A cantora e compositora Tulipa Ruiz lança na próxima sexta-feira (23), em todas as plataformas digitais, "Habilidades Extraordinárias", seu novo disco com 11 composições inéditas.
"Habilidades Extraordinárias" é o quinto álbum da artista que já lançou "Efêmera" (2010), "Tudo Tanto" (2012), "Dancê" (2015) e "TU" (2017), todos produzidos por Gustavo Ruiz, guitarrista e parceiro de várias músicas do repertório de Tulipa.
Gravado no estúdio Brocal, de Tulipa e Gustavo, o disco teve sua captação realizada como antigamente, analógica. "Decidimos gravar o disco na fita ao invés de no computador. Utilizamos um gravador Tascam de oito canais em meia polegada. O teste definitivo foi ‘Samaúma’, a primeira música gravada que norteou a sonoridade do disco", disse Gustavo.
Segundo a artista, "Samaúma é o nome de uma árvore também conhecida na Amazônia como sumaúma e Árvore da Vida, por conta de suas raízes tubulares que rebentam em determinadas épocas do ano, irrigando toda a área e a vida que a circunda. A música fala da natureza de uma mulher que se relaciona com a natureza das coisas e dos mistérios de maneira consciente, inconsciente, orgástica e respeitosa".
Sobre o disco, Tulipa o define como um disco pós-confinamento, "com os hematomas e as dores decorrentes de tanta violência social, política, ambiental, nos relacionamentos, trabalhista. Um disco que tenta expurgar o agora, cultivando a coragem em meio a tanta falta de estímulo. Sobre estar viva e presente, sobre renascer a cada dia".
Conheça, a seguir, a letra de "Sumaúma", de Tulipa e Gustavo Ruiz, gravada com a voz de Tulipa, guitarra de Gustavo, baixo de Gabriel Mayall, bateria e percussão de Samuel Fraga, sintetizadores e piano elétrico Rhodes de Jonas Sá, além da guitarra de Pedro Sá.
Sumaúma
Massageio a coluna na parte mais aguda de
uma pedra molhada
Visito dia sim, dia não, uma samaúma de
noventa metros
Que me salvou na última enxurrada
Escondo minhas pedras e tecidos
Na diferença entre um seixo e um boto
Os mistérios guardo na semelhança
Agrupo por cores
Em prateleiras
Durante a piracema fico dourada, enquanto os
lagos ficam prateados
Quando isso acontece, as parafinas das velas
derretem com mais facilidade
E as luzes de led ficam levemente
avermelhadas
Vou misturar vogais com sementes
Vou fazer uma bolsa de água quente
Vou tingir com terra os meus quadris
Deliro quando encosto meu corpo no rio
Meu verbo vira espuma, eu viro espuma
Eu viro verbo, eu viro espuma
Eu viro espasmo e fico pasma quando vira
música
Será que eu te contei?
Cachoeira na nuca é o melhor cafuné
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