A história real de vários pacotes com cocaína que apareceram misteriosamente em uma praia da ilha de São Miguel, nos Açores, inspirou uma nova série na Netflix.

Com estreia marcada para 26 de maio, a produção foi batizada com o nome da vila de pescadores onde, em 2001, o caso ocorreu: Rabo de Peixe.

Descrita como um thriller "com toques de humor sarcástico", "inspirado livremente em fatos reais", a série acompanha um grupo de jovens moradores da região que se depara com os pacotes de cocaína trazidos pelas ondas e decide comercializá-los.

"Nada acontece no pacato vilarejo açoriano de Rabo de Peixe, até que um grande carregamento de cocaína aparece no litoral e transforma a vida dos seus habitantes. O jovem pescador Eduardo e seus amigos tentam ganhar um dinheirinho com a mercadoria que veio do oceano Atlântico. Mas uma tonelada de cocaína não é algo que passe despercebido, e o grupo vai ter que enfrentar os donos da droga, a polícia e vários personagens peculiares em uma aventura perigosa e imprevisível", adianta a sinopse.

Segunda série original de Portugal na Netflix, depois do thriller de espionagem "Glória", "Rabo de Peixe" conta com alguns rostos conhecidos dos brasileiros, a começar pelo próprio protagonista, José Condessa.

Em 2020, após atrasos nas gravações por conta da pandemia da Covid-19, o jovem ator causou polêmica nos bastidores da Globo ao deixar o elenco da novela "Salve-se quem Puder" antes do fim da produção, onde ele vivia o personagem Juan.

Outros nomes de "Rabo de Peixe" não são estranhos nas telinhas do Brasil, como Maria João Bastos, que também participou de novelas da Globo e da série "O Mecanismo", e Albano Jerónimo, que interpretou João Havelange em "Jogo Perigoso", da Amazon Prime.

O episódio que inspirou a trama, chamado de "verão do pó" por alguns, aconteceu em junho de 2001. Na ocasião, embalagens de cocaína acabaram aparecendo na costa da ilha de São Miguel, a maior do arquipélago português dos Açores, depois um veleiro que trazia um carregamento da droga para a Europa naufragou na região.

Vários quilos da substância, com alto grau de pureza, acabaram nas mãos de alguns moradores da ilha, causando grande problemas sociais e de saúde pública. Nas semanas seguintes ao naufrágio, houve dezenas de internações e pelo menos 20 mortes entre os locais.

Um cidadão italiano, o comandante do veleiro, foi condenado pelo caso.

A criação de uma série sobre o episódio, no entanto, causou polêmica entre alguns moradores da verdadeira vila de Rabo de Peixe. Para eles, a obra irá reforçar os estereótipos negativos, já bastante associados ao episódio da cocaína.

"Rabo de Peixe tem muita coisa para falar bem, mas só falam em droga, droga, droga", queixou-se a moradora Carla Freitas, em entrevista ao jornal Público.