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Carlos Bozzo Junior

Salomão Soares e Vanessa Moreno lançam álbum 'Yatra-Tá' em três shows

O Música em Letras entrevistou e gravou um vídeo com os artistas

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São Paulo

O pianista, compositor e arranjador paraibano Salomão Soares, 31, e a cantora e compositora paulista Vanessa Moreno, 35, fazem três shows no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, para lançarem o álbum "Yatra-Tá". As apresentações acontecem nesta sexta-feira (17), no sábado (18) e no domingo (19).

Lançado nas plataformas digitais na sexta-feira (10), o disco, com 11 faixas, traz interpretações do duo de músicas de Joyce Moreno, Luiz Gonzaga (1912-1989), Djavan, Hermeto Pascoal e da pianista Tânia Maria, entre outros. O disco conta ainda com as participações especiais dos cantores Mônica Salmaso e Renato Braz.

Em foto colorida e sentados diante de um piano de armário estão o pianista Salomão Soares e a cantora Vanessa Moreno sorrindo
O pianista Salomão Soares e a cantora Vanessa Moreno ensaiando para os shows de lançamento do álbum "Yatra-Tá" - Carlos Bozzo Junior/Folhapress

O Música em Letras entrevistou, gravou um vídeo (veja no final do texto) e fez um faixa a faixa com a dupla, especialmente para você, internauta que acompanha o blog.

Salomão Soares de Carvalho, nasceu em Cruz do Espírito Santo, na Paraíba, e amealha 20 anos de sólida carreira, além de ter lançado cinco discos excelentes: "Toninho Ferragutti e Salomão Soares" (2018); "Alegria de Matuto – Salomão Soares Quarteto" (2018); "Colorido Urbano – Salomão Soares Trio" (2019); "Chão de Flutuar – Salomão Soares e Vanessa Moreno" (2019); e "Yatra-Tá – Salomão Soares e Vanessa Moreno" (2021).

Vanessa Moreno da Silva tem 19 anos de carreira e já lançou sete discos muito bons: "Grupo Karallargá" (2012); "Vem Ver - Vanessa Moreno e Fi Maróstica" (2013); "Cores Vivas - Vanessa Moreno e Fi Maróstica" (2015); "Em Movimento" (2017); "Chão de Flutuar - Salomão Soares e Vanessa Moreno" (2019); "Sentido" (2021); e agora "Yatra-Tá - Salomão Soares e Vanessa Moreno" (2021).

Os dois artistas lidaram com a pandemia da Covid-19 trabalhando e se reinventando. "Com certeza a pandemia foi o maior desafio de qualquer artista da face da Terra, por diversos motivos, começando pelo fato do distanciamento social, o que interfere diretamente em shows presenciais. Acho que foi uma maneira da gente também tentar se reinventar, se descobrir melhor. Comecei a dar mais aulas online e também criei um curso de piano online, o Piano Rítmico, o que tem sido uma experiência nova e muito interessante. E o outro lado, foi cuidar da cabeça e literalmente da saúde. Mas a gente vai seguindo e acho que se não fosse a arte e a música, com certeza seria muito mais difícil. Felizmente estamos aqui agora para lançar um álbum novo, que foi gravado na pandemia na Gargolândia, estúdio do nosso querido amigo e patrocinador do projeto Rafael Altério", disse Salomão Soares.

Já Vanessa Moreno afirma que as aulas em grupo e online a auxiliaram muito nesse momento. "Os shows online também foram muito bem-vindos, além dos vídeos colaborativos a distância, que foram fundamentais para a sanidade mental que vem das possibilidades de trocas e de se fazer música junto. Além desse disco com Salomão, também gravei um disco sozinha, de voz e violão, que foi uma fonte importante de descobertas, aprendizados e de novas possibilidades de trabalho por aqui."

Em foto colorida Salomão Soares e Vanessa Morena posam para câmera
Capa do disco "Yatra-Tá" com Salomão Soares e Vanessa Moreno - Divulgação

Qual o conceito do novo álbum "Yatra-Tá"?

Salomão Soares respondeu: "Assim como nosso primeiro disco, ganhamos este também de presente do querido Rafael Altério (carinhosamente chamado de Garga), que nos possibilitou registrarmos esse encontro musical. A ideia é que o álbum fosse quase como uma continuação do primeiro disco, visitando recortes do cancioneiro brasileiro com músicas com as quais nos identificamos, com reflexões que também gostaríamos de levantar e dessa forma dividir com as pessoas um pouco dos nossos processos até aqui. A possibilidade de nos sentirmos mais livres, entrosados e confiantes nas nossas formas de fluir musicalmente foi um ponto de partida importante. Algumas mudanças em nossas formas de tocar juntos, de interpretar as canções de outros compositores e também as transformações que aconteceram durante esse tempo em nossas jornadas individuais estão aparentes nesse disco."

Segundo Salomão o nome do disco "Yatra-Tá" veio da música da compositora, cantora e pianista maranhense Tânia Maria. "Além de ser nome da música de Tânia Maria (que é uma grande influência para nós), virou também o nome do disco. ‘Yatra’, em sânscrito, significa ‘jornada de transformação’, o que traduz bem nossos processos até aqui. Além de ser um nome com uma sonoridade bem rítmica, que é um ponto onde nos afinamos muito musicalmente."

