O Mundo É uma Bola

O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro
Descrição de chapéu Futebol Internacional

Messi e a bola, Neymar e a grama

Dois momentos recentes ilustram o que se fixa na memória sobre os principais craques da Argentina e do Brasil

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Neymar leva a mão esquerda até a perna ao machucar o joelho em Uruguai x Brasil, no estádio Centenario de Montevidéu

Neymar machuca o joelho em Uruguai x Brasil, no estádio Centenario de Montevidéu Andres Cuenca - 17.out.2023/Reutrers

Dias atrás, na rodada sul-americana das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, dois momentos foram marcantes, ambos na terça-feira (17).

Em Uruguai 2 x 0 Brasil, em Montevidéu, no final do primeiro tempo Neymar pegou a bola no meio-campo, tentou passar por De la Cruz, levou um encontrão e desabou na grama do estádio Centenario.

Neymar, do Brasil, usando camisa amarela com o número 10, e De la Cruz, do Uruguai, usando camisa azul celeste com o número 7, disputam a bola no jogo entre as seleções em Montevidéu
Em jogo das Eliminatórias da Copa de 2026, Neymar, do Brasil, no lance com De la Cruz, do Uruguai, que resultaria em séria lesão do jogador brasileiro - Andres Cuenca - 17.out.2023/Reuters

Logo após a queda, as imagens mostraram o camisa 10 da seleção gritando de dor e indicando que havia um problema no joelho esquerdo. A lesão, se constataria depois, era séria.

Neymar teve ruptura do ligamento cruzado anterior e do menisco, passará por cirurgia e ficará no mínimo seis meses sem jogar futebol, podendo chegar a um ano.

"É um momento muito triste, o pior", escreveu o atacante.

Em horário posterior à partida do Brasil, fechando a jornada, Peru 0 x 2 Argentina no Estádio Nacional de Lima.

Jogo equilibrado até que, aos 32 minutos, avanço da Argentina pela esquerda, e Nico González cruza para a área. Quem chega na corrida é Messi, que iniciara o ataque no campo de defesa.

Ele conclui e supera pelo alto o goleiro Gallese, que, mesmo com 1,90 m, não a alcança. Seria apenas mais um gol do camisa 10, artilheiro e capitão da atual campeã mundial, porém não foi comum.

Do jeito que aconteceu, da forma como Messi dava a passada, seu esforço foi mínimo no movimento do chute com o pé esquerdo –como se a bola tivesse escolhido chegar de um jeito que tornasse facílima a vida do craque.

Ao ver e rever o lance, escrevi em um grupo de colegas no WhatsApp: "A bola ama os verdadeiros e incontestáveis craques. Pareceu que ela ‘tabelou’ como pé do Messi para encobrir o goleiro. Maravilhoso". Messi ainda marcaria o segundo gol do jogo.

Esses acontecimentos são um retrato do que se fixa na memória em relação aos principais jogadores do Brasil e da Argentina na última década, década e meia.

De Messi, 36, as lembranças imediatas são de jogadas grandiosas, arranques imparáveis, finalizações precisas. Um astro que liderou seu país à conquista de uma Copa do Mundo.

A bola o procura e o trata como um filho, dando-lhe seguidas alegrias.

E ele retribui: nos pés de Messi, a bola é majestade, está sempre sendo reverenciada, não há (com raríssimas exceções) passe ou chute malfeito.

Compatibilidade absoluta.

Usando uniforme azul escuro com o número 10 no centro da camisa e a tarja de capitão vermelha no braço esquerdo, Messi conduz a bola no jogo da Argentina, em Lima, contra o Peru pelas Eliminatórias da Copa de 2026
Lionel Messi conduz a bola no jogo da Argentina, em Lima, contra o Peru pelas Eliminatórias da Copa de 2026 - Sebastian Castaneda - 17.out.2023/Reuters

De Neymar, 31, em vez da bola, em vez de gols e dribles, as lembranças são da grama.

Vários e vários registros dele caído no campo, seja pelas constantes lesões na carreira (costas na Copa de 2014, pé em 2018 e 2019, tornozelo em 2019, 2021, 2022 e 2023, mais esta agora, gravíssima, no joelho), seja pelo "cai-cai" que lhe rendeu má fama.

Como diz uma figurinha dessas que circulam no citado aplicativo, "é triste, mas é verdade" para quem gostaria que o Brasil fosse o dono do melhor jogador do mundo.

Messi, hoje no reino do futebol, permanece no trono, ao lado da rainha bola. Neymar, nesse reino, chega a visconde, no máximo a conde.

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