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Salvador Nogueira

ITA construirá espaçonave para missão lunar com a Nasa

Além de orbitador, projeto SelenITA incluirá experimentos na superfície da Lua

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O Brasil logo terá uma missão lunar não tripulada para chamar de sua, a ser realizada em parceria com a Nasa. O projeto, batizado de SelenITA, foi apresentado na sexta-feira (21) por Luis Loures, engenheiro do Instituto Tecnológico de Aeronáutica e coordenador da iniciativa no país, durante a edição nacional do evento online International Moon Day.

A sonda, que nasceu no Brasil e acabou absorvida pela agência espacial americana, consistirá em um satélite e um pacote de instrumentos a ser colocado na superfície lunar por uma missão comercial de transporte contratada pela Nasa.

O nome brinca com as palavras Selene, deusa grega da Lua, e ITA, o originador do projeto. O satélite em si será construído pelo instituto em São José dos Campos (SP) –o segundo a ser feito em parceria com a Nasa, depois do Sport, lançado à órbita terrestre baixa a partir da Estação Espacial Internacional no ano passado– e deve contar com sete instrumentos, dois fornecidos pela Universidade de Iowa, um pela Universidade de Michigan e dois pelo ITA, além de um pelo Centro Marshall de Voo Espacial da Nasa e uma câmera.

Concepção artística do satélite SelenITA, ao fundo, com um rover e um módulo de pouso da empresa americana Astrobotic
Concepção artística do satélite SelenITA, ao fundo, com um rover e um módulo de pouso da empresa americana Astrobotic - Astrobotic/Nasa

A espaçonave se enquadra na categoria das missões de baixo custo e consiste em um cubesat (satélite de pequeno porte montado com sistemas que podem ser comprados "na prateleira") com formato 12U, ou seja, 12 volumes de 10 cm x 10 cm. O projeto tem apoio da AEB (Agência Espacial Brasileira) e da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

Os principais objetivos da missão serão estudar os campos magnéticos locais que existem em algumas regiões da crosta lunar e sua interação com o vento solar, além de estudar o transporte de poeira pela superfície do satélite natural, causado por fenômenos elétricos e impactos de asteroides e meteoroides, e o ambiente de radiação na superfície.

Todos os temas são importantes no contexto do programa Artemis, que a Nasa lidera para promover um retorno tripulado à Lua ao longo desta década. O primeiro voo lunar orbital de astronautas nesta nova iniciativa deve acontecer no fim de 2024 –52 anos após a última visita humana ao satélite natural, com a Apollo 17, em 1972.

Com a SelenITA, o Brasil já tem duas missões lunares em desenvolvimento. A mais antiga é a Garatéa-L, missão privada em parceria com instituições públicas de pesquisa que consiste em um cubesat 6U e tem foco em astrobiologia, com o estudo de culturas de bactérias expostas ao ambiente de radiação do espaço cislunar, ou seja, nas proximidades da Lua. De acordo com Rodrigo Leonardi, da Coordenação de Satélites e Aplicações da AEB, as duas estão neste momento em processo de qualificação na agência brasileira.

O Brasil aderiu em 2021 aos Acordos Artemis, tratado apresentado pelos EUA que visa disciplinar questões gerais na exploração pacífica da Lua, abrindo as portas para cooperação na exploração lunar. A Nasa tem todo interesse em atrair o país para aprofundar sua participação no projeto e nesta segunda-feira (24) o administrador da agência, Bill Nelson, estará em Brasília, onde vai se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No dia seguinte, irá a São José dos Campos, onde tem agenda no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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