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Salvador Nogueira

Nasa prepara atualizações para esticar vida das sondas Voyager

Espaçonaves são as mais distantes e longevas já lançadas, voando desde 1977

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Uma equipe de engenharia do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa) está trabalhando duro para dar pelo menos mais cinco anos às missões espaciais mais longevas já lançadas, as sondas Voyager 1 e 2.

Elas partiram da Terra em 1977, inicialmente com o objetivo de fazer sobrevoos de Júpiter e Saturno. Após o cumprimento dessa meta, em 1981, a Voyager 1 foi desviada para fora do plano orbital dos planetas, enquanto sua irmã aproveitou um raro alinhamento planetário para seguir adiante realizando sobrevoos de Urano (1986) e Netuno (1989). Até hoje é a única espaçonave a ter visitado esses dois mundos longínquos.

As sondas fizeram descobertas espetaculares: a primeira visão próxima das quatro luas de Júpiter descobertas por Galileu, dentre as quais a intrigante Europa, que tem um oceano de água líquida sob sua crosta de gelo, e a furiosa Io, com seus vulcões incansáveis; a descoberta de satélites naturais e anéis até então desconhecidos em torno dos quatro planetas gigantes; e a medição dos campos magnéticos desses corpos celestes, entre outras observações.

Concepção artística de uma das sondas gêmeas Voyager, em meio ao espaço interestelar
Concepção artística de uma das sondas gêmeas Voyager, em meio ao espaço interestelar - Nasa/JPL-Caltech

Após a fase interplanetária da missão, a Nasa decidiu esticar a viagem, tentando atingir a região limítrofe da esfera de influência do Sol, onde o vento solar começa a ser sobrepujado pela radiação emanada de outras estrelas, marcando, em termos magnéticos, o início do espaço interestelar. O objetivo foi atingido em 25 de agosto de 2012, quando a Voyager 1 cruzou essa fronteira, a 18 bilhões de km do Sol. A Voyager 2, viajando em outra direção e velocidade menor, repetiu a dose em 5 de novembro de 2018.

A essa altura, ambas estão destinadas a vagar pela Via Láctea por milhões de anos. Mas sua capacidade de enviar dados científicos é bem mais restrita e depende em última instância da duração de suas baterias atômicas de plutônio, responsáveis por fornecer eletricidade aos sistemas. Mas a missão pode acabar antes disso por outros problemas, conforme os equipamentos mostrem sinais cada vez maiores de degradação.

Com efeito, no ano passado, o computador de bordo responsável pelo apontamento da antena da Voyager 1 para a Terra começou a mandar fluxos de dados sem sentido –parecia ter ficado gagá. De fato, o sistema de controle estava redirecionando comandos para a memória do computador, em vez de executá-los.

O caso até o momento segue sem esclarecimento, mas a equipe de engenharia conseguiu resolver o problema e agora criou um novo código de programação para impedir que ele volte a ocorrer. A instalação do software também traz seus riscos: é possível que o computador salve o novo programa no local errado. Como medida de precaução, os engenheiros decidiram instalar primeiro na Voyager 2, o que ocorreu na última sexta (20). Estando tudo certo, a equipe partirá para instalar o mesmo pacote na Voyager 1.

O grupo também preparou um novo protocolo de disparo dos propulsores, que permitem o apontamento da sonda, fazendo ativações mais longas e menos frequentes, de modo a reduzir a quantidade de resíduo que fica nas linhas de transmissão. Com isso, a Nasa espera garantir pelo menos mais cinco anos de vida para as naves, quem sabe mais. Tomara.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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