"A dor é passageira. Mas desistir é para sempre".

Quem participa de provas de rua já se deparou com mensagens assim. Em um país onde até as principais maratonas são disputadas em ruas vazias e sem o aplauso do público, frases motivacionais ajudam o atleta a correr até a linha de chegada.

Frases inspiradoras ajudam, mas não são suficientes. Em uma prova, cabeça e corpo precisam estar em sintonia. Não adianta o cérebro mandar mensagens para continuar se a perna dói por uma lesão muscular. E de nada serve o condicionamento físico perfeito quando a mente simplesmente decide que você não vai terminar a prova. Sobra perna, mas falta vontade.

Quando cabeça e pernas não se entendem, o atleta desiste (ou resiste, sabe-se lá a que custo), mas no dia seguinte a vida recomeça. Um passo de cada vez, um dia depois do outro.

O problema não é esse. Todos nós temos dias ruins. Mas o que fazer quando os dias ruins são tantos que dá vontade de abandonar o esporte? Este texto é para você que pensa ou já pensou em desistir de verdade. Largar a corrida de vez.

Largar ou não largar?

Não acredite nas propagandas fofinhas de empresas de material esportivo quando elas dizem que desistir não é uma opção. Cá entre nós, sempre é possível desistir. E essa ideia já passou pela cabeça de muitos corredores.

Vou falar do meu exemplo pessoal. Corro por prazer. Mas há épocas em que é preciso fazer um esforço hercúleo para calçar o tênis e sair para treinar. Já aconteceu por causa de contusão, por falta de tempo, por preguiça ou por estar acima do peso. Cada passo parece pesar uma tonelada.

E qual o segredo para continuar? Entender como a motivação funciona, e retroalimentá-la sempre que possível. Parece um lugar comum, mas tem muita gente boa estudando o assunto. O especialista em performance Steve Magness, autor de "The Science of Running: How to Find Your Limit and Train to Maximize Your Performance", lista algumas regras básicas para manter a motivação em alta. Me ajudou, e espero que ajude você também:

Encontre a sua motivação

Correr cada vez mais rápido? Percorrer distâncias mais longas? Ter uma vida saudável? Ganhar medalhas e fazer amigos nas provas? Manter a motivação fica mais fácil quando você identifica e persegue a recompensa que você encontra na corrida. Lembre-se sempre do que te fez começar a correr – provavelmente esse motivo segue válido e ainda pode te estimular a continuar.

Aqui vale um alerta. Cuidado com a mais traiçoeira das motivações: perder peso. Muitos corredores se frustram quando treinam e o ponteiro da balança não se mexe. Qualquer atividade física ajuda no emagrecimento, mas o seu peso depende mais do que você come durante o dia do que o que você faz no seu treino.

Administre as expectativas

Se você começou a correr agora, não coloque a maratona como seu primeiro objetivo. Dada a dificuldade da prova, as chances de você se frustrar – ou se machucar, ou ambos– é bastante grande. Em vez disso, estabeleça metas possíveis. Faça um planejamento gradual e factível. A alegria de completar uma meta será o combustível para partir para o desafio seguinte. Um passo de cada vez.

Acredite em você

Não tenha medo de ousar. Esta regra pode parecer contraditória com a anterior, mas não é. Muitos corredores se acomodam por acreditar que determinado desafio está além das suas capacidades. Bem, na maioria dos casos, só há um jeito de saber – ir lá e fazer. Mesmo atletas amadores como eu e você somos capazes de feitos incríveis. Só não podemos desistir antes de tentar.

E você? Já pensou em parar? E o que te motiva para as corridas? Conta nos comentários ou escreva para blognacorrida@gmail.com