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Música em Letras - Carlos Bozzo Junior
Carlos Bozzo Junior

Grupo Experiência Dylan apresenta 'Infiéis' nesta terça-feira em São Paulo

Espetáculo transita pela literatura, com Jack Kerouac, pela música, com Patti Smith e outros, e ocupa o Teatro da Rotina

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Acontece nesta terça-feira (4), às 20h30, no Teatro da Rotina, em São Paulo, a apresentação de "Infiéis – ou Quando Deus Saiu em Viagem de Negócios" do grupo Experiência Dylan.

Formado por Oswaldo Almeida Jr. (voz e guitarra), Wallace Puosso (percussão e voz), Fred Ribeiro (bateria e voz), Romulo Scarinni (acordeon, trompete, teclado e backing vocal) e Rafael Braga (contrabaixo, teclado e voz), o Experiência Dylan é um projeto que surgiu em 2015, no qual seus integrantes transitam pelas áreas de literatura, música e teatro, tendo sempre a obra de Bob Dylan como ponto de partida.

Em foto colorida, o grupo Experiência Dylan posa para a câmera
O grupo Experiência Dylan - Divulgação

Diferentemente dos espetáculos anteriores, neste o grupo apresenta canções e textos de outros autores, como Jack Kerouac (1922-1969), Charles Bukowski (1920-1994), Patti Smith, Nina Simone (1933-2003), Allen Ginsberg (1926-1997), Friedrich Nietzsche (1844-1900), Leonard Cohen (1934-2016), Tom Waits, George Harrison (1943-2001), Walter Franco (1945-2019) e Belchior (1946-2017), entre outros.

Segundo o guitarrista Oswaldo Almeida Jr., "Infiéis" é o aprofundamento da proposta do Experiência Dylan. "Hoje, os textos literários conduzem o roteiro e são escritos em forma de dramaturgia, o que faz o espetáculo diferenciar-se de um show, de um sarau ou de uma peça teatral. Mas há muita música e, desta vez, o grupo distancia-se da abordagem única da obra de Bob Dylan, a quem tem apenas como inspirador. Dele tocamos ‘Gotta Serve Somebody’, da sua fase religiosa, do álbum ‘Slow Train Coming’; ‘Señor’, do álbum ‘Street Legal’, de 1978; e ‘Pressing On’, também da fase religiosa do artista, mas do álbum ‘Saved’."

Outros autores compõem o repertório do espetáculo. O grupo procurou obras (músicas e textos) que abordam o tema da crença, mas procura deixar evidente, nos arranjos, a complexidade textual de cada uma das canções.

Em "Hallelujah", de Leonard Cohen, o guitarrista Oswaldo Almeida comenta: "É uma música costumeiramente tida como muito religiosa e utilizada frequentemente em cerimônias como casamentos. No entanto, a música fala sobre as diversas formas como alguém pode se aproximar de sua fé. A canção fala de poesia e fala de sexo. Por isso, a banda criou um arranjo inédito, em forma de blues. A tradução das letras acompanha todo o espetáculo e, no caso de 'Hallelujah', ajuda o público a entender a abordagem mais sensual proposta pelo grupo".

Em foto colorida, o grupo Experiência Dylan posa para a câmera
Grupo Experiência Dylan - Divulgação

Sobre "Sympathy for the Devil", de Mick Jagger e Keith Richards, Oswaldo Almeida Jr. diz: "Como ‘Hallelujah’, ‘Sympathy’ é uma música muito conhecida, quase foi tocada pelo grupo em seu arranjo original, porque é o momento em que o demônio entra em cena, embalado pela interpretação dos textos de ‘Hallelujah’ (a cena da mulher nua no terraço) e de ‘Man of Peace’ (canção de Dylan). Mas o arranjo original de ‘Sympathy’ incomodava o grupo, porque a introdução tem forte percussão tribal. Nas reflexões do grupo, já é hora de dissociar a imagem do demônio da percussão que remete à música de origem africana. Por isso, o arranjo da banda tem muito suingue e deixa a canção quase funkeada".

A respeito das músicas "Serra do Luar" e "Coração Tranquilo", de Walter Franco, o músico revela: "O grupo fez um arranjo muito, mas muito diferente do original e fez uma simbiose entre as duas canções do compositor. Nas apresentações anteriores, foi uma das músicas que fizeram o público se levantar e dançar junto com os integrantes. A música tem uma citação de ‘Got My Mojo Working’, canção de blues de Preston Foster, que ficou muito conhecida na voz de Muddy Waters".

E por fim, sobre a conhecida "My Sweet Lord", de George Harrison, o integrante disse: "O arranjo quase jazzístico do grupo remete à doçura que o título da música sugere. No entanto, o texto que precede e o texto que sucede a música tem a fala crítica de Nina Simone, que questiona o Deus doce de George Harrison. O personagem diz: ‘o mundo está esperando você, Senhor, você não vai aparecer? A realidade vem hoje, sorrindo seu onisciente e diabólico sorriso, apertando o seu rosto feio contra o meu. Hoje, quem é você, Senhor? Agora é tarde demais, tarde demais’. Essa fala crítica, de Nina Simone, foi feita na introdução da versão ao vivo que ela fez para ‘My Sweet Lord’, registrada no disco ‘Emergency Ward’, de 1972".

Bom espetáculo!

SHOW ‘INFIÉIS OU QUANDO DEUS SAIU EM VIAGEM DE NEGÓCIOS’

ARTISTA Experiência Dylan

QUANDO Terça-feira (4), às 20h30 (abertura da casa às 19h)

ONDE Teatro da Rotina, r. Simão Álvares, 697, Pinheiros, São Paulo, tel. (11)98780-7750

QUANTO R$ 30

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