No início de julho foi lançada a "Agenda Mais SUS: Evidências e Caminhos para Fortalecer a Saúde Pública no Brasil". A Agenda é uma realização do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e Umane, e tem o objetivo de contribuir com o debate público eleitoral a partir de diagnósticos e propostas concretas para o aprimoramento do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao total, são apresentados seis caminhos, sendo um deles destinado à saúde mental, construído em parceria com o Instituto Cactus, a partir de quatro grandes propostas a serem priorizadas pelos próximos governantes visando a valorização e a promoção da Saúde Mental.
"Caminhos para Fortalecer a Saúde Pública no Brasil": baixe o documento de propostas na íntegra aqui.
Premissas de Construção
A inclusão da saúde mental como um dos eixos estruturantes deste conteúdo programático para o Poder Executivo partiu de algumas premissas norteadoras:
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Existe dificuldade de acesso a serviços de saúde mental no país e o cuidado se dá de forma significativamente desigual entre a população. No caso da depressão, por exemplo, a prevalência é maior entre mulheres e pessoas de menor renda, ao passo que o acesso a tratamento é menor na população negra quando comparado com pessoas brancas;
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Existe uma lacuna de avaliação de impacto das políticas públicas em saúde mental, corroborado por uma dificuldade de acesso a dados atualizados e publicizados do Poder Executivo;
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É preciso compreender a saúde mental como um fenômeno multicausal e, por isso, precisamos de um olhar interdisciplinar para o tema;
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Olhar para crianças e adolescentes é essencial para se fazer prevenção. Este é um público particularmente impactado pela a pandemia e negligenciado nas políticas públicas atuais e;
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A priorização da saúde mental dentre as políticas de saúde é necessária. Inclusive, tal priorização é recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) para minimizar as consequências da pandemia na população e é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na Agenda 2030 para assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas as pessoas.
Para chegar nas propostas destacadas abaixo, o Instituto Cactus e o IEPS se somaram a um grupo de especialistas com experiência nos três níveis de governo, que trabalharam em conjunto para produzir consensos na área. Roberto Tykanori (ex-Coordenador Nacional de Saúde Mental), Daniel Elia (Coordenador de Atenção Psicossocial do Estado do Rio de Janeiro), Chenya Coutinho (ex-Coordenadora de Saúde Mental de Aracaju/SE) e Giovanni Salum (ex-Coordenador de Saúde Mental de Porto Alegre/RS) integraram este grupo.
Por meio de políticas públicas que promovam o respeito às diferenças e garantam os direitos humanos, nos aproximamos de uma sociedade menos estigmatizante e preconceituosa. Para alcançar esse objetivo, destacamos, dentre outras propostas, a necessidade de aumentar significativamente o orçamento público destinado à saúde mental; o apoio técnico e financeiro para a promoção da desinstitucionalização; a viabilização da Conferência Nacional de Saúde Mental; a implementação de Conselho Gestor nos serviços de saúde mental, com representação usuários; a geração de emprego e renda para pessoas com transtorno mental; a indução da formulação de uma Política Nacional de Habitação que priorize os mais vulnerabilizados; e a priorização do público das crianças e adolescentes, por meio de políticas específicas e da participação desse público no debate e formulação de políticas públicas.
As propostas de Saúde Mental, bem como toda Agenda Mais SUS, receberam o apoio também do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário (CEPEDISA), Instituto Veredas, Vital Strategies, República.org, Impulso Gov e da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS). Esse é apenas o início da criação de uma rede em defesa do fortalecimento do SUS, que se diferencia por incidir antes, durante e depois das eleições. São propostas concretas que foram elaboradas a partir da necessidade de resposta aos atuais desafios do sistema e de análises de viabilidade técnica e política de implementação futura.
Não podemos melhorar a saúde dos brasileiros sem olhar para a saúde mental. A partir de propostas formuladas coletivamente, pretendemos impactar novos gestores públicos, parlamentares e decisores, que poderão, em seus mandatos, garantir direitos e o cuidado para todos e todas, sem restrições.
>> Para sugestões de pauta, parcerias e comentários, entre em contato através dos e-mails contato@ieps.org.br e contato@institutocactus.org. Até o próximo Saúde Mental em Pauta!
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