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Salvador Nogueira

SpaceX quer lançar em março o maior foguete da história

Veículo Starship foi selecionado pela Nasa para levar astronautas à Lua

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A SpaceX está muito perto de realizar o primeiro teste orbital do veículo Starship, que a Nasa espera usar para levar tripulações à superfície da Lua a partir de 2025. Na última quinta-feira (9), a empresa conduziu com sucesso um teste de disparo estático do primeiro estágio do foguete.

Foram apenas 15 segundos de queima, enquanto o lançador era mantido firmemente preso à plataforma, em Starbase, instalação da empresa espacial americana em Boca Chica, no Texas. Mas é difícil subestimar mesmo um teste desses. Nunca antes na história dos foguetes tantos motores foram acionados juntos: 31 ao todo (o recorde anterior pertencia ao antigo foguete N1 soviético, com 30, seguido pelo Falcon Heavy, da própria SpaceX, com 27).

Para que se tenha uma ideia, o empuxo gerado por esses motores foi ligeiramente maior que o do primeiro estágio do Saturn V, foguete lunar desenvolvido nos anos 1960, era capaz de produzir, e um pouco menor do que o do SLS, novo foguete da Nasa testado com sucesso no ano passado na missão Artemis 1. Mas esse é o desempenho "meia bomba" do Starship, menos da metade da sua capacidade total.

Disparo estático de 31 motores do Super Heavy B7 da SpaceX, primeiro estágio do veículo Starship
Disparo estático de 31 motores do Super Heavy B7 da SpaceX, primeiro estágio do veículo Starship - SpaceX

Ainda assim, o que se viu foi um rápido episódio de fúria da natureza, conforme revoadas de pássaros se misturavam à pluma gerada pelo poderoso disparo, queimando metano e oxigênio líquidos em temperaturas criogênicas. Terminado o teste, plataforma e foguete estavam aparentemente intactos. Melhor resultado não se poderia esperar.

Vale destacar que o primeiro estágio do Starship tem 33 motores, o que significa que dois não se acenderam. Segundo Elon Musk, um foi desligado antes do teste por decisão dos engenheiros; o outro se desligou de forma autônoma no disparo. Ainda assim, o veículo conta com redundância, e Musk destacou que 31 teriam sido suficientes para atingir a órbita, se fosse de fato um lançamento.

Com o avanço, a expectativa é de que um voo-teste até a órbita possa ser realizado em março. Contudo, ainda falta analisar os resultados do teste e decidir como proceder com relação aos dois motores não disparados. Também não há ainda autorização da FAA (agência federal de aviação americana) para o lançamento, mas Gnynne Shotwell, presidente da SpaceX, disse esperar que ela venha mais ou menos na mesma época em que estarão prontos para voar.

Caso atinja a órbita, o Starship se tornará o foguete mais poderoso já construído. Com a capacidade para ser reabastecido em órbita, e totalmente reutilizável (ao menos em princípio), ele poderia levar mais de cem toneladas à superfície da Lua ou a Marte, o que seria uma mudança radical nas capacidades de transporte espacial. A agência espacial americana conta com ele para as missões Artemis 3 e 4, que devem conduzir as duas primeiras alunissagens tripuladas do século 21.

Shotwell diz que a SpaceX espera realizar uma centena de voos antes que ele possa transportar humanos. Mas, para o primeiro teste, a ambição é bem mais modesta: "O objetivo de verdade é não explodir na plataforma. Isso é sucesso."

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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