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Salvador Nogueira

Carretos comerciais à Lua contratados pela Nasa voam a partir de dezembro

Duas missões, de empresas diferentes, esperam realizar pouso lunar no começo de 2024

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Duas empresas americanas contratadas pela Nasa para enviar cargas úteis –no popular, fazer carretos– à superfície da Lua estão em fase final de preparação para suas missões inaugurais. A primeira a ser lançada provavelmente será a da Astrobotic, que, não havendo imprevistos, deve partir entre os dias 24 e 26 de dezembro.

A empresa de Pittsburgh levará 21 cargas úteis oriundas de seis países (EUA, México, Reino Unido, Alemanha, Hungria e Japão) a bordo do seu módulo de pouso Peregrine. Ele será impulsionado ao espaço pelo mais novo lançador da United Launch Alliance, o Vulcan, em seu voo inaugural.

A segunda será promovida pela Intuitive Machines, companhia de Houston que desenvolveu o módulo de pouso Nova-C e transportará 11 cargas úteis americanas. O lançamento vai se dar com um foguete Falcon 9, da SpaceX, e a expectativa é que a partida se dê entre 12 e 16 de janeiro, se tudo correr bem.

Módulo de pouso Nova-C, da Intuitive Machines, aguarda lançamento em janeiro de 2024
Módulo de pouso Nova-C, da Intuitive Machines, aguarda lançamento em janeiro de 2024 - Intuitive Machines/Divulgação

Em ambos os casos, o principal cliente é a Nasa, que terá seis experimentos na PM-1 (missão da Astrobotic) e cinco na IM-1 (da Intuitive Machines). Mas também estão a bordo cargas de universidades, organizações e empresas. A ideia da agência espacial com seu programa comercial de transporte lunar é essa mesmo: estimular empresas a desenvolverem soluções e serviços de transporte espacial em que a Nasa seja apenas mais uma cliente.

Uma dessas duas tem uma boa chance de se tornar a primeira companhia a realizar uma alunissagem bem-sucedida, já que até hoje todas as missões que conseguiram um pouso lunar, tripulado ou não tripulado, foram organizadas por agências espaciais de países. Mas qual? A briga vai ser boa. O Peregrine fará uma viagem bem mais longa, ficando bom tempo em órbita, coisa de um mês, antes de descer à superfície da Lua, na região de Sinus Viscositatis, com alunissagem marcada para 25 de janeiro.

Já o Nova-C, apesar de partir mais tarde, realizará uma viagem direta até a Lua, pousando entre três e cinco dias depois do lançamento, em 19 ou 21 de janeiro. Detalhe: a empresa ambiciona um pouso na região do polo Sul, com latitude ainda mais alta do que o local onde desceu a missão indiana Chandrayaan-3 em agosto deste ano, tornando a Índia o quarto país a pousar na Lua e a primeiro a visitar essa região cobiçada do satélite natural.

Com os dois novos lançamentos, a era das missões lunares comerciais pode estar para começar. Mas será que vai dar certo? Pousar na Lua não é fácil, e duas outras companhias já fracassaram (por pouco, é verdade) ao tentar: a isralense SpaceIL, em 2019, e mais recentemente a japonesa ispace, em 2023. Ambas prometem tentar de novo, e outras também estão nessa fila para conduzir suas próprias missões comerciais.

Concepção artística do módulo Peregrine, da Astrobotic, na superfície da Lua
Concepção artística do módulo Peregrine, da Astrobotic, na superfície da Lua - Astrobotic/Divulgação

A própria Nasa, principal financiadora no caso das missões americanas, reconhece que é um investimento de risco, mas julga valer a pena estimular startups espaciais a desenvolverem módulos de pouso de baixo custo, mesmo que ela perca algumas cargas úteis pelo caminho. A recompensa, em caso de sucesso, será um aumento brutal de acesso à Lua para atividades científicas e comerciais.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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