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O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro

Para reduzir desconforto menstrual, time de Marta troca calção branco por preto

Orlando Pride é a primeira equipe dos EUA a adotar a medida, desejada faz tempo pelas mulheres esportistas

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O Orlando Pride, time no qual joga a brasileira Marta –eleita seis vezes a melhor do mundo–, tornou-se o primeiro time dos EUA a tomar uma medida que atende a anseio antigo das jogadoras de futebol.

A partir desta temporada, as atletas da equipe da Flórida atuarão com calções pretos, e não mais brancos, evitando assim possível situação constrangedora no período de menstruação.

A decisão vale tanto para as partidas do time, que estreia na NWSL (o campeonato nacional, que conta com 12 participantes) no dia 26, contra o Portland Thorns, como para os treinamentos.

As jogadoras Watt e McCutcheon, do Orlando Pride, posam com o uniforme do time para 2023, camisas e meias brancas e calções pretos
Watt e McCutcheon, do Orlando Pride, posam com o uniforme do time para 2023 - orlpride no Instagram

"Devemos remover o estigma envolvido em discutir os problemas menstruais que afetam mulheres se quisermos maximizar o desempenho e aumentar a acessibilidade ao esporte", disse Haley Carter, vice-presidente de operações de futebol do Orlando, em comunicado.

Falando em nome da equipe, a meio-campista Erika Tymrak, 31, declarou que "as razões por não querermos usar calções brancos são claras, mas infelizmente é algo que não foi abordado até recentemente".

A revista Forbes publicou que um estudo com 4.000 adolescentes meninas feito pela instituição inglesa Women in Sport (Mulheres no Esporte) em 2022 apontou que 70% disseram que evitariam praticar esportes durante a menstruação.

A americana Women's Sports Foundation (Fundação do Desporto Feminino) relata que as meninas, aos 14 anos, abandonam os esportes duas vezes mais que os meninos da mesma idade, sendo a puberdade fator influenciador.

Atleta do londrino Crystal Palace, Leigh Nicol, 27, explica a importância da mudança no uniforme para o adequado desempenho esportivo das mulheres.

"Fisicamente, além de você estar mais cansada, há a preocupação de que possa vazar. Isso está sempre na cabeça, especialmente se você usar calção que pode mostrar se há o vazamento."

Tymrak, do Orlando, considerou a decisão da equipe "um grande passo, como clube, para fazer as jogadoras se sentirem confortáveis e se concentrarem apenas em competir".

A ideia do time americano não é inédita. No ano passado, o Manchester City, um dos principais clubes da Inglaterra, anunciou que agiria em relação ao problema da menstruação, descartando a utilização dos tradicionais calções brancos para as atletas a partir da temporada 2023/24.

Para poder instaurar a ação, os times chegaram a entendimento com seus respectivos fornecedores de material esportivo. No caso do Orlando, a americana Nike; no do Man City, a alemã Puma.

Outros dois clubes ingleses que têm equipes de futebol feminino, o Stoke City e o West Bromwich, de divisões inferiores, também decidiram abolir o calção branco dos uniformes das jogadoras.

Atual campeã europeia, a seleção inglesa discute com a Nike a possibilidade de deixar de se apresentar com a vestimenta toda branca.

Nas palavras de Beth Mead, 27, atacante do Arsenal e do English Team, "é bacana ter um kit inteiro branco, mas não é prático quando é aquela época do mês".

De acordo o Escritório de Saúde da Mulher dos EUA, vinculado ao Departamento de Saúde do país, as mulheres menstruam, em média, por 40 anos e perdem até três colheres de sopa de sangue a cada ciclo.

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