Outras músicas do álbum foram comentadas pelos dois artistas.

"A Vida do Viajante", de Luiz Gonzaga e Hervé Clodovil, tem a seguinte definição dada por Salomão Soares: "Como sou do Nordeste, cresci ouvindo muito Gonzaga em casa por conta dos meus pais. Então essa música em especial acho que retrata bastante a vida dos artistas que vivem viajando para levar a arte mundo afora. E contamos com uma participação luxuosa do Renato Braz, que abrilhantou lindamente essa música."

"Vicente Chegou", de Salomão Soares. "Essa é a única faixa autoral do disco. Vínhamos tocando ela nos shows ao vivo e acabamos colando também nesse registro. Essa música eu compus para o Vicente, que é meu afilhado, filho do Guegué Medeiros e da Paty Carvalho. Acontece que nós moramos no mesmo prédio e acompanhei um pouco a gravidez deles. Quando o Vicente nasceu eu fiquei muito emocionado e inspirado, sorte que estava com o celular por perto, porque sentei no piano e liguei o rec, a música saiu inteirinha", disse o pianista.

"Milagreiro", de Djavan. "Um certo dia, estava no Uber com a Vanessa a caminho de um show, e a gente estava comentando sobre músicas para colocar no repertório. Ai toca no rádio do carro ‘Milagreiro’ do Djavan e comentamos na hora: ‘nossa, essa temos que tocar!’. Na passagem de som, lembro que começamos a explorar uma ideia de arranjo e já tocamos no mesmo dia. Daí para frente não saiu mais do repertório novo", revelou Salomão Soares.

"De Sábado para Dominguinhos", de Hermeto Pascoal, também está no repertório do disco. "O Hermeto Pascoal é sem dúvida a minha maior influência na música. Acho que foi o músico que mais ouvi e mais adentrei na obra; não poderia faltar uma homenagem ao ‘mago’ também nesse disco. A Vanessa tem uma coisa de que eu gosto muito, que é a sua versatilidade para cantar canções ou músicas instrumentais sem letra, o que acaba sendo uma característica do nosso projeto, explorar os caminhos de piano e voz por diversos prismas."

"Para Lennon e McCartney", de Marcio Borges, Lô Borges e Fernando Brant. "A música mineira tem um lugar especial no meu coração e essa é uma das minhas prediletas. Conheci essa composição pela interpretação genial Milton Nascimento", disse Salomão.

"Testamento", de Milton Nascimento e Nelson Angelo. "Falando do texto, essa letra me remete à necessidade de olharmos com cuidado e urgência o que é preciso, sobretudo nesse momento. Principalmente depois do início da pandemia. Me diz sobre a responsabilidade, cuidado e presença.

Sempre que escutava essa canção, me sentia muito conectada com os dizeres. Quando cogitamos fazê-la, e ainda com as harmonias e nuances propostas pelo Salomão, sinto que a viagem para esses olhares se tornou ainda mais profunda. Destaque para a participação de Mônica Salmaso, preciosidade que nos inspira e que, com essa voz de veludo, e com o cuidado com cada nota e com uma potência única, nos leva sempre além", comentou Vanessa Moreno.

"Mistérios", de Joyce Moreno e Maurício Maestro. "Acho bonito como essa parceria linda que conheci a princípio na voz de Milton Nascimento brinca com alguns elementos da natureza como fogo, água e vento, fazendo um paralelo com outras sensações. Resolvemos fazê-la de uma forma bem livre, como uma bossa aberta para experimentações", falou Vanessa Moreno.

"Beiral", de Djavan. "Para mim, é uma das mais divertidas do disco. Além de gostarmos muito de Djavan, tentamos deixar ela bem solta para brincar, principalmente ritmicamente. A forma como Salomão toca essa canção me permite ficar bem livre, o que aumenta ainda mais a confiança musical em ambos para que possamos arriscar novos caminhos e possibilidades. Ela conta uma história divertida, que ganhou outros significados para mim nessa formação de piano e voz", disse a cantora.

"Leão do Norte", de Lenine e Paulo César Pinheiro. "Lenine também é dos meus compositores favoritos. Essa parceria com Paulo César Pinheiro é das minhas prediletas. Cantá-la nessa formação é um presente. A ideia acabou sendo de trazer para os sons possíveis em nossos instrumentos as atmosferas descritas e propostas na letra. E me sinto fazendo um passeio por Pernambuco, enquanto canto e ouço Salomão tocar e trazer mil nuances e tambores por meio das teclas. Diria até que, dessa forma, consigo visitar mais tantos outros pedacinhos do nosso Nordeste", disse Vanessa Moreno.

Assista, a seguir, ao vídeo gravado com exclusividade pelo Música em Letras, no qual a dupla de artistas interpreta "Para Lennon e McCartney", de Marcio Borges, Lô Borges e Fernando Brant.

SHOW DE LANÇAMENTO DO ÁLBUM ‘YATRA-TÁ’

ARTISTAS Salomão Soares, Vanessa Moreno e participação especial de Renato Braz

QUANDO Sexta-feira (17) e sábado (18), às 21h; domingo (19), às 18h

ONDE Sesc 24 de Maio, r. 24 de Maio, 109, R. 24 de Maio, 109, República, São Paulo, tel. (11) 3350-6300

QUANTO De R$ 20 a R$ 40

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