Na Pinta do Surfe

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Na Pinta do Surfe - Marcus Romero
Marcus Romero

Colapinto ganha da WSL a etapa do Surf Ranch

Surfe de linha despacha o surfe inovador e progressivo

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A única etapa em uma piscina de ondas de todo o circuito profissional de surfe tinha tudo para ser uma das melhores etapas de todos os tempos, mas acabou sendo ofuscada pelo critério de julgamento.

surfista desliza em uma onda gerada em uma piscina.
O surfista Griffin Colapinto em Lemoore, California - Sean M. Haffey/Getty Images/AFP

Gostaria de abordar nesse texto como foi o campeonato na piscina de ondas mais perfeita que existe, seria legal falar das vitórias de Griffin Colapinto e Carissa "Le" Moore, mas o fato é que após algumas notas bem estranhas se tornou impossível não pensar qual o critério foi utilizado.

Dessa vez não foi uma onda que gerou questionamentos, foram várias e nelas sempre envolvendo os brasileiros.

O descontentamento não é de hoje, mas dessa vez atingiu outro nível de discussão.

Eu refleti muito sobre o que aconteceu e li diversos comentários de surfistas, jornalistas, patrocinadores e demais pessoas envolvidas nesse esporte que tanto amamos.

Mas ver a WSL se posicionar que não houve erros, que continuará a julgar dessa forma e ameaçar de punição os descontentes, é no mínimo deselegante.

Para não ser injusto quero dizer que a WSL fez inúmeras modificações e que acertou na maioria delas, tornou a marca forte, passou a premiar as meninas com a mesma premiação dos meninos, fez acertos e tentativas válidas, mas o critério julgamento realmente ainda está bem abaixo do que se espera da entidade que cuida do esporte que mais amamos. Isso mexe com todos os surfistas de maneira geral.

Alterar o formato do campeonato com a tão famosa Finals, podemos entender, os grandes esportes americanos tem esse sistema. Eu particularmente prefiro o sistema de pontos corridos e também não simpatizo com o sistema de corte e outras mudanças, mas até aqui são opiniões e cada um tem a sua e tudo bem.

O critério de julgamento precisa ser impecável.

O surfe envolve uma grande subjetividade que pode gerar discussões, mas dessa vez foi muito diferente. Foi diferente porque era em uma piscina que reproduz ondas idênticas e que não tem espaço para argumentos como no mar. As câmeras são bem posicionadas, aliás porque existem câmeras que só os juízes podem ver e analisar?

Não gostei da nota emitida pelo CEO da WSL dizendo que foram alguns atletas que reclamaram. Surfistas do mundo todo se indignaram, inclusive jornalistas e profissionais que estudaram e se dedicaram muito para desempenhar suas funções com maestria.

Eu sempre vi mais pontos positivos na WSL do que negativos, sempre achei o trabalho muito profissional, mas dessa vez, foram extremamente amadores em mexer com o elemento principal, os surfistas.

São eles que dão o show, são eles que se arrebentam tentado inovar, são eles que se ariscam nas ondas e tentam fazer o melhor trabalho possível.

Não é hora da WSL tapar os ouvidos e fechar os olhos. As coisas estão acontecendo e isso tem mexido com gente. Os descontentamentos por uma nota ou outra precisa ser dos fãs que sempre no calor de torcer para o seu surfista preferido as vezes acha que foi injusto. Isso sempre aconteceu e vai continuar acontecendo.

O que não tem mais espaço é para que tantos profissionais ligados ao esporte discordem sobre um tema e sequer haja uma reunião ou uma conversa no sentido de entender todos os lados.

Querer calar os brasileiros com ameaças de punições só coloca mais lenha na fogueira e inflama todos que estão assistindo esse espetáculo. Tudo que aconteceu não tem nada a ver com os surfistas profissionais de outros países, eles estão trabalhando e fazendo o seu melhor e acabaram também se expondo por causa dos acontecimentos.

Vamos ver como será a próxima etapa em El Salvador no período de 9 à 18 de junho. Espero que tudo que aconteceu sirva para melhorar o surfe competição e que a WSL veja que ela é apenas a entidade que hoje controla o circuito mundial de surfe e que os principais responsáveis pelo show são os surfistas e toda a comunidade do surfe mundial que acompanha esse esporte apaixonante.

Por fim, desejo que o espírito ALOHA esteja presente em todos os corações.

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