Que imposto é esse

Reforma tributária para leigos e especialistas; com apoio de Samambaia.org

Que imposto é esse - Eduardo Cucolo
Eduardo Cucolo
Descrição de chapéu
Marcos Ferrari

Reforma Tributária aliada ao desenvolvimento socioeconômico precisa estimular conectividade

Carga de tributos do setor de telecom no Brasil alcança 42%, muito acima da média dos países que mais acessam banda larga

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Marcos Ferrari

Presidente executivo da Conexis Brasil Digital

Qual país não gostaria de estimular uma medida que trouxesse, ao mesmo tempo, impacto positivo no PIB, na saúde, educação, indústria, agronegócio, varejo e serviços? Imagine que essa medida fosse capaz de gerar eficiência em todos os setores produtivos, inclusive na gestão pública e no meio ambiente. De tão óbvia, a pergunta parece nem merecer resposta.

Cenário impensável que um país fizesse justamente o contrário e adotasse uma política que sufocasse todas essas benesses. Pois é justamente o que está acontecendo há anos no Brasil com sua altíssima carga tributária sobre a conectividade.

Segundo estudo da Nokia, o 5G terá um impacto de nada menos do que US$ 1,2 trilhão no PIB até 2035. As áreas mais beneficiadas serão as que envolvem tecnologia, informação e comunicação.

Homem de terno e gravata de braços cruzados
Marcos Ferrari, presidente-executivo da Conexis Brasil Digital - Divulgação

As perspectivas também são empolgantes para outros setores fundamentais. De acordo com Ministério das Comunicações, o PIB do agronegócio deve crescer 10% com a chegada da tecnologia ao campo. A saúde será muito beneficiada com a telemedicina e a possibilidade de cirurgias remotas, por exemplo. A segurança pública e mobilidade urbana serão muito mais eficientes. O varejo será alavancado com o incremento do e-commerce. Todos os setores produtivos serão favorecidos pelas novas soluções que envolvem a internet móvel de quinta geração. Esse assunto será debatido em profundidade no Painel Telebrasil Innovation, no dia 14 de junho, em São Paulo.

De acordo com a International Data Corporation, o 5G tem potencial para movimentar US$ 25,5 bilhões no país até 2025, considerando apenas a impulsão de tecnologias como inteligência artificial, análise de dados, cloud, segurança, realidade aumentada e virtual e internet das coisas. Ou seja, criar mecanismos que facilitem a transmissão de dados se revela o melhor caminho para o aumento da produtividade e crescimento econômico. Ao entender que a capacitação humana e, sobretudo, a inclusão digital, se tornam cada vez mais importantes para o mercado de trabalho contemporâneo, resta claro que a conectividade se impõe também como uma ferramenta de igualdade social.

Pois o setor de telecom no Brasil recebe uma das cargas tributárias mais altas do mundo, alcançando 42%, muito acima da média dos quinze países que mais acessam banda larga no mundo, que fica em 11%. Ainda mais preocupante é observar que alguns estados fizeram um movimento de aumentar a alíquota modal do ICMS após a redução ocorrida em meados do ano passado, voltando a onerar mais o segmento. O setor teve que se posicionar contra a reforma fatiada contida na criação da CBS e na mudança da tributação sobre juros e dividendos, pois ambas representavam ainda mais aumento de carga tributária.

Nesse sentido, é imprescindível refletir sobre o que o país pretende ao tributar sobremaneira justamente o elemento capaz de gerar grandes avanços econômicos e sociais. Apoiamos a Reforma Tributária e ela é mais do que necessária, mas é preciso chamar a atenção que ela precisa caminhar na direção de reduzir ampla e significativamente o peso dos tributos sobre as telecomunicações, pois é o setor que possui a maior transversalidade inovadora para a economia digital.

Se o Brasil pretende atingir uma estabilidade econômica perene e atrair investimentos de longo prazo, não deveria mais permitir soluções imediatistas. O efeito mais perverso de pesar a mão nos impostos sobre a conectividade é prejudicar de forma mais severa a população de menor renda. A consequência mais contraditória —e até irônica— diz respeito a renunciar a uma arrecadação muito maior que seria gerada pelo efeito cascata do desenvolvimento da economia digital.

Sob qualquer ótica, não há defesa para manter —e muito menos aumentar— a tributação que incide no setor. O Brasil precisa de medidas que incentivem o fomento econômico e social e prosperar nessas iniciativas hoje passa necessariamente pelo estímulo à conectividade.

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