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Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira
Descrição de chapéu astronomia

Nave privada dos EUA tenta realizar pouso na Lua; siga ao vivo

Módulo da Intuitive Machines, de Houston, tenta descer no polo sul lunar às 20h24

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Após uma jornada de quase oito dias, o módulo Odysseus, da empresa Intuitive Machines, de Houston, no Texas, se prepara para realizar um pouso suave na Lua. Caso consiga, será a primeira alunissagem bem-sucedida de uma espaçonave privada e a primeira conduzida pelos EUA desde a Apollo 17, em dezembro de 1972. O pouso é esperado para 20h24 (de Brasília). Acompanhe ao vivo com o Mensageiro Sideral.


Até agora apenas agências espaciais tiveram sucesso com alunissagens, e somente as de cinco países: Rússia (então como União Soviética), EUA, China, Índia e Japão.

Caso dê certo, o pouso será o mais próximo do polo sul lunar já feito, batendo a marca da missão indiana Chandrayaan-3, que no ano passado desceu a uma latitude de 78 graus ao sul. O Odysseus mira a cratera Malapert A, a apenas 300 km do polo sul.

Há grande ambição na exploração dessa região da Lua, por conta da detecção de água no interior de crateras onde a luz solar nunca alcança. Por sinal, o alvo da IM-1 é muito próximo a um dos potenciais sítios de pouso da missão tripulada Artemis 3, com a qual os americanos esperam retomar a exploração da Lua com astronautas ainda nesta década. Da mesma maneira, chineses têm planos para iniciar voos tripulados lunares até o fim da década e estabelecer uma base no polo sul.

Imagem colhida pelo Odysseus nas proximidades da Lua antes de iniciar o procedimento de pouso
Imagem colhida pelo Odysseus nas proximidades da Lua antes de iniciar o procedimento de pouso - Intuitive Machines

O Odysseus, módulo da classe Nova-C, desenvolvido pela Intuitive Machines, transporta à superfície lunar seis instrumentos da Nasa, a um custo de US$ 118 milhões.

Eles consistem em um sistema de rádio que vai medir fontes astronômicas e o ambiente de plasma na exosfera lunar (a ultratênue, praticamente nula, atmosfera do satélite), um retrorrefletor (instrumento passivo para medição de distância à Lua com laser), um dispositivo para medir velocidade e distância do solo, uma câmera estéreo para observar efeitos da pluma do propulsor sobre o solo na alunissagem, um retransmissor de rádio para localização e um medidor de combustível disponível.

Também estão embarcadas cargas despachadas por entes privados, que vão de coberturas térmicas a esculturas, passando por uma câmera para ser ejetada e fotografar o pouso em perspectiva.

A missão foi iniciada na madrugada do dia 15 de fevereiro, com o lançamento do foguete Falcon 9, da SpaceX, impulsionando o Odysseus em uma trajetória translunar. O objetivo era chegar rápido à Lua por conta de uma inovação do projeto: o uso de um motor movido a metano e oxigênio criogênicos. Ele garante maior potência pela quantidade de combustível disponível, mas também traz o risco do fenômeno conhecido como "boil-off", em que os propelentes gradualmente evaporam e escapam dos tanques, que se esvaziam mais depressa.

A julgar pelos relatos diários da Intuitive Machines, o desempenho foi impecável. À parte uma pequena demora para resfriar as linhas de injeção de oxigênio líquido no espaço, em comparação com o desempenho na Terra, as manobras de comissionamento do motor foram muito bem. O primeiro disparo dele no espaço ocorreu no dia 16, testando tanto sua força total como um empuxo reduzido, que seria necessário ao pouso lunar.

No domingo (18) e na terça (20), duas manobras de correção de trajetória foram realizadas, com tamanha precisão que dispensaram a realização de uma terceira prevista. Na quarta-feira (21), um grande desafio foi superado, com a queima que permitiu a inserção orbital lunar. O Odysseus se estabeleceu então numa trajetória circular em torno da Lua com altitude de 92 km.

A espaçonave mandou imagens diretamente da órbita da Lua e iniciará seu procedimento de descida às 18h11.

Com o tamanho de uma tradicional cabine telefônica britânica e 675 kg, caso o Odysseus consiga pousar, ele deve operar seus instrumentos em solo lunar por cerca de uma semana, antes de encerrar a missão.

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