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Música em Letras - Carlos Bozzo Junior
Carlos Bozzo Junior

Daniel D'Alcântara Quinteto faz show celebrando a sonoridade dos quintetos de Miles Davis

Cinco dos melhores instrumentistas do Brasil estão neste show

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São Paulo

Neste sábado (4), o quinteto do compositor, arranjador e professor Daniel D'Alcântara passeia, em show no Sesc Santana, às 21h, pelo repertório das duas principais formações de quinteto de Miles Davis (1926-1991) das décadas de 50 de 60, com standards do cancioneiro norte-americano, composições do bebop e músicas de Wayne Shorter e Herbie Hancock.

Deleitar-se com esse repertório, bem como com músicas autorais de Daniel D'Alcântara nas quais a improvisação individual e coletiva, interação e espontaneidade do quinteto formado por ele (trompete e flugelhorn), Vitor Alcântara (saxofone tenor), Edson Sant'anna (piano), Bruno Migotto (contrabaixo elétrico) e Cuca Teixeira (bateria), é o que o público pode esperar desse trabalho.

Posando para câmera e sorrindo, no estúdio onde ensaiaram, em São Paulo, a partir da esquerda, o baterista Cuca Teixeira, o saxofonista Vitor Alcântara, o contrabaixista Bruno Migotto, o trompetista Daniel D'Alcântara, e o pianista Edson Sant'anna, todos integrantes do Daniel D'Alcântara Quinteto
A partir da esquerda, o baterista Cuca Teixeira, o saxofonista Vitor Alcântara, o contrabaixista Bruno Migotto, o trompetista Daniel D'Alcântara, e o pianista Edson Sant'anna - Carlos Bozzo Junior/Folhapress

O Música em Letras esteve no ensaio do Daniel D'Alcântara Quinteto, conversou com o trompetista, que conta com mais de 30 anos de sólida carreira, e gravou um vídeo com exclusividade para o blog. Assista ao vídeo, no final deste post, no qual você poderá ter uma amostra da sonzeira que vai rolar no palco com esses cinco grandes músicos (veja vídeo no final do texto).

Leia, a seguir, a entrevista que Daniel D'Alcântara concedeu com exclusividade ao Música em Letras.

Como você enfrentou a pandemia em termos de trabalho?

Na realidade tenho privilégio de lecionar em três das mais prestigiosas escolas de música em São Paulo, a EMESP – Tom Jobim, Escola Municipal de São Paulo e a Faculdade Souza Lima, e todas elas mantiveram as aulas no modo online, o que foi ótimo no aspecto financeiro, mas principalmente no aspecto mental, pois o contato com os alunos e poder incentivá-los a continuar os estudos, mesmo em momentos tão tenebrosos, foi uma gota de esperança e ânimo para mim e para eles. O problema foi não interagir com os amigos músicos ao vivo e a experiência do "play", do improvisar e criar espontaneamente...isso fez muita falta.

Por que escolheu esses músicos para este trabalho? Qual a característica musical de cada um deles.

Toco com eles há muitos anos, tenho uma relação de admiração musical e pessoal por todos; gosto de estar cercado de músicos que priorizam a criatividade e que têm, em suas habilidades, características diferentes das minhas.

O Vitor Alcântara é um improvisador inquieto e que sempre busca alternativas melódicas e harmônicas bem diferentes das minhas. Temos também um blend de timbres que é natural e não precisamos combinar nada com relação à interpretação e articulações, simplesmente flui.

O Cuca Teixeira é talvez um dos bateristas mais completos que conheço, ele tem uma cultura musical muito ampla o que lhe dá uma segurança nas escolhas criativas absurda, sem contar o seu domínio técnico no instrumento, sempre usado com muito bom gosto e categoria musical.

Edson Sant'anna é um dos mais talentosos improvisadores da atualidade. Além disso, tem um treinamento em piano clássico, trazendo texturas harmônicas inovadoras vindas de Debussy, Ravel, Villa, da combinação com bebop, modalismo e também da música brasileira.

Bruno Migotto, da mesma forma que o Edson e o Cuca, tem como prioridade a música e o que está acontecendo de mais criativo no momento; ele tem a capacidade de transformar os climas e entender rapidamente o que o Cuca e o Edinho fazem, além de ser um compositor fantástico, sua segurança rítmica e harmônica é impressionante.

Quais músicas estão garantidas no espetáculo?

Tocaremos o repertório do Miles, mas não necessariamente composições dele, como "Freedom Jazz Dance", de Eddie Harris; "Pinocchio", de Wayne Shorter; "My Funny Valentine", de Rodgers e Hart; "Milestones" e "Four", de Miles Davis. E também duas composições minhas: "Ilha Bela" e "Phunk".

Destaque alguns desses temas.

Deixo aqui a sugestão de "Pinocchio", em que a melodia do Wayne vira um ostinato em que, durante a execução, o Cuca fará um solo sobre a melodia, criando intensidade crescente e explosiva. Em contraste, teremos a leitura de "My Funny Valentine", imortalizada por Miles, que será a única música no formato canção do show, embora não seja cantada. Todas as outras são temas originais, sem letras.

O que as pessoas devem ter em mente quando forem assistir ao show?

Espero que a plateia curta entrar na viagem da improvisação e da criação instantânea do quinteto, não faltarão melodias bonitas, harmonias interessantes, groove, suingue. Mas também espero que o público entenda que um segundo show, com essa mesma formação, será completamente diferente. É este o nosso intuito ao entrar no palco, não queremos repetir as coisas sempre da mesma maneira. A capacidade da criação, da improvisação é nata do ser humano e o que temos ouvido nos últimos anos é exatamente o contrário da nossa própria natureza.

Assista, a seguir, ao vídeo que o Música em Letras gravou com exclusividade para você que acompanha o blog.



SHOW MILES SMILES QUINTETO DE DANIEL D’ALCÂNTARA
ARTISTA Daniel D'Alcântara Quinteto
QUANDO Neste sábado (4), às 21h
ONDE Sesc Santana, av. Luiz Dumont Villares, 579, Santana, São Paulo, tel. (11) 2971-8700
QUANTO De R$20 a R$ 40

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