Mensageiro Sideral

De onde viemos, onde estamos e para onde vamos

Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira

Nasa fecha "outono dos asteroides" revelando astro duplo

Sonda Lucy fez seu primeiro de 11 encontros com objetos do tipo na quarta-feira (1º)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A Nasa fechou seu "outono dos asteroides" com chave de ouro na última quarta-feira (1º), quando a sonda Lucy realizou seu primeiro sobrevoo de um asteroide e descobriu que levou dois pelo preço de um: o Dinkinesh ("você é maravilhosa", em amárico, idioma etíope) é um astro duplo, que possui sua própria lua.


A façanha vem na esteira de uma série de eventos que marcaram a estação, como o retorno da cápsula da missão Osiris-Rex, em 24 de setembro, trazendo amostras do asteroide carbonáceo Bennu, e o lançamento da missão Psyche, em 13 de outubro, destinada a visitar um asteroide metálico localizado no cinturão entre Marte e Júpiter.

Imagem do asteroide duplo Dinkinesh captada pela sonda Lucy em 1º de novembro de 2023, a uma distância de 430 km - Nasa/Goddard/SwRI/Johns Hopkins APL/NOIRLab

Lançada em 2021, a Lucy tem como destino principal uma família de asteroides localizada na região de Júpiter, os troianos. O nome vem do fato de que, quando foram descobertos os primeiros desses astros, eles ganharam nomes inspirados pela Ilíada, de Homero, que conta a história da guerra de Troia. Eles acompanham o planeta gigante em sua órbita, precedendo-o ou sucedendo-o em seus trajetos ao redor do Sol.

Antes de chegar lá, contudo, a sonda passa pelo cinturão entre Marte e Júpiter, onde terá ocasião de sobrevoar mais um asteroide em 2025, além do recém-visitado Dinkinesh. O encontro serviu como uma espécie de test drive para os instrumentos da espaçonave, que se mostraram precisos no rastreamento e registro do objeto. Coube ao computador de bordo controlar automaticamente, sem intervenção do controle da missão em terra, o direcionamento das câmeras, conforme a nave passou pelo asteroide binário a 16 mil km/h.

As primeiras imagens revelaram que o Dinkinesh tem formato irregular e cerca de 790 metros de comprimento, enquanto seu companheiro tem 220 metros.
Os cientistas ainda esperam aprender muito mais sobre a dupla depois que receberem o conjunto completo de dados do sobrevoo, o que deve acontecer nesta semana.

A essa altura, o leitor pode estranhar esse interesse recente e frenético por asteroides. Eis dois bons motivos para estudá-los de perto. Primeiro, esses objetos trazem pistas para elucidar os mistérios do nascimento do Sistema Solar, já que são essencialmente restos do que sobrou do disco de gás e poeira que deu origem aos planetas, 4,5 bilhões de anos atrás. O nome da sonda, Lucy, é uma homenagem ao famoso fóssil australopiteco de 3,2 milhões de anos com papel importante no estudo da ancestralidade humana. A ideia é que ela vá estudar os "fósseis" da formação planetária.

O segundo motivo: é imperativo expandir nosso conhecimento sobre a variedade dos asteroides existentes, a fim de proteger a Terra de um futuro impacto perigoso.

No ano passado, a Nasa demonstrou, com a sonda Dart, a viabilidade de desviar o curso de um asteroide. Mas o grau de eficácia da técnica depende, entre outros fatores, da composição, densidade e consistência do alvo, algo que pode variar. A Lucy deve contribuir um bocado nessa tarefa nos próximos dez anos, visitando ao todo 11 asteroides de vários tipos (três no cinturão e oito troianos).

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

Siga o Mensageiro Sideral no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.