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Coletivo de arte ocupa o edifício Ouro Para o Bem de São Paulo

Mostra é gratuita e acontece nos finais de semana do mês de abril

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Douglas Nascimento
São Paulo (SP)

Ocupado desde fevereiro deste ano pelo Movimento de Moradia Central e Regional (MMCR) o icônico edifício Ouro para o Bem de São Paulo, localizado no Largo da Misericórdia, região central de São Paulo, está com um evento de arte acontecendo em todos os finais de semana deste mês de abril no interior do prédio.

arte coletiva
Imagem de divulgação da exibição coletiva "Arte para o bem de São Paulo" - Divulgação

Realizado em colaboração com diversos artistas, a exibição acontece durante o mês da SP–Arte 2024 e visa ressignificar o contexto histórico e social através da arte, ao abrir para a visitação pública o icônico prédio que é símbolo da Revolução Constitucionalista de 1932.

A exibição, que em seu primeiro final de semana ocorreu apenas no 11º andar do edifício, de agora em diante estará também presente no primeiro e sexto andar, respectivamente com o mural do artista Enivo e o Expo Negro M.I.A. No térreo, junto à placa que explica como a construção deste prédio foi viabilizada encontra-se exposto uma escultura do artista Mundano.

edifício
Edifício "Ouro para o Bem de São Paulo" (centro da foto) no número 23 do Largo da Misericórdia. Fachada faz alusão à bandeira paulista e no topo há uma réplica gigante de capacete de soldado constitucionalista. - Douglas Nascimento/São Paulo Antiga

Ao todo são mais de 40 artistas expondo seus trabalhos nas mais variadas categorias de arte que vai desde o grafite, trabalhos manuais, arte urbana em geral e apresentações musicais. A visitação é gratuita mas é preciso resgatar o ingresso antecipadamente pela plataforma Sympla.

SERVIÇO:
Arte para o Bem de São Paulo
Exibição coletiva – Dias 20, 21, 27 e 28 de abril
Horário: 12:00h às 20:00h
Local: Edifício Ouro para o Bem de São Paulo
Largo da Misericórdia, 23 – Sé
Centro Histórico de São Paulo
Ingressos Sympla, clique aqui.

SOBRE O EDIFÍCIO

A história deste ícone da arquitetura art déco paulistana começa anos antes de sua existência, precisamente em 1932. A verba utilizada em sua construção é o saldo da arrecadação da campanha "Ouro para o Bem de São Paulo" ocorrida naquele ano, durante a Revolução Constitucionalista, que arrecadou não apenas o precioso metal, mas dinheiro e jóias entre a população paulista para capitalizar o exército de São Paulo, a compra de armamentos e o tratamento de feridos durante o conflito.

Entretanto, finda a contenda, que durou apenas 3 meses, surgiu a discussão do que fazer com o restante dos valores arrecadados durante a revolta paulista. Após algum tempo de incertezas e cobranças da imprensa, foi decidido doar o dinheiro que sobrou para a Santa Casa de Misericórdia, que empregou os valores na construção do edifício.

projeto de prédio
Arte do projeto do edifício "Ouro para o Bem de São Paulo" inaugurado em 1939. - Divulgação

Projetado pelo escritório Severo & Villares e erguido pela Cia. Construtora Camargo & Mesquita, o edifício foi idealizado para que sua fachada imitasse a bandeira do Estado de São Paulo tremulando, sendo que no topo da edificação foi construída uma réplica, em tamanho gigante, de um capacete de soldado constitucionalista. Ao todo o edifício tem 13 andares, em alusão as 13 listas da bandeira paulista e possui três elevadores. Sua inauguração ocorreu em 1939.

De uso estritamente comercial o prédio se caracterizou por abrigar escritórios de empresas, instituições e profissionais liberais, mas nos últimos anos veio enfrentando perda de inquilinos, tanto pelo péssimo estado de conservação da fachada, quanto pelo processo de degradação do centro histórico de São Paulo, que afugentou muitas empresas da região, deixando diversos prédios completamente vazios.

FALTA MANUTENÇÃO

Nos últimos meses o edifício já estava quase que completamente desocupado e, há anos, encontra-se em péssimo estado de conservação. Entre os pontos mais preocupantes trata-se da própria fachada que, sem qualquer tipo de manutenção, constantemente ocorria casos em que fragmentos do acabamento se desprendiam em direção ao chão, com risco de atingir pedestres. Sem verba para reforma a Santa Casa optou pela instalação de um anteparo de madeira, que apenas resolveu parcialmente o problema.

No topo do edifício, outro exemplo que evidencia o descaso com o patrimônio histórico, pela Santa Casa, é a réplica em tamanho gigante de capacete de soldado constitucionalista. No interior do prédio, ao menos, as condições estão melhores do que o lado externo.

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