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Salvador Nogueira

Nasa abre cápsula com amostras colhidas de asteroide

Material do Bennu foi trazido pela sonda Osiris-Rex em missão de sete anos

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Cientistas da Nasa abriram na terça-feira (26) a cápsula que trouxe amostras do asteroide Bennu e iniciaram uma análise preliminar de seu conteúdo, sete anos após o início da missão Osiris-Rex, acrônimo para Explorador de Origens, Interpretação Espectral, Identificação de Recursos e Segurança de Regolito.

Lançada em setembro de 2016 num foguete Atlas 5, a espaçonave chegou ao Bennu em 2018 e realizou seu pouso rápido para coleta de amostras em outubro de 2020. O procedimento se mostrou bastante eficiente, excedendo com folga o objetivo mínimo de 60 gramas de material colhido. Chegou-se a estimar cerca de 250 gramas, com margem de erro de 101, mas o valor exato os pesquisadores ainda terão de determinar. Um laboratório especial foi montado no Centro Espacial Johnson, no Texas, para lidar com as amostras, que deverão ser expostas ao público pela internet em um evento em 11 de outubro.

O retorno à Terra, ocorrido no domingo passado (24), às 11h52 (pelo horário de Brasília), não foi sem emoção. A cápsula foi direcionada para o deserto de Utah, nos EUA, e adentrou a atmosfera terrestre a 44,5 mil km/h, quatro horas depois de se separar da espaçonave principal –que passa agora a fazer parte de uma nova missão, Osiris-Apex, que fará um sobrevoo do asteroide Apófis, em 2029, logo após ele fazer uma aproximação da Terra.

Cápsula da Osiris-Rex aberta em laboratório do Centro Espacial Johnson, no Texas (EUA)
Cápsula da Osiris-Rex aberta em laboratório do Centro Espacial Johnson, no Texas (EUA) - Nasa

Durante a reentrada, o paraquedas de estabilização disparou muito mais cedo que o esperado, a 6.000 metros de altitude, versus os esperados 1.500 metros. Nas imagens, não houve sinal de que ele se abriu, mas felizmente o paraquedas principal fez o serviço todo, levando a cápsula a um pouso suave, cerca de 8 km distante do centro da elipse de pouso –distância considerada esperada pela Nasa com base nas condições meteorológicas.

Foi a primeira missão de retorno de amostras de asteroide realizada pela agência espacial americana, sucedendo as japonesas da série Hayabusa e trazendo massa muito superior. Desde a tripulada Apollo 17, que pousou na Lua em 1972, apenas uma missão trouxe maior quantidade de amostras que a Osiris-Rex: a espaçonave não tripulada chinesa Chang’e 5, que capturou 1,7 kg de rochas lunares, em 2020.

A Nasa mantém grande foco no momento na pesquisa de asteroides. Além do sucesso mais recente, cabe lembrar a missão Dart, que desviou no ano passado um bólido celeste de seu caminho para demonstrar uma técnica de defesa planetária, e dois outros lançamentos: o da sonda Lucy, que partiu em 2021 e vai estudar os asteroides que acompanham Júpiter em sua órbita (os chamados troianos) e o da sonda Psyque, que tem decolagem marcada para 12 de outubro e visitará um asteroide metálico que pode ter sido um embrião de planeta no passado remoto do Sistema Solar.

Todos esses resultados certamente ajudarão a entender melhor a formação da Terra e dos demais corpos celestes solares, além de viabilizar a proteção do nosso planeta contra o impacto de asteroides perigosos.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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