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Música em Letras - Carlos Bozzo Junior
Carlos Bozzo Junior

Marta Karassawa Quintet apresenta 'Tempo Bom' na Blue Note, em São Paulo, nesta quinta-feira

Assista aos vídeos do grupo e leia entrevista com a artista, além do faixa a faixa do álbum

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Acontece nesta quinta-feira (9), às 22h30, na Blue Note, em São Paulo, a apresentação do Marta Karassawa Quintet, na qual o grupo mostra o repertório do álbum "Tempo Bom", primeiro disco autoral da pianista, arranjadora e compositora brasileira graduada na Berklee College of Music.

Formado por Marta Karassawa, Teco Cardoso (sax tenor e flautas), Sidmar Vieira (trompete e flugel), Frank Herzberg (contrabaixo) e Zé Eduardo Nazário (bateria), o grupo, criado nos anos 2000, desenvolveu um trabalho que relembrava os quintetos jazzísticos das décadas de 40 e 50. Atualmente o Marta Karassawa Quintet apresenta um repertório autoral eclético, com ritmos brasileiros, pitadas de jazz, blues e funk.

Em foto colorida, a pianista, arranjadora e compositora Marta Karassawa aparece tocando piano
A pianista, arranjadora e compositora Marta Karassawa - Divulgação

Perguntei para a pianista, que amealha 35 anos de carreira, o que as pessoas devem ter em mente quando forem ao show? "Que elas vão fazer uma viagem emocionante, cheia de sons e sensações e que vão se deliciar com um repertório que vai agradar todos os gostos, do samba ao baião, do blues funkeado à bossa nova. Tudo regado com a musicalidade incrível dos artistas com quem vou dividir o palco, além das convidadas Cindy e Stephanie Borgani."

Qual o conceito do álbum "Tempo Bom"? "O álbum é uma coletânea de composições escritas em diferentes períodos da minha vida, daí a diversidade de influências e estilos, que vão desde o partido alto ao blues funkeado e do baião ao swing."

Qual dificuldade encontrou ao gravar esse trabalho? "Quando pensei em gravar o álbum, sabia que teria que ser com o dinheiro de um crowdfunding, porque não tinha verba, já que queria gravar em áudio e vídeo. Esta já foi a primeira dificuldade. A segunda, foi conseguir conciliar data de gravação do estúdio que eu queria, com a agenda dos músicos, que era muito apertada. Quando consegui a data e estava prestes a começar a campanha de crowdfunding, dois meses antes da gravação, perdi minha mãe de uma forma repentina e inesperada. Fiquei tão abalada que pensei em desistir, mas o Frank [baixista e marido da artista], que estava produzindo, foi muito paciente e respeitou meu luto e meu tempo. Um dia acordei e pensei, me comprometi com tanta gente, não posso deixar todos na mão. Foi então que três semanas antes de começar a gravação, tomei coragem e comecei a fazer o crowdfunding para levantar o dinheiro que precisava e consegui."

Onde e quando o álbum foi gravado? "Foi gravado no estúdio Da Pá Virada, do Big Rabello e da Dani Gurgel, nos dias 14 e 15 de abril de 2023, e no dia 21 de maio gravamos as vozes de duas faixas, no estúdio Soundfinger Produções."

Leia, a seguir, o faixa a faixa do álbum "Tempo Bom" feito com exclusividade pelo Música em Letras com a pianista Marta Karassawa e assista aos vídeos no final do texto.

1. "Cama de Gato"

"Essa música, que já foi lançada como single, tem como ponto alto a participação e solo de Jacques Schwarz-Bart [saxofonista francês]."

2. "Mantra"

"É a música mais diferente do álbum, modal, com uma linha de baixo que se repete ao longo do tema como um mantra. Daí o nome. O ponto alto foi a participação da vocalista Stephanie Borgani, que dobra o tema e o solo de sax, com o Teco [Cardoso], que faz também um solo belíssimo."

3. "Good Vibes"

"O próprio nome diz, é um tema gostoso e fácil de ouvir; uso um Fender Rhodes [piano elétrico]."

4. "Vento Sul"

"É um tema forte. Dei este nome devido à linha de baixo inicial, que acontece também em alguns pontos da música, o solo de bateria é do Zé Nazário, que está ‘quebrando tudo’."

