxima elongação leste

E dá-lhe o pequenino Mercúrio dando voltas! Ele completa um ciclo em torno do Sol em apenas 88 dias, portanto não surpreende que tenha tantas máximas elongações ao longo do ano. Procure-o desta vez na direção oeste, logo após o poente.

12-13.ago - Pico da chuva de meteoros Perseidas

Estamos falando de uma das mais chamativas chuvas de meteoros anuais, associada à trilha de detritos do cometa Swift-Tuttle. Em seu pico ela atinge taxas de 60 meteoros por hora, e neste ano a Lua crescente não atrapalha a brincadeira. A tristeza para os observadores do hemisfério Sul é que o radiante fica bem escondido, só pintando no horizonte norte por volta das 4h da madrugada. Isso dificulta bem a observação a partir das latitudes mais altas do Brasil, reduzindo drasticamente quantos meteoros se pode ver.

27.ago - Saturno em oposição

Melhor momento do ano para observar o planeta dos anéis. Quando ele está em oposição ao Sol com relação à Terra, isso significa dizer que nasce no leste quando o Sol se põe e só se põe no oeste com o nascer do dia. Também significa que ele aparece mais alto no céu por volta da meia-noite. E ainda que atinge sua máxima proximidade da Terra. Tudo isso convida à observação. A olho nu, é só um astro brilhante. A um telescópio de médio porte, oferece seus anéis e suas luas mais brilhantes. Ele estará (por sinal o ano todo) na constelação de Aquário.

31.ago - Lua cheia (superlua)

Mais uma vez fase cheia e perigeu coincidem aproximadamente para produzir uma "superlua". Curiosamente, também é a segunda Lua cheia no mesmo mês (que costuma ganhar o apelido de "Lua azul", apesar de não ter nada de azul em sua aparência), fazendo de agosto o grande mês das superluas!

Setembro

19.set - Netuno em oposição

O oitavo planeta do Sistema Solar não é visível a olho nu em nenhuma circunstância, mas a melhor oportunidade de vê-lo ao telescópio surge quando ele está em oposição ao Sol, atingindo sua proximidade máxima da Terra (que não é lá grande diferença de quando está em afastamento máximo, em termos proporcionais). Ele estará na constelação de Peixes.

22.set - Mercúrio em elongação máxima oeste

E mais uma vez Mercúrio se torna a estrela da madrugada, visível com mais facilidade no horizonte leste, pouco antes do amanhecer.

23.set - Equinócio de setembro

O Sol volta a brilhar exatamente sobre a linha do equador, trazendo a primavera para o hemisfério Sul (e o outono para o Norte).

29.set - Lua cheia (superlua)

Quarta e última Lua cheia do ano a coincidir aproximadamente com o perigeu, o que a torna ligeiramente maior e mais brilhante no céu noturno em comparação a uma Lua cheia tradicional.

Outubro

14.out - Eclipse solar anelar

Este talvez seja o principal evento celeste do ano para os moradores das Américas. Um eclipse solar anelar, em que a Lua cobre praticamente todo o disco solar, salvo um estreito anel, que começa no Pacífico, avança pelo sul do Canadá, desce para os EUA e pela América Central, cruzando Colômbia e Brasil na América do Sul antes de se encerrar (pense nesse trajeto como a sombra da Lua se deslocando por sobre a Terra conforme ela se movimenta para encobrir o Sol). Regiões Norte e Nordeste do Brasil terão oportunidade para ver a fase anelar, mas o acobertamento parcial do Sol será visto, ao longo da tarde, em praticamente todo o país, salvo o extremo Sul. Lembrando que, ao contrário dos eclipses lunares, os solares exigem cuidados para observação: não se pode olhar diretamente para o Sol, sob pena de prejudicar a vista. O segredo para uma observação boa e segura é comprar um vidro de soldador Nº 14 (que pode ser encontrado facilmente em lojas de ferragem).

