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Os bastidores do jornalismo nas periferias de SP

Descrição de chapéu

Quem vê close (no podcast) não vê corre (no bastidor)

Como é produzir um podcast diário sobre as periferias de São Paulo

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Gabriela Carvalho Rômulo Cabrera
São Paulo e Suzano | Agência Mural

Eu, Gabriela Carvalho. E eu, Rômulo Cabrera, decidimos "inovar" este post do blog Mural utilizando um formato de texto que nos é muito comum, que é o modelo de roteiro do Próxima Parada, nosso podcast diário, uma parceria entre a Agência Mural e o Spotify.

E nem poderia ser diferente, né, Gábi, porque, sinceramente, eu não consigo pensar num texto que não seja e não esteja neste formato quebrado, uma espécie de diálogo em que o jornalístico se confunde com uma conversa entre amigos.

Gabriela Carvalho

Por isso não se espante com a formatação deste texto (e espero que a Izabela Moi, uma das gestoras da Mural e responsável pela edição, também não se espante ao ler isto).

Rômulo Cabrera

Iza, eu entendo se não gostar do conceito, mas pode deixar a parte do "cão au au" e do "gato miau"? Sinto que é a sacada mais genial que tive até hoje na profissão.

Gabriela Carvalho

Eu acho que você está se adiantando, cara…

Rômulo Cabrera ao lado de Gabriela Carvalho
Rômulo Cabrera e Gabriela Carvalho são apresentadores do Próxima Parada, podcast da Agência Mural - Agência Mural

Rômulo Cabrera

Eu não saberia começar este texto sem antes mencionar, ou melhor, registrar a maravilhosa cena desta quinta-feira, 3 de março de 2022, às 16 horas mais ou menos, da mãe da Gabriela, a dona Lourdes, surgindo DO NADA na fresta da porta do quarto da filha. Tipo aqueles filmes de suspense, ao melhor estilo Jack Nicholson do Parque São Jorge, sabe?

O susto que eu tomei, meu Pai!

Eu certamente não estava esperando, tampouco a Gábi.

Desde que o home office virou rotina, ao menos para nós, cenas como esta se tornaram comuns. Seja como a que rolou lá na casa da Gábi, seja aqui em casa, com os meus pais fofocando em alto e bom som as novidades da vizinhança, enquanto eu tento gravar o episódio do dia do Próxima Parada.

O áudio é um elemento importantíssimo para nós, tá ligado? E é curioso pensar que, para isso, precisamos do silêncio durante as gravações.

(Então, caro leitor e cara leitora, eu pensei em fazer uma baita reflexão acerca do "som e do silêncio", uma parada poética, sabe?, mas não consegui pensar em nada inteligente).

Mas, voltando…

Até por isso que eu não consigo entender o fenômeno que ocorre toda vez que eu e Gábi vamos gravar. É de lei. É ligar o microfone e o cão au au, o gato miau, o pintinho piu, e a moto rá tá tá tá tá tá…

Gabriela Carvalho

A questão é que esta é só a ponta do iceberg da nossa produção diária e, mesmo esses empecilhos sendo chatinhos, nós temos conseguido driblar as adversidades no dia a dia.

Só que não adianta nada se essas vozes não estiverem "audíveis", "nítidas".

É por isso que aqui na equipe acabamos assumindo a função de "fiscais de áudio".

Rômulo Cabrera

A bem da verdade, essa função é da Pammela Gentil, nossa editora de áudio. Ela é tão bitolada nisso (no sentido técnico da coisa), que consegue perceber quando o entrevistado e até mesmo nós, apresentadores, não estamos nos melhores dias.

"Cara, o que rolou com a tua voz?", ela perguntou certa vez.

"Abusei no karaokê sexta-feira passada cantando muito porcamente Pearl Jam", foi a minha última desculpa.

Gabriela Carvalho

Mas, voltando ao que o Rômulo disse, gravar um programa diário tem estas imprevisibilidades do ruído externo. Só que as nossas gravações, mesmo com tudo isso, ainda são a parte mais "controlada" da produção que fazemos em casa.

Rômulo Cabrera

Ah, sim! Para quem não sabe, eu e Gábi gravamos cada um em suas respectivas casas... ou quartos. Meu quarto se confunde com uma sala mambembe de escritório, tamanho a bancada que eu instalei aqui para trabalhar com um pouco mais de conforto – conforto "é muito forte", já diria Casimiro. A lombar ainda agoniza…

Aliás, gravar um podcast em casa não foi lá coisa fácil, viu. Além de toda a questão técnica, da acústica do local, tá ligado?, no meu caso eu ainda tive que superar a vergonha de, não de falar em público, mas de falar sozinho, no quarto, enquanto os meus pais, e provavelmente os vizinhos, escutavam os repetidos "e eu, sou o Rômulo Cabrera", ou "não esqueça de seguir a gente aqui no Spotify e ativar o sininho para receber a notificação quando subirmos novos episódios".

Pode parecer bobo agora, mas eu penei para superar isso e falar com mais "naturalidade" ao microfone, sabe? Hoje eu estou mais à vontade e até dou gostosas e altas gargalhadas para o… monitor, que é o único objeto com que eu, de fato, interajo durante as gravações do podcast.

Só não fizeram uma intervenção ainda por piedade.

De fato, o monitor virou a companhia para tudo, até mesmo para as entrevistas nos momentos mais restritivos da pandemia. Tomar cuidado e prestar atenção na qualidade do áudio faz parte do nosso dia a dia, mas também incorporamos alguns sons na própria identidade do Próxima Parada. Afinal de contas, não tem como falar das quebradas e conseguir desviar o tempo todo do "rá tá tá tá tá" das motos ou dos anúncios do carro do ovo. A nossa identidade sonora conversa muito com isso.

Aprendemos a lidar com a imprevisibilidade. Alguns dias são tranquilos, enquanto outros acabam deixando a equipe no 220, ligadões! A fórmula mágica para resolver as coisas não existe, mas para colocar um novo episódio no ar de segunda a sexta-feira, vimos como é importante ter sintonia entre nós.

Nos dias de correria, é comum ouvir da nossa produtora: "consegui entrevista com fulana, já passo os áudio pra decupar e vocês irem produzindo o roteiro". Vamos nos dividindo até o episódio tomar forma.

Rômulo Cabrera

É aquele bagulho do "ninguém solta a mão de ninguém", tá ligado?

Rômulo Cabrera

O podcast tem se popularizado cada vez mais, mas, sinceramente, ainda é muito difícil explicar "o que é um podcast" para quem não é um "iniciado", sabe? Explicar para os meus pais, por exemplo.

Até hoje minha mãe espera "ver" a tal entrevista que fizemos com o atual prefeito de São Paulo, o Ricardo Nunes (que, aliás, fica a dica). Quando digo que é só o áudio, "tipo um rádio, mas na internet", ela devolve um "ah, tá" e volta para o feed do TikTok no celular dela.

Rômulo Cabrera

Tudo isso para dizer que quem vê close (no podcast) não vê o corre (no bastidor).

Gabriela Carvalho

Por hoje é isso e até mais!

Rômulo Cabrera

Valeu e até a Próxima… Parada.

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