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Salvador Nogueira
Descrição de chapéu astronomia

Rover europeu que vai procurar vida em Marte deve voar em 2028

ESA fecha contrato para conceber novo módulo de pouso, após fim de cooperação com russos

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São Paulo

Após dois anos de incertezas, a ESA (Agência Espacial Europeia) fechou contrato para levar a termo sua missão de astrobiologia marciana ExoMars. O rover Rosalind Franklin, destinado a procurar sinais de vida passada ou presente no planeta vermelho, deve partir no final de 2028.

Originalmente, a missão deveria ter decolado em setembro de 2022, numa parceria da ESA com a Roscosmos (agência espacial russa), que forneceria o módulo de pouso, aquecedores radioativos para o rover e o lançamento, a ser feito num foguete Proton.

Contudo, no meio do caminho havia uma guerra. Em fevereiro daquele ano, a Rússia invadiu a Ucrânia, e a ESA decidiu suspender todos os projetos de cooperação com a Roscosmos. A missão ExoMars foi para o limbo, e o rover, já pronto para voar, quase virou peça de museu. Literalmente. Eles cogitaram colocá-lo num museu.

Concepção artística do rover Rosalind Franklin, da ESA, que visitará Marte em 2028
Concepção artística do rover Rosalind Franklin, da ESA, que visitará Marte em 2028 - ESA

E aí a Nasa veio ao resgate do projeto, oferecendo aquecedores de plutônio e um lançador – ainda a ser definido. Mas a participação da agência espacial americana era menor do que a que a russa anteriormente estava propiciando.

A última peça do quebra-cabeça se encaixou na terça-feira passada (9), quando a ESA fechou o contrato de 522 milhões de euros com a companhia Thales Alenia para servir como contratante do novo módulo de pouso para o rover, além de processar a montagem, integração e testes da espaçonave. O rover, praticamente já montado, terá de sofrer pouquíssimas adaptações para voar na nova plataforma, que ainda contará com sistemas desenvolvidos pela Airbus e um escudo térmico desenvolvido pela Ariane. Com isso, as três principais empresas do setor aeroespacial europeu estarão envolvidas no projeto.

O custo para recolocar a missão nos trilhos é alto, mas os europeus estão apostando que valerá a pena: não só o projeto poderá ser realizado de acordo com o planejado (fazendo valer o investimento de 1,3 bilhão de euros anteriormente gasto com ele), como a Europa terá desenvolvido um sistema próprio para entrada, descida e pouso em Marte.

Até hoje, apenas dois países realizaram missões bem-sucedidas em solo marciano: EUA e China. A Rússia até conseguiu conduzir um pouso, com a missão Mars 3, em 1971, mas o módulo parou de funcionar apenas 20 segundos após tocar o solo, não enviando dados úteis à Terra. Já o módulo Schiaparelli, desenvolvido por europeus e russos como protótipo do que seria usado com o rover Rosalind Franklin, acabou falhando em sua tentativa de pouso, em 2016. O projeto a ser desenvolvido agora é totalmente novo.

Caso tudo corra bem, a missão ExoMars promete: entre seus vários instrumentos científicos, o rover terá uma perfuratriz capaz de escavar a até dois metros de profundidade no solo marciano. Se houver alguma evidência bioquímica de que já existiu vida no planeta vermelho, é muito provável que ela seja encontrada no subsolo, protegida dos efeitos deletérios da radiação ultravioleta solar.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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