O Mundo É uma Bola

O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro
Descrição de chapéu Futebol Internacional

Com 25 jogadores que juntos valem 2 do Real Madrid, Girona lidera o Espanhol

Modesto time catalão, perto da metade do campeonato, perdeu só 1 de 17 jogos e surpreende os favoritos

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A comparação financeira exibe o abismo entre o líder e o vice-líder do Campeonato Espanhol.

Um deles tem o valor de mercado estimado em mais de 1 bilhão de euros, mais precisamente 1,03 bilhão (R$ 5,5 bilhões). O outro, perto de um sexto disso, 161,1 milhões (R$ 861,7 milhões).

E quem lidera a competição, que se aproxima da metade –foram 17 de 38 rodadas–, é "o outro".

Miguel Gutiérrez, do Girona, comemora com os braços abertos e sorrindo a vitória sobre o Alavés que valeu a liderança do Campeonato Espanhol
O ala esquerdo do Girona Miguel Gutiérrez e outros jogadores da equipe comemoram, diante da torcida do time, a vitória por 3 a 0 sobre o Alavés que valeu a liderança do Campeonato Espanhol - Pau Barrena - 18.dez.2023/AFP

O Girona, clube pequeno da Catalunha, mesma região onde está sediado o poderosíssimo Barcelona, é a grande surpresa de um dos campeonatos nacionais mais relevantes da Europa.

Depois de atropelar o Alavés (3 a 0) em seu estádio, o Municipal de Montlivi (capacidade para 14,6 mil torcedores), a equipe da cidade que tem o mesmo nome chegou aos 44 pontos, dois a mais que o gigante e estrelado Real Madrid. São 14 vitórias, dois empates e uma única derrota.

Surpreende, já que a equipe da capital, que atua no lendário Santiago Bernabéu (capacidade de 81 mil), conta com jogadores renomados como o goleiro Courtois (Bélgica), os meias Bellingham (Inglaterra), Kroos (Alemanha) e Modric (Croácia), o meia-atacante Valverde (Uruguai) e os atacantes Vinicius Junior e Rodrygo (Brasil).

É necessário somar o valor de mercado, conforme dados do site especializado Transfermarkt, dos 25 jogadores do elenco do Girona para que haja equivalência a apenas dois dos craques do Real, Vini Jr. (que vale 150 milhões de euros) e Modric (10 milhões).

Cada jogador do Real, que tem um elenco de 24 atletas, vale em média 43 milhões de euros –além de Vini Jr., Bellingham também tem seu preço estimado em 150 milhões de euros. Cada um do Girona vale, em média, 6,4 milhões.

Bellingham abraça Modric depois de o colega de Real Madrid fazer um gol contra o Villarreal no Campeonato Espanhol
Estrelas do Real Madrid, Bellingham (dir.) e Modric somados têm quase o mesmo valor de mercado (160 milhões de euros) que todo o time do Girona, o líder do Campeonato Espanhol - Isabel Infantes - 17.dez.2023/Reuters

Os destaques da equipe catalã são quase incógnitos da maioria das pessoas que acompanham futebol, casos dos atacantes ucranianos Tsygankov (o mais valioso do elenco, 22 milhões de euros) e Dovbyk e dos espanhóis David López (zagueiro) e Aleix García (volante).

Ou refugos de clubes mais famosos, como o goleiro argentino Paulo Gazzaniga (ex-Tottenham), o zagueiro espanhol Eric García (ex-Barcelona) e o zagueiro-lateral holandês Daley Blind (ex-Ajax, Manchester United e Bayern de Munique).

Ou um veterano e artilheiro centroavante, Christian Stuani, 37, uruguaio que veste a camisa com listras verticais brancas e vermelhas (parecida com a do Atlético de Madrid) há seis anos, tornando-se um ídolo da torcida.

Há também no time treinado pelo espanhol Míchel Sánchez dois brasileiros, titulares, que fazem temporada excelente, ambos ainda muito jovens: o ala-lateral direito Yan Couto (ex-Coritiba), 21, e o ponta-esquerda Savinho (ex-Atlético-MG), 19.

Yan foi chamado em outubro pelo técnico interino da seleção brasileira, Fernando Diniz, para as partidas contra Venezuela e Uruguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 –o Brasil sofre faz algum tempo com a falta de bons laterais pela direita.

O canhoto Savinho só atuou nas seleções nacionais de base.

Savinho, de uniforme branco, dribla Pedri, do Barcelona, que usa uniforme azul e grená, na vitória do Girona por 4 a 2 no estádio Lluís Companys, na capital da Catalunha
Savinho (16) passa por Pedri, do Barcelona, na vitória do Girona por 4 a 2 no estádio Lluís Companys, na capital da Catalunha - Pau Barrena - 10.dez.2023/AFP

A questão a ser feita é: terá o Girona –que tem o Real como único perseguidor real (e para quem sofreu sua única derrota, um 3 a 0), já que o Barcelona, terceiro colocado, está 9 pontos atrás– fôlego para se segurar na dianteira?

Na temporada 2015/2016, quando na Inglaterra o modesto Leicester City saltou à frente e as rodadas foram se passando, eu desacreditei, pensei: "Cavalo paraguaio, uma hora fica para trás".

Pois o Leicester mostrou brilho e resistência e, no fim, estava lá, no topo, com folga (dez pontos a mais que o segundo colocado), em uma das mais fantásticas e inesperadas conquistas vistas no Campeonato Inglês.

Depois disso, recuso-me a desprezar qualquer coisa no futebol, e seria sensacional ver o Girona (fundado em 1930 e cuja glória máxima é a Copa da Catalunha de 2019) campeão espanhol, quebrando a hegemonia dos grandes depois de 20 anos.

A última vez que a taça não ficou com Real Madrid, Barcelona ou Atlético de Madrid foi em 2004, quando o Valencia triunfou, contando no elenco com dois brasileiros, o centroavante Ricardo Oliveira e o lateral esquerdo Fábio Aurélio.

Em tempo: O mundo do futebol às vezes parece ser pequeno. Pep Guardiola, a meu ver o melhor técnico de futebol do planeta, que comanda o Manchester City (atual campeão europeu), tem um irmão mais novo, Pere. Que possui uma função... no Girona. É presidente do Conselho de Administração.

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