21-22.out - Pico da chuva de meteoros Orionídeos

Chega a hora da segunda travessia anual da Terra pela trilha de detritos deixada pelo cometa Halley. Os Orionídeos (ou Oriônidas) são muito famosos e, como o nome sugere, seu radiante fica na constelação de Órion (muito facilmente reconhecida por abrigar as manjadíssimas "Três Marias", que compõem o cinturão na imagem do caçador da mitologia grega). O ponto de onde parecem emanar os meteoros desponta no horizonte leste por volta das 23h e atinge seu ápice no céu entre 3h e 4h, melhor hora para observar. As taxas de meteoros por hora costumam estar entre 20 e 25, nas melhores condições de observação.

23.out - Vênus em máxima elongação oeste

Fenômeno que enseja o apelido de Estrela D'Alva, ou Estrela da Manhã, ao segundo planeta do Sistema Solar. Vênus abre sua máxima distância aparente a oeste do Sol, e surge esplendoroso na madrugada, nascendo no horizonte leste, como um abre-alas para a chegada do astro-rei.

28.out - Lua cheia

Neste dia, haverá um eclipse parcial da Lua, mas do Brasil praticamente nada será notado, já que o satélite nascerá no horizonte já transitando pela penumbra (sombra parcial da Terra).

Novembro

3.nov - Júpiter em oposição

Chega o melhor momento do ano para observar o maior dos planetas do Sistema Solar. Júpiter fará sua aproximação máxima anual da Terra (na realidade, considerando os movimentos dos planetas, é a gente que todo ano se aproxima e se afasta dele) e se oferecerá no céu durante toda a noite, nascendo com o pôr do Sol e se pondo com o nascendo do novo dia. Com um bom binóculo ou um pequeno telescópio, já é possível observar suas quatro maiores luas. Procure-o na constelação de Áries, egresso da constelação de Peixes (onde passou os primeiros meses do ano).

13.nov - Urano em oposição

O sétimo planeta também faz oposição ao Sol (o que equivale a se aproximar ao máximo da Terra), mas não é de grande valia a não ser que você tenha um telescópio. A exemplo de Netuno, ele não é visível a olho nu. Caso queira procurá-lo, ele estará próximo a Júpiter, entre as constelações de Áries e Touro. E esta é a última oposição planetária do ano. Notória ausência é a de Marte, em 2023, que não faz aproximações da Terra salvo a cada 26 meses. (Apesar disso, ele seguiu visível durante boa parte do ano, mas de forma relativamente discreta, com seu sutil tom avermelhado.)

17-18.nov - Pico da chuva de meteoros Leonídeos

Com seu porte médio, essa chuva é produzida por detritos deixados pelo cometa Tempel-Tuttle. Nas melhores condições de observação, traz até 15 meteoros por hora. A Lua crescente se põe lá pelas 23h e facilita a observação. A constelação de Leão surge no horizonte leste lá pela 1h da manhã, e o melhor momento de observar a chuva é das 4h até o amanhecer.

27.nov - Lua cheia

Dezembro

4.dez - Mercúrio em máxima elongação leste

Você já sabe a rotina: o pequeno e fugidio Mercúrio faz seu máximo afastamento aparente do Sol e facilita sua observação. Procure-o no oeste logo após o anoitecer.

13-14.dez - Pico da chuva de meteoros Geminídeos

É a mais potente das chuvas anuais, produzida por detritos deixados pelo asteroide 3200 Faetonte, capaz de gerar taxas horárias de até 120 meteoros, nas melhores condições de observação. Neste ano, a Lua num fino crescente faz pouco para ofuscar o brilho dos bólidos menos brilhantes. O radiante, na constelação de Gêmeos, surge no horizonte por volta das 21h e se oferece ao amantes do céu noturno até o amanhecer. O melhor horário para observar é entre 0h e 1h.

22.dez - Solstício de dezembro

O Sol se projeta exatamente sobre o trópico de Capricórnio, marcando a chegada do verão no hemisfério Sul (e do inverno no Norte).

27.dez - Lua cheia

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