Última seleção a anunciar os convocados para a Copa do Mundo do Qatar, mesmo sendo uma das duas primeiras a estrear –no domingo (20), contra o anfitrião–, o Equador deixou Byron Castillo fora da lista de 26.
O lateral direito de 24 anos, que participou de 8 dos 18 jogos dos equatorianos nas eliminatórias sul-americanas (sete deles como titular), tornou-se uma ameaça à participação do time no Mundial, em caso que chegou à Justiça esportiva e só foi encerrado há poucos dias.
A federação de futebol do Chile teve acesso a documentos que mostravam que Castillo não nascera no Equador, e sim na vizinha Colômbia, mesmo sua certidão de nascimento apontando que ele é equatoriano. Além disso, teria nascido em 1995, e não em 1998.
Os chilenos, que com Castillo em campo empataram uma partida contra o Equador (0 a 0) e perderam outra (2 a 0) no qualificatório, recorreram à Fifa, pedindo os quatro pontos não ganhos nesses confrontos.
Isso faria o Chile subir na tabela, ao mesmo tempo em que o Equador cairia, e obter a classificação para jogar no Qatar.
A entidade máxima do futebol, no entanto, negou a solicitação em setembro, mesmo com o não comparecimento, na data estipulada, de Castillo para depor.
(Abro um parênteses opinativo: caso o veredicto na Fifa fosse pela exclusão do Equador, ele traria para a entidade uma série de problemas, já que os ingressos dos jogos dos equatorianos já estavam confeccionados, grande parte já tinha sido vendida, torcedores do país já haviam reservado passagens e hospedagem, e por aí vai. O mais fácil, politicamente e para evitar processos, era deixar tudo como estava.)
O Chile não desistiu e recorreu à CAS (Corte de Arbitragem do Esporte), o tribunal máximo da Justiça esportiva, que fica na Suíça.
Mas não teve jeito. Na semana passada, a CAS determinou que o Equador pode participar da Copa.
Houve, contudo, uma punição esportiva, que será aplicada mais à frente: a seleção do país iniciará as eliminatórias para a Copa de 2026 (nos EUA, no Canadá e no México) com um déficit de três pontos.
Houve também uma multa para a FEF (Federação Equatoriana de Futebol), de pouco mais de US$ 100 mil (R$ 533 mil).
Eis o que a CAS expôs, em comunicado, para justificar a decisão: "Como a nacionalidade de um jogador de uma federação nacional é determinada pelas leis nacionais, Byron Castillo era elegível para jogar nas eliminatórias para a Copa do Mundo da Fifa 2022."
Porém o tribunal de Lausanne disse que a federação do Equador violou o Código Disciplinar da Fifa pelo uso de documento contendo informações falsas, o que justificaria as sanções.
"Embora o passaporte equatoriano do jogador fosse autêntico, algumas informações fornecidas nele eram falsas", atestou a CAS, acrescentando ter ficado convencida de que "a data e o local de nascimento do jogador estavam incorretos, já que ele nasceu em Tumaco, Colômbia, em 25 de junho de 1995".
"O painel [que fez o julgamento] considerou necessário responsabilizar a FEF [federação equatoriana] por um ato de falsificação, mesmo que a FEF não fosse a autora do documento falsificado, apenas a usuária", concluiu a corte suíça.
A federação do Equador, todavia, manteve a posição de que Castillo sempre esteve elegível para atuar pelo país e que analisaria se existe alguma providência a ser tomada para reverter a punição.
Possivelmente, um discurso somente para agradar aos equatorianos, já que os cartolas da FEF devem se dar por satisfeitos de o país não ter sido excluído do Mundial.
Tanto eles devem querer manter o assunto o mais distante possível do noticiário que, em coincidência da qual se pode desconfiar, o treinador Gustavo Alfaro preferiu nesta segunda-feira (14) afastar Castillo de seu elenco, em um caminho adequado para enterrar a polêmica.
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