5. "Honey Beer"

"É um tema em três, em que o baixo toca a melodia do primeiro tema junto com o piano. O baixo tem um papel de exposição, porque escrevi esta música para o Frank [baixista]. Tem o trocadilho de Honey beer, ao invés de Honey Bear, porque o Frank, sendo alemão, adora uma cervejinha, e Honey é como eu o chamo."

6. "Tom Cat Blues"

"É um blues funkeado na onda de Herbie Hancock."

7. "Pra Lu"

"É a versão instrumental dessa bossa nova (tem a versão cantada também) com flauta, flugel e cozinha que escrevi para minha filha Luisa. Essa música tem uma história engraçada. Compus e a arranjei em swing inicialmente. Então achei que colocar uma letra nela seria interessante, e enviei-a para Cindy Borgani por Sibelius[programa de computador] para que escrevesse uma letra. Quando ela me mandou de volta veio em bossa. Não entendi o que tinha acontecido, acho que não dei algum comando no programa. Enfim, mas gostei tanto que ficou dessa forma."

8. "Stefan e Clarinha"

"Essa é uma música que compus para piano solo quando estava grávida do Stefan, meu primeiro filho, há 24 anos. Também tem uma história. Era pra chamar somente ‘Clarinha’. Clara é minha terceira filha, a caçula. O Stefan nunca deu muita bola pra música, que aliás não tinha nome. Um dia, eu tocando (muitos anos mais tarde), minha filha Clara ouviu e se apaixonou por ela, então por mancada minha disse que dedicava a ela. Quando resolvi gravá-la, aí foi uma saia justa, porque meu filho ficou superchateado e com razão. Então para resolver o problema mudei o nome e dediquei-a a ambos."

9. "Simple as That"

"Esse é o único tema swing do álbum. É um tema como o nome diz ‘Simple as That’."

10. "Unfinished Story"

"Essa é uma das músicas que mais gosto do álbum. Compus quando ainda estudava na Berklee. É uma balada com um dueto luxuoso de flugel e flauta baixo, interpretado com maestria pelo Sidmar e Teco. Despertam-se memórias, conta-se uma história e criam-se imagens sonoras."

11. "When I’m 58"

"Essa é a única música que tem arranjo para três sopros, sax barítono, além do trompete e sax tenor, Também tem uma história. Um dia estava no carro e ouvi aquela música ‘Twenty Something’, com o Jamie Cullum. Achei aquela linha de baixo demais. Pensei: e se misturasse isso com a ideia de colocar o sax barítono tocando a linha de baixo, como no ‘Nostalgia in Times Square’, do Mingus Big Band? Aí foi o resultado de ‘When I’m 58’. O nome, uma paródia do nome ‘When I’m 64’ dos Beatles, já que estamos falando de idade."

12. "Tempo Bom"

"Não me lembro quando a compus. É um baião que tem um astral superbom. Dediquei aos meus pais, aos bons tempos de infância. Somos uma família grande de seis irmãos e tenho uma memória muito viva do meu tempo de infância com minha família nos tempos de férias, em que era uma grande festa viajarmos juntos, para qualquer lugar que fosse. Tempo bom!"

13. "Pra Lu"

"Cantada, esta é a versão mais doce. Por ser a única música com letra, ela destoa um pouco do conjunto, mas não poderia deixá-la de fora porque retrata totalmente minha filha Luisa. Ela tem o andamento mais lento que a instrumental."

Assista, a seguir, aos vídeos nos quais o Marta Karassawa Quintet mostra a que veio.

Veja o quinteto tocando "Vento Sul"

Veja o quinteto tocando "Mantra"

Veja o quinteto tocando "Tom Cat Blues"

SHOW DE LANÇAMENTO CD ‘TEMPO BOM’ DO MARTA KARASSAWA QUINTET

QUANDO Quinta-feira (9), às 22h30

ONDE Blue Note São Paulo, av. Paulista, 2073, Bela Vista, São Paulo, tel. (11) 94745-9694

QUANTO R$ 90, ingressos na bilheteria ou site Eventim https://www.eventim.com.br/artist/marta-karassawa-quintet/
CD R$ 40

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do publicado na versão anterior deste post o show acontecerá na quinta-feira (9) e não na sexta-feira (10)

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