O bairro da Liberdade é muito associado à cultura oriental, especialmente aos japoneses, que ao escolherem a capital paulista se concentraram bastante neste parte do centro. Apesar disso a região possui vínculos com muitas outras culturas, fazendo dela bastante diversificada.
Via que liga a várzea do Glicério até o bairro do Paraíso, a Rua Tamandaré possui uma preciosa igreja que é pouco conhecida não só da maioria dos paulistanos como até de muitos moradores da Liberdade: A Catedral Ortodoxa Russa de São Nicolau.
A primeira imagem que vem à cabeça das pessoas ao lembrar de uma catedral ortodoxa é o enorme templo localizado na mesma região, na Rua Vergueiro. Contudo, lá trata-se da catedral ortodoxa antioquina, ligada à comunidade árabe. Nesta pequena igreja da Liberdade, entretanto, está a Catedral Ortodoxa Russa frequentada por russos, bielorrussos, ucranianos e até brasileiros.
Os primeiros imigrantes russos chegaram por aqui no final da década de 1910, muitos deles fugitivos Revolução de 1917. Estima-se que no início da década de 1920 a comunidade russa na capital paulista já era a maior do país, em número estimado entre 600 e 1000 pessoas.
Porém em solo paulista não havia uma igreja dedicada ao rito ortodoxo russo, sendo que eles frequentavam uma igreja improvisada em uma casa na região central. A situação só iria mudar anos mais tarde com a construção da Igreja da Santíssima Trindade, na Vila Alpina, inaugurada em 1931.
SURGE A CATEDRAL
No início de 1934 os cristãos ortodoxos estabelecidos no país solicitaram ao sínodo dos bispos da Igreja Ortodoxa Russa no Exterior que se estabelecesse uma Sé episcopal russa, além de enviar um Bispo. A diocese brasileira foi estabelecida em 4 de setembro de 1934 e o Bispo Teodósio foi nomeado como Bispo Governante.
Através dos esforços do Bispo Teodósio foi iniciado em 1938 o projeto da então futura catedral que foi erguida com o dinheiro doado por paroquianos e pela diocese. A nova igreja foi construída em tempo recorde sendo inaugurada e consagrada em agosto de 1939.
Aos poucos a igreja foi recebendo ainda mais fiéis, especialmente após a Segunda Guerra Mundial com imigrantes da então União Soviética e China, estabelecendo-se como o principal polo de fé da comunidade russa em São Paulo.
A IGREJA HOJE
Construída no terreno que outrora foi uma propriedade rural a catedral russa pode até passar despercebida por quem anda pela Rua Tamandaré. Cercada por dois grandes edifícios, o templo também fica escondido pelas frondosas árvores existentes tanto na frente como nos fundos da propriedade.
O fundo do terreno da igreja, em declive, é repleto de árvores e plantas o que faz da área um pequeno oásis no agitado e barulhento dia a dia da região. Frequentemente a paróquia organiza feiras e festejos nesta área e a sensação é de estar em uma região afastada do centro.
Além da igreja e do amplo jardim o local comporta casa paroquial e um ossário, instalado sob a igreja, aos fundos, onde estão sepultados os restos mortais de muitos dos pioneiros russos que chegaram à capital paulista.
Quem está à frente da Catedral Russa é o Padre Constantino Bussyguin, neto de imigrantes russos e que há 36 anos é o responsável pela paróquia. De acordo com Bussyguin as missas e celebrações são realizadas tanto em russo quanto em português, variando de acordo com os fiéis presentes. Assista a seguir a entrevista com o Padre Constantino.
OUTRAS IGREJAS RUSSAS EM SÃO PAULO
A capital paulista possui outras três igrejas ortodoxas russas espalhadas pela cidade. Além da catedral e da igreja de Vila Alpina, existe a Igreja Ortodoxa Russa de São Sérgio, em Moema, e a da Nossa Senhora da Anunciação, no Ipiranga, ao lado do Museu Paulista.
Serviço:
Catedral Ortodoxa Russa de São Nicolau
Rua Tamandaré 710, Liberdade
Liturgia aos domingos às 9h30
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