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Salvador Nogueira

Com ajuda da Nasa, ESA retoma missão para buscar vida em Marte

Lançamento do rover europeu ExoMars, antes planejado com russos, deve ocorrer em 2028

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Está decidido: após um ano no limbo, a missão europeia ExoMars, destinada a colocar um rover na superfície de Marte para buscar evidências de vida passada ou presente no planeta vermelho, tem sinal verde para prosseguir. A expectativa é lançá-la em 2028.

Após vários anos de atrasos, o último deles ocasionado pela necessidade de testar e validar os paraquedas para o ousado projeto, tudo estava pronto para a partida em 2022. E então a Rússia invadiu a Ucrânia. Em resposta, a ESA (Agência Espacial Europeia) decidiu suspender sua parceria com os russos no projeto, o que em essência o inviabilizava. Afinal, a missão seria lançada por um foguete russo e realizaria a descida em Marte com um módulo de pouso também fornecido pela Roscosmos, agência espacial russa.

Após décadas de trabalho, por algum tempo pareceu que o rover Rosalind Franklin (batizado em homenagem à cientista cujo trabalho teve papel importante na decifração da estrutura da molécula de DNA) estava destinado a virar uma peça de museu. A ESA considerou seriamente essa possibilidade. Mas, enfim, a agência espacial decidiu manter o projeto em pé no fim de 2022, adicionando 360 milhões de euros para desenvolver partes europeias capazes de substituir os elementos russos (o custo total é estimado em 1,3 bilhão de euros).

Concepção artística do rover Rosalind Franklin, da missão ExoMars, que deve voar em 2028
Concepção artística do rover Rosalind Franklin, da missão ExoMars, que deve voar em 2028 - ESA

Também houve um movimento de pedir ajuda à Nasa, e a agência espacial americana não perdeu a chance de expandir sua influência ajudando modestamente na salvação da missão europeia. Há um compromisso de que os EUA vão fornecer elementos de propulsão do módulo de pouso, bem como baterias de plutônio para o rover.

Com efeito, em sua proposta orçamentária para 2024 (ainda a ser aprovada pelo Congresso dos EUA), a agência americana já lista despesas com a ExoMars, com uma pedida ao redor de US$ 30 milhões. "O valor exato ainda está sendo determinado, bem como o investimento para os próximos anos", escreveu a conta da ESA destinada à missão no Twitter.

A continuidade dos trabalhos pelo lado europeu envolve não apenas construir o módulo de pouso substituto, mas também manter em ordem tudo que já está pronto. Na semana que passou, a equipe da missão celebrou o sucesso do terceiro teste bem-sucedido do sistema de perfuração profunda do rover, num terreno que simula as condições de Marte nas instalações da Thales Alenia Space em Turim, Itália. O teste foi feito com um gêmeo do rover que existe para essa finalidade. A broca conseguiu penetrar 1,7 metros no solo. Se repetir o desempenho em Marte, fará algo totalmente inédito. O recorde atual de perfuração e subsequente coleta de uma amostra em Marte pertence ao rover Perseverance, da Nasa, mas é bem modesto: 7,1 cm.

Porém, outra missão americana tentou realizar uma perfuração mais profunda do solo. A sonda InSight buscou instalar um termômetro a uma profundidade de ao menos três metros –mas não passou de uns poucos centímetros. Resta saber se o ExoMars conseguirá resultado melhor. E, antes disso, se esse "plano B" com a exclusão da Rússia conseguirá finalmente levar a missão a termo.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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