Após chegar a 10,1% em outubro, valor mais alto dos últimos 30 anos, a taxa de inflação em Portugal desceu ligeiramente em novembro, fechando o mês em 9,9%.

Os dados preliminares foram divulgados nesta quarta-feira (30) pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) e são comparados ao período homólogo de 2021.

Um dos principais vilões da inflação no país, o encarecimento da energia abrandou em novembro, também em comparação ao período homólogo do ano anterior, ficando em 24,8%. O resultado representa uma queda de 2,8 pontos percentuais em relação a outubro.

Depois da energia, o preço dos alimentos é o que mais tem pesado no bolso dos portugueses.

No entanto, a taxa de inflação dos produtos alimentares não transformados apresentou ligeira redução, passando de 18,9% em outubro para 18,4% em novembro. Já nos produtos alimentares transformados, houve aumento. A variação no setor foi de 16,8% em novembro, enquanto, no mês anterior, era de 14,1%.

Ainda em junho, antes do pico inflacionário, uma pesquisa da Aximage, encomendada pela rádio TSF e pelos jornais DN e JN, indicava que 68% dos portugueses mudaram o padrão de consumo de alimentos devido à inflação.

Além dos custos de alimentação e energia, a inflação pesa também nas prestações do financiamento habitacional, tendo em conta que mais de 90% dos contratos desse tipo celebrado no país foram feitos com taxas de juros variáveis.

Em Portugal, o aumento do custo de vida tem sido particularmente sentido por imigrantes recém-chegados. Em situação de vulnerabilidade social, muitos têm recorrido a instituições de apoio até para conseguir fazer o caminho de volta.

Dados do Programa de Apoio ao Retorno Voluntário e à Reintegração da OIM (Organização Internacional para as Migrações) –que ajuda a custear a passagem para quem não tem condições de comprar os bilhetes– mostram que, embora 2022 ainda não tenha acabado, o número de pedidos de ajuda de brasileiros já voltou aos níveis pré-pandemia. De janeiro a outubro deste ano, houve 687 casos, ante 219 de 2021 inteiro e 709 de 2020.

A inflação na zona euro como um todo também desacelerou em novembro, de acordo com dados preliminares divulgados pelo Eurostat (gabinete de estatística europeu). A inflação fechou novembro em 10%, contra os 10,6% registrados em outubro.