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O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro

Menos, Cristiano Ronaldo, bem menos

Astro português se autointitula rei do futebol, porém definição soa como heresia no esporte que teve Pelé

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Com o braço direito estendido e vestindo camisa vermelha, o português Cristiano Ronaldo, do Manchester United, reclama durante partida contra o Brentford no Campeonato Inglês

O craque português Cristiano Ronaldo, que escreveu ser o rei do futebol, reclama no estádio Old Trafford, do Manchester United, durante partida contra o Brentford no Campeonato Inglês Phil Noble - 2.mai.2022/Reuters

Cristiano Ronaldo tem ganhado algumas manchetes na pré-temporada europeia devido aos rumores de que deseja sair do Manchester United.

O astro português de 37 anos não quer deixar de disputar a Champions League, principal interclubes do velho continente e do qual é o maior artilheiro.

O CR7 tem 140 gols na competição –141, se for considerado o que marcou em uma das fases qualificatórias.

Além de querer estar na principal vitrine do futebol europeu, Cristiano, soberbo por natureza, não quer correr o risco de perder esse recorde para seu principal oponente na disputa para definir quem é o melhor futebolista deste primeiro quarto de século.

Messi, o supercraque argentino, soma 125 tentos na Champions e tem participação garantida nela a partir de setembro, pelo Paris Saint-Germain.

O Man United, com campanha decepcionante no Campeonato Inglês, não se classificou para a Liga dos Campeões.

Sexto colocado na Premier League (não por culpa de Cristiano, que manteve seu instinto artilheiro), disputará a Liga Europa, segundo interclubes em importância no território europeu.

Cristiano Ronaldo faz careta no aquecimento de partida do Manchester United contra o Brighton pela Premier League 2021/2022
Cristiano Ronaldo no aquecimento de partida do Manchester United contra o Brighton pela Premier League 2021/2022 - Glyn Kirk - 7.mai.2022/AFP

Com um ataque fortíssimo, que tem também Neymar e Mbappé, é bem possível que o PSG aplique algumas goleadas na fase de grupos –os rivais ainda serão definidos em sorteio–, com Messi tendo chance de fazer muitos gols.

Nesse contexto, veículos de comunicação têm publicado que o agente do CR7, Jorge Mendes, está à procura de um clube que esteja na Champions para encaixar seu cliente, que tem ainda um ano de contrato com o Man United, com opção de renovação por mais um.

Essas notícias, que dão conta de que Cristiano pode retornar à italiana Juventus, clube que defendeu de 2018 a 2021, ou ir para o Atlético de Madrid ou para o Sporting (Portugal), vêm deixando atentos os torcedores dos Diabos Vermelhos –como o Man United é conhecido.

Um deles postou em rede social esta mensagem: "Cristiano Ronaldo não entrou na lista dos relacionados do Manchester United para os amistosos deste fim de semana contra o Atlético de Madrid (sábado) e o Rayo Vallecano (domingo). O futuro dele continua em aberto".

O post teve uma resposta do atacante luso: "Domingo o rei joga". A partida de domingo (31) será no Old Trafford, a casa do Man United. Neste sábado (30), o amistoso é em Oslo (Noruega).

Com essa frase, Cristiano Ronaldo passa duas mensagens.

A primeira é que, com o começo da temporada se aproximando –o Inglês começa na sexta, dia 5 de agosto–, ele pretende dar aos fãs, com a sua presença diante do time espanhol, a esperança de que continuará em Manchester.

Uma maneira de não gerar antipatia na torcida, ao menos por algum tempo, pois nada garante que o "fico" de fato acontecerá, já que a janela de transferências vai até o dia 1º de setembro, com os campeonatos em andamento.

A segunda mensagem é que ele, CR7, considera-se o rei do futebol. Ora, o rei do futebol é o melhor jogador da história desse esporte, certo?

Menos, Cristiano, bem menos.

Pelé cumprimenta em Zurique (Suíça) Cristiano Ronaldo, eleito o melhor jogador do mundo em 2008 pela Fifa; o português segura o troféu com a mão esquerda
Pelé cumprimenta em Zurique (Suíça) Cristiano Ronaldo, eleito pela Fifa o melhor jogador do mundo em 2008 - Fabrice Cofrrini - 12.jan.2009/AFP

Estudiosos e/ou grandes conhecedores do futebol apregoam, cobertos de razão no meu entendimento, que o rei do futebol, ontem, hoje e sempre, é brasileiro e chama-se Edson Arantes do Nascimento. O Pelé.

Vencedor de três Copas do Mundo (a primeira delas com 17 anos), autor de mais de 1.200 gols, multicampeão com o Santos, Pelé, eleito o atleta do século 20 em votação do jornal L’Équipe, foi um jogador muito mais completo e muito mais espetacular do que Cristiano Ronaldo (ou qualquer outro, Messi incluído) é.

Na era pré-internet, com as comunicações no mundo não sendo online, Pelé era conhecido nos quatro cantos do mundo. Foi idolatrado em cada cidade que pisou. Parou até guerra, na Nigéria, no fim dos anos 1960, porque o país queria vê-lo jogar.

A frase de Cristiano, por isso, soa como uma heresia, uma afronta, um despautério.

Pelé é o Rei do futebol, com "R" maiúsculo mesmo. Cristiano, como grande jogador que é, deveria reconhecer isso, colocando-se na galeria dos príncipes –aí, sim, aceitável e justo.

Só que seu ego não permite, porque o ego de Cristiano é, lamentavelmente, muito maior que seu futebol.

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